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COMPLEXO DO ALEMÃO | Manifestação no Complexo do Alemão grita "Fora UPP"!

Juan ChiriocaRIO DE JANEIRO

sábado 4 de abril de 2015 | 22:40

Em meio ao feriado da Semana Santa, moradores do complexo do Alemão junto a ativistas realizaram na manhã deste sábado, 04 de abril, um ato com mais de 400 pessoas na entrada da favela da Grota, no próprio Complexo do Alemão, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Protestaram contra a ação hostil da Polícia Militar, que em menos de uma semana acabou com a vida de 4 pessoas, incluindo um menino de 10 anos, Eduardo de Jesus Ferreira. O ato encerrou-se na praça 24 de Outubro em Inhaúma.

Diferente das manifestações, em que a polícia militar reprimiu fortemente com spray de pimenta e bombas de efeito moral para dispersar o ato, desta vez a "cidade subiu". Houve grande presença da mídia, coletivos de ativistas e da anistia internacional, que fizeram com que a situação não fosse favorável para a violenta e dura repressão que a polícia militar do Estado do Rio de Janeiro costuma fazer nas favelas.

O deputado estadual Marcelo Freixo, que também esteve presente no ato, declarou para o Esquerda Diário que "o fracasso da política de segurança não é medido só por essas mortes. Essas mortes sem dúvida alguma agravam demais a situação. O fracasso vem da falta de diálogo".

Durante o ato a mãe de Eduardo, Terezinha Maria de Jesus, pediu para que a Polícia Militar deixe o Complexo do Alemão. "Quero que essa polícia pacificadora seja arrancada daqui imediatamente, porque eles estão matando os inocentes... essa polícia assassina que tirou a vida do meu filho. Esses covardes". Pedindo às pessoas que se mobilizassem para expulsar a polícia militar das favelas, declarou que "Antes deles não existiam essas coisas. Um assassino desgraçado tirou a vida do meu filho", e assegurou que Eduardo foi assassinado porque um dos policiais confundiu o telefone celular na mão do menino com uma arma.

Logo após isto, Terezinha entrou em desespero quando uma viatura da PM que passou pelo local. A mãe de Eduardo, revoltada, lançou seu telefone celular em direção à viatura chamando repetidamente os policiais de assassinos.

Duas moradoras do Complexo, que pediram para não serem identificadas nem filmadas por temor as represálias por parte da PM, criticaram as políticas do Estado dentro das comunidades: "ha muito tempo acontece, desde quando eles (a UPP) entraram. Porque o poder público pôs eles aqui dentro, mas não entrou com o social. Quando você não entra com o social, você não entra com nada. Nós somos moradores, queremos direito de ir e vir, queremos direito de nossos filhos à escola, à educação, ao lazer, à cultura, e isso está nos sendo tirado".

Quando consultadas sobre a morte do menino Eduardo, afirmaram que isto nunca aconteceu no Complexo do Alemão. "Isso ai está sendo uma fatalidade, eu tenho filhos, eu chorei, eu tenho filho de 17 anos, meu filho não sai, não curte, porque eu tenho medo de algo acontecer com meu filho... Uma criança de 10 anos ser brutalmente assassinada, coisa que nunca aconteceu no complexo do Alemão, uma criança de 10 anos ser brutalmente assassinada e eles falarem que foi bala perdida. Não! Nessa hora NÃO estava havendo troca de tiro no Complexo do Alemão, não estava. Isso tem que acabar!!".

Sobre a presença da Polícia Militar dentro da comunidade, denunciam forte assédio sobre os moradores: "Minha mãe mora ai dentro. Se meu filho quer subir é abordado, toma tapa na cara, leva nome de bandido, de traficante, pegam as crianças, batem. Isso tem que acabar. Nós somos mulheres casadas, levamos nomes de piranha, eles (os policiais) chamam a gente de piranha, vagabunda, de puta.

Desde quinta-feira, 02 de abril, dia em que Eduardo de Jesus foi assassinado na porta de casa, os moradores do Alemão têm protestado e pedem paz e a saída da Polícia do Complexo do Alemão, que foi ocupado pela UPP desde 2010. Além do menino de 10 anos, mais 3 vítimas morreram durante operação policial no conjunto de favelas.

Em meio a fortes cortes em todas as secretarias do estado, incluindo a Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) se manifestou lamentando a morte do menino, ao mesmo tempo em que reivindica a política assassina de segurança implantada nas favelas do Rio desde 2008.

A presidente Dilma Rousseff, por sua vez, se solidarizou com as famílias das vítimas e cobrou que as mortes sejam esclarecidas. Mas com uma investigação feita pela própria PM os culpados continuarão em liberdade e assassinando a população pobre e negra do Rio de Janeiro.

O portal Esquerda Diário abre seus espaço pra que moradores escrevam, contem suas denúncias e opiniões. Nós defendemos que todos os crimes da polícia sejam julgados por júris populares, como passo para ter um julgamento minimamente correspondente à população, para acabar com a impunidade da Polícia Militar no Rio de Janeiro e no Brasil.




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