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ELITISMO NO RIO | Ódio aos pobres e racismo em campanha nas redes sociais contra esmola no Rio

Simone IshibashiRio de Janeiro

terça-feira 12 de setembro de 2017 | Edição do dia

Uma campanha odiosa veio à tona nas redes sociais. A partir de páginas de facebook chamadas Alerta Ipanema, Copacabana, Botafogo e Gávea um chamado a fazer “gritaria” contra quem fosse visto dando comidas aos moradores de rua da região escancara ódio aos pobres.

"Pessoal, a Subprefeitura da Zona Sul e a Guarda Municipal têm retirado essas pessoas e encaminhado aos abrigos, mas vocês percebem que eles sempre voltam? Não vão para Santa Cruz, nem para Nova Iguaçu, Campo Grande. Eles vêm para Ipanema. Por que será? Nascer ali eles não nasceram. Vêm porque tem algo de bom. Esse algo de bom são as pessoas que dão esmola e comida. Eu já faço, mas preciso da ajuda de vocês. Quando virem alguém dando comida ou esmola, chamem atenção. Façam gritaria, mostrem a todos que estiverem passando que aquela pessoa está contribuindo para que tenhamos mais mendigos no bairro. Só assim ficam constrangidas e param", diz a postagem.

Todas as páginas de facebook que emitiram esse chamado para hostilizar aqueles que não têm o que comer e onde morar, são administradas por um indivíduo chamado Pedro Fróes, que se deu o direito de falar em nome desses bairros, já que as páginas que mantém não tem qualquer relação com as associações de moradores dos locais. Pedro Fróes também administrava a página "Alerta Leblon", que fez postagem racista no início do ano, e o site Justificando apontou que recebia financiamento de empresas privadas para espalhar suas postagens de preconceito nas redes.

Felizmente a maioria dos comentários nas reacionárias postagens demonstram repúdio às declarações que ali estão. Há inclusive um que sugeriu uma manifestação de entrega em massa de comida aos moradores de rua da região.

Procurado pela reportagem do site de notícias do UOL, Pedro Fróes não contente com declaração acima citada, ainda afirmou: “Desafio qualquer pessoa ou grupo a ir a esses bairros e, em vez de dar comida ou esmola, ofereçam trabalho. (...) Se essas pessoas se juntassem e fossem mudar a vida daquelas pessoas, alguma coisa poderia acontecer. Mas te garanto que essas pessoas de rua não querem". Afirmou ainda que os moradores de rua são “esmoleiros profissionais”.

Não é isso que os dados indicam. O estado do Rio de Janeiro que segue imerso numa profunda crise, é o campeão de perdas de postos de trabalho do país. De cada três demitidos no país nos últimos dois anos, dois são do Rio de Janeiro. Filas quilométricas para preencher vagas precárias e escassas no Rio de Janeiro são cada vez mais comuns. Além disso, o número de moradores de rua com curso superior cresceu 75% em 1 ano no Rio de Janeiro. Muitos dormem no centro e nos bairros da zona sul acima citados para não gastaram com a condução ou aluguel, e seguirem procurando trabalho. São quase 15 mil pessoas nessa situação na cidade do Rio de Janeiro.

Essa situação demonstra ainda mais a urgência de que os capitalistas, que criaram a crise do estado do Rio de Janeiro, paguem por ela. A taxação às grandes fortunas, o não pagamento da dívida pública, e a expropriação das empresas envolvidas nos escândalos de corrupção são algumas das medidas mais importantes, para que o estado saia dessa crise e existam vias de responder em profundidade o problema da pobreza, falta de moradia e do desemprego.




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