Milhares foram às ruas ontem no Peru. Ocorreram manifestações em Lima, Tacna, Arequipa, Ayacucho, Puno, Trujillo e várias outras localidades.
terça-feira 26 de dezembro de 2017 | Edição do dia
Baseado em postagem em rede social de Diana Assunção e matéria em espanhol da rede internacional de diários do Esquerda Internacional
Os peruanos tomam as ruas para protestar contra o indulto concedido ao ex-ditador Fujimori poupando-o de uma pena de 25 anos de prisão por diversas violações aos direitos humanos.
Fujimori foi perdoado pelo atual presidente PPK em um acordo de bastidores para livrá-lo do impeachment por diversas acusações de corrupção nos desdobramentos internacionais da Lava Jato.
Para se salvar PPK libertou o ex-ditador, responsável por mortes de dirigentes sindicais, por uma política de esterilização forçada de mulheres, corrupto e agente do imperialismo na região.
Manifestações
A maior manifestação aconteceu em Lima, capital do país, onde milhares foram as ruas. A polícia atacou a manifestação com gás lacrimogênio tentando dispersá-la.
Os manifestantes exigem anular o indulto presidencial que concede impunidade. Fujimori foi condenado com autor mandante (com domínio do fato) do assassinato de 25 pessoas nas matanças de Barrios Altos (1991) e La Cantuta (1992). Essas chacinas foram feitas pelo grupo militar Colina. O ditador também foi condenado pelos sequestros de um jornalista e de um empresário no mesmo ano de 1992.
Mal menor e luta independente
A juventude e setores de trabalhadores não se calaram diante da manobra absurda de PPK e estão indo às ruas exigindo a revogação do indulto, bem como esta mobilização se mistura a mobilizações de dias anteriores exigindo a saída do mandatário que foi vendido aqui em nossas terras como "mal menor" diante do fujimorismo. Vemos mais uma vez a onde o mal menor leva: ao perdão dos assassinos e golpistas.
Poucas horas depois das manifestações já vi mais de um jornalista ligado ao petismo mostrando o exemplo de PPK para Dilma, que segundo eles deveria ter comprado o apoio do chantagista Cunha, e portanto se manter no poder às custas de ela aplicar mais ataques do que já vinha fazendo.
Na cabeça destas pessoas a luta independente da classe trabalhadora não existe, só existe a conciliação com a direita e aí medem quem melhor concilia.
Mas não é bem isto que querem os trabalhadores peruanos.
Aqui como lá a resposta à crise exige uma posição política independente, não será das mãos da Lava Jato ou de velhas e novas direitas que se erguerá uma resposta contra o fujimorismo mas também contra outras variantes da classe dominante peruana. Para se enfrentar com a direita aqui, como lá, é preciso superar os limites colocados pelos conciliadores.
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