Nessas últimas semanas a cidade de Niterói foi atingida por diversas pancadas de chuvas e ventos fortes que chegaram a bater mais de 50km/h de acordo com a Defesa Civil do município. Dezenas de árvores caíram, danificando as vias e o fornecimento de eletricidade também foi prejudicado como se pôde ver nos vários vídeos que circulavam pelas redes sociais. A UFF teve diversos prédios atingidos, com janelas e tetos quebrados, chegando a ferir uma estudante. As inundações e goteiras afetaram particularmente a Moradia Estudantil e o novo IACS. Na quinta-feira(5), centenas de alunos tiveram que abandonar as aulas à noite por conta das chuvas e na sexta-feira, diversos professores e departamentos cancelaram suas aulas.
Calvin de OliveiraEstudante de Geografia da UFF - Niterói
sábado 14 de outubro de 2023 | 13:42
Em nota, a Reitoria da UFF anunciou que a manutenção dos prédios por conta das chuvas “encontram-se limitadas ao orçamento disponível no momento, tendo em vista as restrições orçamentárias frequentes”. Se por um lado é realidade que os cortes realizados na educação, junto ao arcabouço fiscal recém-aprovado pelo governo Lula, dificultam uma resposta contra eventos que devem ser cada vez mais comuns por conta da crise climática e da destruição ambiental causada pelo capitalismo, por outro, a Reitoria é responsável e não pode se omitir frente a este caso.
Neste texto escrito há mais de um ano atrás, apóntavamos a necessidade de uma reforma estrutural da Moradia Estudantil que fosse feita com a participação dos estudantes e dos trabalhadores. As chuvas só escancararam o que os estudantes já se queixam há anos: a Moradia Estudantil se encontra numa situação gravíssima. Ao longo dos últimos anos, o descaso da Reitoria com a Moradia só aumentou com casos que passam desde a entrega de comida podres aos estudantes até a omissão frente ao caso de um estudante que assediava duas trabalhadoras terceirizadas.
A precária estrutura da UFF, com diversos residentes da Moradia Estudantil perdendo pertencentes por conta das grandes chuvas e da estrutura precária, não são exceção de Niterói. Com campus de interiores sequer tendo Moradia Estudantil ou Restaurante Universitário, ou pior, até mesmo campus estruturados com históricos de aulas em contêineres alugados. Também não são exceção da educação nacional, quando recentemente prédio da UFRGS pegou fogo, além das denúncias das precárias condições da UFRJ para citar alguns exemplos.
Também não são e não serão exceções chuvas como aconteceram no último final de semana em Niterói. Observamos como Manaus, neste momento, enfrenta grandes queimadas e o rio Amazonas uma seca histórica. Consequências diretas do desmatamento e da crise climática gerada pelo capitalismo, que é alimentada por setores como o agronegócio que agora ganha bilhões e ministérios do governo Lula.
Na UFF é urgente uma reforma na Moradia Estudantil e nos prédios afetados, organizada junto aos estudantes. Em caso recente denunciado pelo Diretório Acadêmico do Serviço Social, uma pia caiu nas pernas de uma trabalhadora. A comissão de estudantes com deficiência vem denunciando há tempos a falta de elevadores, submetendo estudantes pcd’s a situações muito desconfortáveis. É preciso que o DCE organize uma assembleia geral dos estudantes construída na base dos cursos em que possamos debater como se organizar para garantir o conserto dos prejuízos mas para ir além, e refletir a necessidade de se pautar uma reforma estrutural no conjunto da Universidade.
