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CRISE ECONÔMICA E AJUSTES | Nova previsão de queda no PIB para -3,10%

O governo reviu projeção de queda no PIB de - 2,40% para - 3,10%, a maior queda detre as 12 maiores economias do mundo. O números apontam para mais ajustes fiscais contra os trabalhadores e os mais pobres.

sábado 21 de novembro de 2015 | 00:00

O governo prevê um recuo ainda maior na atividade econômica neste ano. De acordo com o Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do quinto bimestre, divulgado nesta sexta-feira, 20, pelo Ministério do Planejamento, a projeção oficial é de recuo do PIB de 3,10%, ante uma queda de 2,44% prevista no documento anterior.

De acordo com o relatório, a previsão é compatível com os parâmetros de mercado, que mostra expectativa equivalente no boletim Focus apresentado nesta semana pelo Banco Central. O relatório prevê ainda que o IPCA deverá encerrar este ano em 9,99%, contra projeção anterior de 9,29%. Para a taxa de câmbio média, a estimativa passou de R$ 3,25 para R$ 3,35 e, para a Selic média, de 13,30% para 13,29%.

Déficit fiscal

Mesmo sem ter a mudança na meta aprovada pelo Congresso Nacional, o governo divulgou o relatório com a previsão de um déficit de R$ 51,824 bilhões. O número se refere à proposta de alteração da meta enviada pelo governo em outubro, que fixa o déficit primário para o setor público consolidado para 2015 em R$ 48,9 bilhões, equivalente a -0,85% do PIB, sendo um déficit de R$ 51,8 bilhões para o Governo Central. Esse número, porém, poderá chegar a R$ 120 bilhões se incluir o acerto das "pedaladas" fiscais ainda este ano.

Na prática, a meta em vigor neste momento é a de superávit de R$ 66,3 bilhões, mas o governo conta com a aprovação da mudança para não descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Déficit no INSS

O governo aumentou em R$ 4,208 bilhões a previsão para o déficit do INSS neste ano, que passou de R$ 82,181 bilhões para R$ 86,389 bilhões. A previsão de receitas foi reduzida em R$ 3,613 bilhões, enquanto a estimativa de despesas subiu R$ 594 milhões.

Para cobrir este déficit ( e o déficit na previdência), gerado pela própria drenagem de recursos públicos do país para o pagamento da dívida externa, o governo vetou recentemente o reajuste das aposentadorias atrelado ao salário mínimo, mais um corte que afeta os trabalhadores.

Privatizações: o ajuste para atingir a meta fiscal

Em decreto nesta sexta-feira, 20, a presidente Dilma Rousseff e o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, reduziram o Orçamento de Investimentos de 2015 da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) em R$ 243,673 milhões.

Nos últimos anos, a Infraero vem reduzindo o ritmo de seus investimentos. Até agosto deste ano, a estatal executou apenas 39,1% do orçamento para esses gastos, ante os 55,9% observados no mesmo período de 2014. A empresa, que administra 60 aeroportos no País, tenta reequilibrar suas contas, atualmente deficitárias, sobretudo, pela perda de receita decorrente da concessão de cinco grandes terminais: Guarulhos, Campinas, Brasília, Galeão e Confins.

A Infraero é mais um exemplo de privatização a conta gotas do governo do PT, o processo começa com as concessões da administração de aeroportos antes públicos para a iniciativa privada e avança para o corte de investimentos e novos leilões. Tudo para atender ao objetivo de maiores gastos públicos para atingir a meta fiscal, agrandando bancos e empresários. Este é o mesmo projeto de privatização que esta sendo empurrado para a Petrobrás e que encontrou resistência com a recente luta dos petroleiros em todo o país.

O PIB do Brasil no mundo

Entre as 12 maiores economias e blocos econômicos do mundo com previsões no novo relatório "Global Economics Analyst", produzido pelo Goldman Sachs, o Brasil é o único que deve registrar queda do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016. Para o banco, todos os demais países devem ter crescimento no próximo ano. Até mesmo a Rússia - país que divide com o Brasil o posto de pior desempenho do G-20 - deve voltar a registrar expansão no próximo ano.

De acordo com o relatório divulgado nesta quinta-feira, 19, em Londres, a economia brasileira seguirá em recessão no ano da Olimpíada no Rio de Janeiro, quando terá contração de 1,6%. Na tabela das previsões do Goldman Sachs, o Brasil é o único com números negativos no próximo ano. Todas as demais previsões mostram estimativas em azul.

A Rússia, país que deve ter contração do PIB de 3,5% neste ano, caminha para a recuperação e deve ter expansão da economia de 1,5% no próximo ano, prevê o banco. Outros grandes emergentes terão desempenho muito superior ao esperado para o Brasil: Índia terá avanço de 7,8% e China, de 6,4%.

No grupo dos desenvolvidos, não há nenhum país com números negativos. Os Estados Unidos devem crescer 2,2% em 2016, o Japão terá avanço de 1% e o conjunto da zona do euro, de 1,7%, prevê o Goldman Sachs. Entre os europeus, o crescimento deverá ser liderado pelo Reino Unido (com 2,7%) seguido pela Espanha (2,5%), Alemanha (1,8%), Itália (1,6%) e a França (1,4%).

Estes números globais que revelam a perspectiva dos banqueiros para a economia mundial, apontam aqui no Brasil para maiores pressões dos bancos e empresários, por maior ajuste fiscal, aperto nas contas públicas e gastos sociais, isto tudo a ser feito contra os trabalhadores, com arrocho salarial, inflação e desemprego, para que assim os capitalistas protejam seus lucros com o suporte do governo de Dilma e Levy.




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