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60 DIAS DO ASSASSINATO DE MARIELLE FRANCO | Caso Marielle: gravações mostram envolvimento de vereador com milícias

Passados 60 dias da execução da vereadora Marielle Franco, investigações da polícia ainda não conseguiram produzir provas conclusivas. Entretanto, novas evidências comprovam o envolvimento do também vereador Marcelo Siciliano -apontado por testemunho como um dos responsáveis pelo crime - com milícias da zona oeste do Rio de Janeiro.

segunda-feira 14 de maio de 2018 | Edição do dia

Imagem: Alma Preta

No dia de hoje (14) completam-se 60 dias do assassinato da vereadora Marielle Franco, e a pergunta "quem matou Marielle?’ permanece sem resposta. Em dois meses de investigações poucos são os avanços conclusivos que a polícia do Rio conseguiu. Pelo contrário, a investigação patina demonstrando vários "erros". Ainda assim, as investigações da polícia apontam para a ação de milícias. Essa linha de investigação ganhou ainda mais força com a comprovação, por meio de gravações, de que o também vereador Marcelo Siciliano (PHS) possui ligações com o miliciano Orlando Oliveira de Araújo, conhecido como Orlando Curicica.

Marcelo Siciliano já havia prestado depoimento em relação ao caso, juntamente com outros vereadores, quando dois dias depois um de seus assessores foi brutalmente executado dentro de seu carro, algo que foi interpretado como uma tentativa de queima de arquivo. Após isso, na última terça feira (8), um novo testemunho apontou diretamente Siciliano e Orlando Curicica como mandantes do crime.

Rapidamente foram veiculadas pela mídia gravações de ligações que comprovam o envolvimento do vereador do PHS com o chefe da milícia. Em uma das ligações o miliciano pede ao vereador que interceda no batalhão 31, para que haja uma operação em sua área de influência, após a morte de um de seus homens na região; já em outra chamada é o parlamentar que pede ajuda a Orlando para inauguração de um projeto social na área da milícia.

As suspeitas de participação de um vereador e de um miliciano, ex-PM, demonstram o evidente envolvimento do Estado nessa execução. As investigações prosseguem buscando minimizar a participação do estado nesse crime, enquanto tentam restringir a responsabilidade a atores isolados. Entretanto, são evidentes os vínculos entre Estado e milícia, o que se busca ocultar nas investigações é a profundidade desses laços. A única maneira de assegurar que as investigações busquem de fato a verdade por detrás desse crime estatal, é exigir uma comissão de averiguação independente com os parlamentares do PSOL, organismos de direitos humanos, representantes dos sindicatos, intelectuais especialistas na crise social do Rio de Janeiro e outros setores que tenham legitimidade popular com garantia, por parte do Estado, dos recursos para trabalhar, acesso aos arquivos de investigação, contratação de peritos independentes, participar das produções de provas, entrevista com as testemunhas e ter acesso a todo o tipo de informação. Sem isso, vão pesar os milhares de laços que tem a polícia e a justiça com este crime e vai primar a impunidade.




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