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Após ameaça de "encher de porrada", Bolsonaro ofende outro jornalista em MG: "otário!"

Após Jair Bolsonaro ameaçar “encher de porrada” um repórter do jornal ’O Globo’, ao ser questionado sobre os depósitos de Queiroz na conta de Michelle Bolsonaro, voltou a insultar outro jornalista durante um evento na cidade de Ipatinga em Minas Gerais nesta quarta-feira (26). Entretanto, o clã Bolsonaro está envolvido em vários outros escândalos de corrupção citados aqui.

sábado 29 de agosto de 2020 | Edição do dia

Mais uma vez, Jair Bolsonaro ofende jornalistas ao ser questionado sobre os depósitos de Queiroz na conta de Michelle Bolsonaro. Dessa vez, o presidente chamou um repórter do jornal O Globo três vezes de “otário” durante um evento em Ipatinga em Minas Gerais que aconteceu ontem, 26 de agosto.

Por que Queiroz depositou 89 mil na conta de Michelle? Essa é a pergunta que chegou entre os assuntos mais comentados nas redes sociais nos últimos dias. Após Jair Bolsonaro ameaçar “encher de porrada” um repórter do jornal O Globo que levantou esse questionamento, Bolsonaro voltou a ameaçar e insultar jornalistas, como aconteceu ontem em Minas Gerais. Esse vem sendo um assunto bastante comentado por ser mais um elo de corrupção sem resposta envolvendo o clã, e porque desde então Bolsonaro voltou a atacar a imprensa.

De acordo com levantamento realizado através de informações da quebra do sigilo bancário de Queiroz pela revista Crusoé e o jornal Folha de S. Paulo, foi identificado que a soma dos cheques depositados na conta de Michelle Bolsonaro é de R$89 mil, uma soma muito maior do que os 24 mil então revelados em 2018. De 2011 a 2016, Queiroz depositou 21 cheques no total de R$72 mil na conta da primeira-dama. Márcia Aguiar, esposa de Queiroz, depositou mais R$17 mil no primeiro semestre de 2011. Em suma, as 27 movimentações chegaram ao total de R$89 mil. Também foi revelado que não há depósitos por parte de Jair Bolsonaro que comprove o empréstimo dos R$40 mil declarados por ele.

Várias denúncias e escândalos de corrupção envolvendo o clã Bolsonaro e seu fiel amigo, Fabrício Queiroz, vêm aparecendo e se acumulando. Estima-se que o valor repassado por Queiroz para a família Bolsonaro através dos esquemas de “rachadinhas”, de pagamento de mensalidade das filhas de Flávio Bolsonaro e outros devem chegar a cerca de R$450 mil.

No entanto, essas investigações pouco avançam. Enquanto Flávio Bolsonaro tenta conseguir foro privilegiado, as investigações oscilam a todo momento, uma hora são suspensas, depois são retomadas e logo suspensas outra vez. Enquanto isso, Queiroz e Márcia Aguiar, sua esposa, ficam em prisão domiciliar, primeiramente concedida pelo presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), João Otávio de Noronha, por “razões humanitárias”, e depois reiterada pelo ministro do STF, Gilmar Mendes, devido à “fragilidade de saúde” de Queiroz.

Além disso, existem acusações e evidências que ligam a família Bolsonaro ao escritório do crime do Rio de Janeiro e ao assassinato da ex-vereadora Marielle Franco. Frente a isso, Bolsonaro quis interferir na Polícia Federal para controlar investigações e, como ele próprio assumiu, proteger sua família. Porém, o inquérito que foi instaurado para investigar a interferência de Bolsonaro na Polícia Federal foi mais de uma vez prorrogado e, assim, como no caso de Marielle, vemos uma total conivência da justiça e da mídia com toda a impunidade e a falta de investigação.

A demora das investigações não está dissociada da inical trégua e atual pacto entre os golpistas do STF e seus aliados na disputa com o bolsonarismo e os militares.

Viemos analisando neste diário as diferentes disputas entre as alas do regime. No início da pandemia, parecia que havia uma escalada maior de divergências entre a grande mídia, parte do judiciário, o Congresso e governadores de um lado, Bolsonaro e militares de outro. Cotidianamente víamos declarações ofensivas de uma “ala” contra a outra e o debate sobre impeachment colocado. Embora divergências ainda estejam colocadas, como em relação ao teto de gastos, se instaurou uma “trégua” e, agora, o que chamamos de pacto, entre esses atores do regime que se dá com base num consenso entre os mesmos de que ataques aos trabalhadores devem passar em meio à pandemia, como as privatizações e retirada de direitos do funcionalismo público.

Nesse marco, foi possível uma recomposição do governo e é aí que Bolsonaro busca se manter. Não é à toa que, enquanto Bolsonaro vocifera frente aos questionamentos sobre Queiroz e a primeira-dama e segue com os ataques, continua fazendo demagogia com o auxílio emergencial para manter sua popularidade.

Entre parte da mídia e nas redes sociais o questionamento aos depósitos no valor de R$89 mil continua ressoando e o rechaço aos ataques de Bolsonaro à imprensa também. São realmente absurdos os ataques de Bolsonaro, e é desprezível ver o quanto o clã Bolsonaro faz parte do que há de mais repugnante no regime. Porém, nos ataques aos trabalhadores, Bolsonaro não está sozinho. O mesmo O Globo que é atacado por Bolsonaro, ataca a importante greve dos trabalhadores dos Correios que luta contra a retirada de direitos e contra a privatização. É com o apoio de grande parte da grande mídia que as reformas antioperárias estão passando e que o golpe institucional ocorreu.

Entre as disputas entre os de cima, a trégua permanece quando o assunto diz respeito a como manter a estabilidade de um regime carcomido e quando se trata de nos destinar precarização, cortes e ataques.

Defendemos júri popular para julgar os casos de corrupção dos políticos, pois sabemos que a Justiça burguesa não tem intenção de julgar até o final seus possíveis aliados, sempre que necessário, fazendo pactos com os políticos. Além de ser a mesma que, diariamente, encarcera a população negra e pobre.




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