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Nem com a oposição de direita (dia 16), nem com o governo (dia 20) | Sintusp aprova chamado a um terceiro ato

sábado 8 de agosto de 2015 | 01:36

Nesse mês de agosto, mais uma vez, os setores de direita organizados da sociedade convocam uma manifestação pedindo o impeachment da presidenta Dilma. Buscando canalizar a insatisfação das massas com o governo do PT – que ontem atingiu o nível mais baixo de popularidade do que qualquer outro presidente na história (8%) – a tradicional elite brasileira, articulada em torno do PSDB, também está convocando as manifestações do dia 16 de agosto.

Do lado do governo impopular e anti-operário do PT, lavado pelo escândalo de corrupção da Petrobrás e encabeçador das medidas de ajuste que afetam o salário, o emprego e as condições de vida do trabalhador e da juventude, organizações sindicais, estudantis e sociais ligadas ao PT e ao seu fiel escudeiro, PCdoB, a CUT, a UNE e o MST estão convocando uma manifestação “em defesa de mais direitos e por democracia” para o dia 20 de agosto.

Estas organizações utilizam o termo democracia para sustentar a presidenta Dilma diante não só das manifestações da direita organizada, mas principalmente da insatisfação das massas populares e trabalhadoras. Não à toa a CUT é a principal implementadora do ajuste que reduz horas de trabalho e salário do trabalhador em benefício da manutenção do lucro do empresário, o PPE (Plano de Proteção ao Emprego).

Infelizmente, o MTST vem tendo uma política de se adaptar a este campo de sustentação do governo Dilma. Se isso não chegou a ser um problema nos dias 15 de abril e 29 de maio, que foram dias de luta, este ato do próximo dia 20 tem uma mudança de qualidade, serão mais claramente de defesa do governo. Por sua vez, as correntes do PSOL, apesar de ter uma delimitação política mais clara em relação ao governo e ao PT, não tem levado essa política de maneira consequente para a ação, que no caso deste ato, significaria não compor e lançar uma política independente.

Desde o início do ano, o Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) tem defendido uma política independente dos trabalhadores, contra o governo anti-operário do PT e contra a oposição de direita. Dizendo chega de Dilma, PT, PSDB e PMDB! E, com essa posição crítica, participou, se diferenciando, das duas paralisações nacionais chamadas pelas Centrais Sindicais dirigidas pelo governismo que possuíam conteúdos progressistas, como o combate as MP’s e ao PL4330.

Frente a essa situação, o Conselho Diretor de Base (CDB) do SINTUSP, reunido no dia 07/08, discutiu a posição dos trabalhadores da USP sobre esses atos. Magno de Carvalho, Diretor do SINTUSP disse que “a nossa Central Sindical, CSP-Conlutas, e consequentemente nosso sindicato, que é filiado a ela, fomos convidados pelos setores que estão convocando o ato do dia 20 para participar desse ato. Nossa posição tanto enquanto Central, como foi discutida aqui no Conselho de Base do Sindicato, foi de que nós não devemos nem participar do ato da direita histórica do dia 16 e nem desse ato do dia 20, que é um ato governista de defesa da Dilma, que agora esta sendo ameaçada de impeachment por essa direita. Um governo que tira direito e ataca os trabalhadores, além de toda a corrupção que estamos vendo nesse país”.

A partir dessa posição, o CDB aprovou um chamado (reproduzido abaixo na íntegra) às organizações de esquerda anti-governistas, para a construção de um terceiro ato, independente do governo e da oposição de direita, que busque fazer emergir um pólo de esquerda, classista e anti-burocrático, que sirva de alternativa para a insatisfação das massas contra o governo da Dilma. Ainda segundo Magno “devemos construir uma alternativa de classe, dos trabalhadores, e nesse momento construir um ato, um terceiro ato. Esse sim, um ato dos trabalhadores em defesa dos seus direitos. Contra a Dilma, contra Aécio Neves, contra todos esses picaretas que estão aí defendendo o interesse da burguesia, da classe que eles pertencem. Essa é a nossa posição”.

Bruno Gilga, também Diretor do SINTUSP, comentou ainda que “aprovamos no CDB de buscar o Sindicato dos Metroviários, a Oposição Alternativa da APEOESP, as oposições sindicais bancárias, ecetistas, industriais e de outras categorias dirigidas pela esquerda-anti-governista para tornar real essa perspectiva de pólo em São Paulo. O Espaço Unidade de Ação aprovou a construção de Plenárias Regionais, e essa iniciativa do Sintusp tem como intuito efetivar ações que façam emergir essa terceira via. E acreditamos que o chamado a um terceiro ato, nesse momento, seria um fermento que poderia potencializar esse pólo de independência de classe. O PSOL e o MTST deveriam fortalecer este pólo e não o ato do dia 20 ao lado do governo”.

Nem com o governo antioperário do PT, nem com a oposição de direita! Por uma alternativa independente dos trabalhadores!
Chega de Dilma, PT, PMDB, PSDB e todos os corruptos!

Desde março nossa categoria vem participando de ações unitárias dos trabalhadores carregando essas palavras de ordem. Frente às manifestações convocadas para Agosto, é fundamental manter essa posição de independência.

De um lado, no dia 16, uma manifestação convocada por Aécio Neves e PSDB e pela oposição de direita ao governo. Querem capitalizar politicamente a insatisfação popular com o governo. Mas o que defendem é manter e aprofundar os ataques aos direitos dos trabalhadores, porque representam os empresários e banqueiros. Falam contra a corrupção, mas estão igualmente envolvidos nos mesmos escândalos.

De outro lado, no dia 20, a CUT, a CTB, a UNE e o MST lideram, junto a outras organizações como o MTST, uma manifestação com o lema "Tomar as ruas por direitos, liberdade e democracia! Contra a direita e o ajuste fiscal!". Falando de democracia, e levantando reivindicações justas de forma genérica, o objetivo dessa marcha é blindar Dilma e o governo contra a direita, mas também contra a insatisfação dos trabalhadores e da população. Não à toa o chamado do ato sequer cita o nome de Dilma, suas MPs 664 e 665 que retiram direitos trabalhistas, ou o PPE, que reduz salários, ou seja, enormes ataques aos trabalhadores, que são uma das maiores causas da insatisfação com o governo.

Esse ato não será como as paralisações nacionais, das quais participamos, ainda que muito criticamente. Não são ações dos trabalhadores com reivindicações claras e corretas, como barrar o PL da terceirização e as MPs de Dilma. As centrais que convocam o ato são as autoras e implementadoras de um dos ataques recentes, o PPE, e o ato fala em geral de direitos e "democracia" para defender o governo.

Devemos manter a independência de classe dos trabalhadores, e pra isso nosso lugar não é nem no ato da direita, nem no ato que defende o governo. O que precisamos é de uma alternativa independente. A CSP-Conlutas vem defendendo essa posição, e é uma tarefa urgente de todos os sindicatos, oposições sindicais, movimentos sociais e organizações políticas anti-governistas construir um polo independente com essa perspectiva, contra os ataques aos trabalhadores implementados conjuntamente pelo governo e pela direita, em apoio a todas as lutas dos trabalhadores em curso. Com a repercussão dos atos chamados pela direita e pelas organizações governistas, a convocação de um terceiro ato, com independência dos trabalhadores, teria grande visibilidade, chamaria atenção para essa terceira posição e ajudaria muito a fazer emergir nacionalmente esse polo independente alternativo ao governo, à direita e à burocracia sindical. Chamamos essas organizações a discutir a convocação deste terceiro ato.

(Foto: Assembleia durante a greve de 2014)




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