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América Latina | Segundo dia de protestos na Argentina contra medidas de ajuste de Milei

Após a declaração em rede nacional do presidente Javier Milei, nesta quarta-feira, 20 de dezembro, protestos auto-organizados ocorreram em diversos pontos do país. Na quinta-feira a raiva continuou se expressando nas ruas.

sexta-feira 22 de dezembro de 2023 | Edição do dia

Pelo segundo dia consecutivo, na cidade de Buenos Aires e em diferentes partes do país, foram realizados protestos contra o autoritário e ajustadorDecreto de Necessidade e Urgência (DNU) de Javier Milei, que se soma à desvalorização da moeda de quase 100% na semana anterior e a nacionalização da dívida externa privada. O DNU é um pacote de ataque que revoga até 300 leis para liberalizar e desregulamentar a economia. Entre as medidas estão: reforma trabalhista e proibição do direito de greve para grandes setores de trabalhadores, a revogação da Lei dos Aluguéis, a conversão de todas as empresas estatais em empresas públicas para depois privatizá-las, a eliminação da Lei de Promoção Industrial e importantes reformas ligadas à saúde.

Diante do ataque, os protestos retomaram um método nascido no processo de mobilização de 2001 que derrubou o ex-presidente Fernando De la Rúa, conhecido como "panelaço" quando a população usava panelas e colheres como tambores simbolizando a fome que passavam.

Cidades de Buenos Aires, La Plata, Rosário, Córdoba, Río Negro, Mendoza, Jujuy, Mar del Plata, Morón, Laferrere, San Miguel, entre outros lugares, registram atualmente protestos com fechamento de ruas, que desafiam o recentemente divulgado “protocolo anti-piquetes” da Ministra da Segurança Patricia Bullrich.

Ela apresentou um novo protocolo de segurança para evitar protestos sociais com fortes ameaças às organizações sociais com a remoção dos planos sociais para quem bloquear uma rua. Esta política anticonstitucional de avanço repressivo e criminalização dos protestos mostrou todos os seus limites na tarde de quarta-feira, 20 de dezembro, durante a comemoração do levante popular de 2001: o governo não pôde impedir a mobilização das organizações sociais, dos sindicatos e da esquerda para a Plaza de Mayo e depois milhares que saíram à noite nos panelaços.

Nesta mesma quarta-feira, às 21h, o presidente Javier Milei anunciou o decreto em rede nacional, que representa um ataque total contra a classe trabalhadora e os setores populares. O direito à greve, às verbas rescisórias, ao trabalho registrado, são alguns dos que seriam afetados se se deixa passar esse decreto. Também se revoga a lei dos aluguéis, abre-se a porta à privatização das restantes empresas estatais e estabelece-se toda uma série de medidas de entrega da soberania. Num “decretaço” de ajuste, entrega e repressão.

Assim que terminou a fala em cadeia nacional, setores da população começaram a sair às ruas para rejeitar o DNU, ignorando a ameaça repressiva que o Governo já tinha implantado contra a mobilização de organizações sociais, sindicatos e esquerda anteriormente.

Em Buenos Aires, houve protestos nos bairros Boedo, Recoleta, Balvanera, Villa Crespo, La Boca, San Cristóbal, Saavedra, Flores, Lugano, Parque Chacabuco, Parque Centenario, Parque Patricios, San Telmo, Barracas, Lugano, Caballito, Congreso e outros.

Na quarta-feira, dia 20, também ocorreram protestos em Lanús, Morón, La Matanza, Avellaneda, La Plata e Rosário.

Em muitos protestos, tanto quarta quanto quinta, os manifestantes exigem uma paralisação geral e cantam pela “unidade dos trabalhadores”. Também ressoa o canto “onde está, que não se vê, essa famosa CGT (Central Geral dos Trabalhadores)?”

Na Capital Federal, de vários bairros, milhares de pessoas marcharam, entre a madrugada de quarta e a madrugada de quinta, em direção ao Congresso Nacional. Este ponto voltou a ser o epicentro do protesto na noite desta quinta-feira.

A raiva contra o ajuste e a repressão continua a se expressar nas ruas. A resistência começou. É necessário uma paralisação nacional e um plano de luta para derrotar esses ataques.




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