Por 4 votos de diferença e depois de uma sessão de maratona que durou mais de 20 horas, o projeto de legalização do aborto obteve uma meia sanção em deputados. O projeto prevê a interrupção voluntária da gravidez até a 14ª semana de gestação.
Andrea D’Atri@andreadatri
quinta-feira 14 de junho de 2018 | Edição do dia
Por 4 votos de diferença e depois de uma sessão de maratona que durou mais de 20 horas, o projeto de legalização do aborto obteve uma meia sanção em deputados. Em torno do congresso, ainda uma multidão de jovens permaneceu após uma longa vigília e comemorou com gritos, canções e lágrimas de emoção. Na semana que vem, poderá ser tratado no Senado.
Sem dúvida, foram essas centenas de milhares de pessoas, a maioria mulheres, adolescentes e meninas, que não pararam de marchar para o Congresso desde o meio dia de quarta-feira 13, que arrancaram isso com sua persistência e decisão.
Histórica votación en Diputados: la marea verde consiguió media sanción para #AbortoLegal pic.twitter.com/SrMFrT53L2
— Andrea D'Atri (@andreadatri) 14 de junho de 2018
A iniciativa, aprovada com 129 votos a favor, 125 contra e uma abstenção, teve até o último momento um fim incerto para as posições opositoras tanto do partido no poder quanto da oposição, já que os líderes do Cambiemos e do Peronismo deram liberdade de consciência dentro de seus blocos.
Houve uma confusão na votação, quando dois deputados disseram que haviam votado de forma negativa e seu voto foi positivo, embora não tenha influenciado o resultado final.
Agora deve ir à Câmara dos Senadores para tratamento e eventual sanção final, onde a decisão permanecerá nas mãos do Partido Justicialista, com suas múltiplas divisões
Para todos os blocos majoritários, como pode ser notado pelas negociações e pelos tópicos das últimas horas, os direitos das mulheres são uma moeda de barganha. Somente o interbloqueio da Frente de Esquerda votou por unanimidade o mesmo para o que é mobilizado nas ruas, sempre, pois teve que reconhecer até mesmo a deputada Graciela Camaño que votou contra.
A luta pelo direito ao aborto seguro, livre e gratuito é uma luta histórica do movimento de mulheres na Argentina, sob o lema "educação sexual para decidir, contraceptivos para não abortar, aborto legal para não morrer". Hoje tornou-se um grande passo para todas as mulheres argentinas que sofrem as trágicas consequências da clandestinidade do aborto.