×

Campinas | Longe do chão da escola e dos hospitais, STMC tenta impor outra campanha salarial sem trabalhadores

terça-feira 18 de abril de 2023 | 19:05

Dando continuidade a sua prática burocrática e ao seu longo histórico de peleguismo, o Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Campinas (STMC) iniciou a campanha salarial do jeito que a prefeitura gosta: sem a participação dos trabalhadores.

No mês de março, o STMC convocou plenárias em dias úteis, sem paralisação das atividades, às 08 e 14 horas, para as categorias da educação, saúde e assistência social. Ou seja, enquanto as trabalhadoras e trabalhadores estavam nos seus locais de trabalho, diretores do sindicato discutiam sobretudo com comissionados e aposentados quais eram as pautas principais dos trabalhadores, sem que milhares de nós pudéssemos estar presente e opinar.

Para debater a pauta da campanha salarial, o STMC continuou seu show de horrores convocando agora em abril, uma reunião de Conselho de Representantes, às 15h, também em dia útil sem paralisação, e depois de anos sem organizar as eleições de representantes nas escolas, nos postos de saúde e outros locais de trabalho.

No último dia 12, mostrando que estão dispostos a todo tipo de manobra e golpe para manter seus privilégios, o STMC convocou assembleia para o dia 18, na sede do sindicato, correndo das escadarias da prefeitura, onde a categoria rechaçou a traição durante a campanha salarial do ano passado. A sede do sindicato é um local que não comporta toda categoria, e também está sendo chamada em horário que milhares de trabalhadores estão fazendo aquilo que os diretores do STMC não sabem o que é há anos: trabalhando.

Expressão de toda essa prática burocrática, acordos por cima com a administração e distanciamento da base é que nossa campanha salarial não toca nos principais temas que hoje envolvem a vida das trabalhadoras e trabalhadores do município: os ataques da extrema-direita e do neoliberalismo nas escolas, a terceirização em todo serviço público e com exemplos recentes da tragédia que isso significa na área da saúde, além do desmonte da assistência social e das políticas públicas de responsabilidade dos governantes.

Fazer uma campanha salarial que não reflita os principais temas dos locais de trabalho é retirar o papel de sujeito de cada trabalhador de atuar, transformar e ressignificar o papel das nossas escolas, hospitais e prática profissional. Para a direção do STMC é importante que os trabalhadores não se vejam como sujeito político coletivo capaz de, com sua luta e mobilização, transformar também a sociedade que reserva aos trabalhadores miséria e exploração.

Não podemos aceitar uma campanha salarial que não nos ouça para decidir qual o aumento salarial e vale alimentação que precisamos frente à carestia de vida dos últimos anos. Mas também não podemos aceitar uma campanha salarial que deixe os rumos das nossas escolas, por exemplo, nas mãos bolsonaristas de Dário, que em qualquer situação vê uma oportunidade de cercear os educadores e aumentar a militarização das escolas.

Precisamos batalhar em uma só luta, educadores, assistentes sociais, trabalhadores da saúde, efetivos, seletivos e terceirizados, por reajuste salarial mensal igual à inflação, pelo fim da terceirização e precarização do trabalho e do atendimento público. Tais medidas são essenciais para que a população tenha o direito real de acesso aos serviços públicos de qualidade garantido.

Nas escolas, frente aos atentados e ameaças, é fundamental que se promova a auto-organização dentro das próprias unidades, exigindo a implementação imediata de medidas urgentes, como a contratação de psicólogos, assistentes sociais, e agentes escolares ao quadro efetivo de servidores, em uma proporção que atenda realmente às necessidades da educação pública. Assim como é urgente a diminuição de alunos por sala de aula, diminuição da jornada de trabalho dos professores e educadores sem diminuição da remuneração, efetivação dos professores temporários e dos trabalhadores da portaria, da limpeza e da cozinha, sem necessidade de concurso. Nossa luta não pode se furtar de reivindicar medidas que apontem no sentido de uma mudança de qualidade da educação pública, promovendo debates, reuniões e atividades que sejam abertos e com a comunidade escolar.

É preciso repudiar veementemente qualquer saída "fácil" e repressora que imponha câmeras, guardas municipais e polícia militar nas escolas, quando diversos estudos já comprovam que essa resposta aumenta ainda mais a violência e nos distancia da pedagogia e da educação que defendemos para bebês, crianças e adolescentes.

Ao mesmo tempo, precisamos nos conectar com diversos outros problemas sociais, porque a escola e todos os servidores públicos precisam conquistar o apoio de grandes setores populacionais para nossa luta. No caso da educação, a reforma trabalhista, e todas as reformas aprovadas, são promotoras da precarização das condições de vida que deixou a escola pública e os estudantes nessa situação. A luta por uma educação de qualidade é indissociável da luta por condições de vida e trabalho dignas, uma vez que a precarização da educação e do trabalho são partes de um mesmo projeto, e portanto, também devem ser combatidas conjuntamente.

Por isso, nós do Nossa Classe Educação estamos impulsionando uma campanha contra a precarização do trabalho em todas as áreas iniciada por um forte Manifesto assinado por mais de mil intelectuais, juristas e entidades de trabalhadores, trabalhadoras e acadêmicas, que indica também um caminho pelo que lutar para enfrentar as misérias capitalistas que alimentam ataques como esses e afetam a vida da juventude e do conjunto da classe trabalhadora, majoritariamente negra.

É necessário que todas as forças de oposição ao STMC, batalhem para construir na base uma força social que seja independente do governo de Dário, mas também do governo de frente ampla de Lula-Alckmin, pois só com independência de classe de todos os setores da burguesia e com organização em cada local de trabalho que poderemos arrancar não só as nossas demandas salariais e econômicas, como batalhar para construir as escolas que queremos, a saúde e a assistência social que estejam realmente a serviço da população.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias