No apagar das luzes do governo Bolsonaro, os representantes bolsonaristas da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) aprovaram a extinção do órgão nessa quinta-feira (15). Tentam dar aquele último coice antes de sair do governo, desrespeitando a luta por memória e justiça.
quinta-feira 15 de dezembro de 2022 | Edição do dia
A CEMDP foi criada em 1995 e buscava reconhecer pessoas mortas ou desaparecidas pela ditadura militar. Ao longo das últimas décadas, a comissão atuou para identificar ossadas na vala de Perus, em SP, em identificar centenas de mortos e desaparecidos políticos, em levantar números sobre presos e torturados ao longo dos anos de chumbo, em reconhecer oficialmente o assassinato de presos políticos, entre outros vários feitos. O fim da comissão já era uma vontade de Bolsonaro há tempos, mas a decisão oficial veio há 15 dias de sua saída.
Os que votaram a favor da extinção são:
Os que votaram contra a extinção, foram:
A intenção é dar aquele coice final antes do apagar das luzes. Bolsonaro não só já fez chacota com a busca pela verdade (“quem procura osso é cachorro”), como tem como herói o torturador confesso, Brilhante Ustra. Os porões do DOPS estão em seu DNA e essa é mais uma das medidas grotescas que Bolsonaro deixa de seu governo.
A segunda intenção é gerar problemas para o governo Lula. É sabido que Lula não pretende se enfrentar com os militares, incluindo os que também possuem os porões do DOPS em seus DNAs. Em 8 anos de governo, Lula preservou a impunidade dos militares responsáveis pelas barbaridades da ditadura. Agora, um dos primeiros nomes indicados para a lista de ministérios é José Múcio, direitista pró-militares que já foi da ARENA e tem bom trânsito com o alto comando das FFAA.. Se Lula reverterá essa decisão de hoje ou não, veremos. Mas é certo que para lutar por verdade, memória e justiça efetiva (que puna os criminosos da Ditadura), pactuar com os militares, como Lula está fazendo, certamente não é o caminho.