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VIOLÊNCIA MILITAR EM CARACAS | Venezuela: Violentas operações militares em bairros pobres de Caracas

Desde a manhã dessa terça feira, várias zonas de Caracas, principalmente bairros pobres, foram alvos de uma forte intervenção militar para enfrentar o que chamam “a Insegurança”

quinta-feira 12 de maio de 2016 | Edição do dia

Desde a manhã dessa terça feira, várias zonas de Caracas, principalmente bairros pobres, foram alvos de uma forte intervenção militar, considerada uma nova etapa da Operação Liberação do Povo (OLP), um plano de Estado que recorre ao uso exclusivo da violência para enfrentar o que chamam “a Insegurança” (“la inseguridad”). Os bairros de El Cementerio, El Valle, Coche y la Cota 905 estavam praticamente militarizados durante boa parte do dia.

Como se fosse uma guerra convencional, ao final da tarde, o ministro do Interior e da Justiça, o General Gustavo González López, já anunciava seu saldo: 6 mortos, 1.131 detidos, além de armas apreendidas. Assim como em qualquer guerra tradicional o êxito é medido pelo número de prisioneiros, mortos e armas recuperadas, etc. E a propaganda de sempre, nunca um civil ferido, o que sustenta o que os organismos de direitos humanos sempre denunciam, as execuções.

Militarização dos bairros pobres

Não é segredo para ninguém que o governo de Maduro vem implementado um forte plano repressivo, que possui como foco a militarização dos bairros pobres, o grande aparato militar que aterroriza a população e abusos de todo o tipo, até a imposição de toques de recolher, tudo para que governo combata “a insegurança”. Para isso foi recriado a OLP, que é um plano repressivo que se restringe aos bairros populares e pobres, e por tanto, parte da premissa da criminalização dos pobres, sempre os suspeitos de tudo.

Esse processo de militarização dos bairros pobres já teve início, assim Maduro anunciava na noite desta terça: “Estamos implementando cinco bases especiais de operação permanente lá dentro da comunidade”, sendo essas bases “unidades especiais para deixar a força lá, onde haverá força policial e militar com capacidade operacional permanente”. Indicando, além disso, que “estão se estabelecendo 136 pontos de controle em locais de El Cementerio, Los Rosales, La Bandera, El Valle e Coche”, lugares de alta concentração popular e de bairros pobres.

Para dar suporte a essa política utiliza-se toda uma manobra midiática para legitimar a política governamental do uso total da violência e a criminalização dos pobres, o que coincide com a política dos partidos de oposição direitista. Assim, dia a dia os meios de comunicação fabricam números, imagens, manchetes, que demandam mais reforço dos aparatos repressivos, e maior presença policial nas ruas e bairros. Assim vemos como nas principais cidades do país se faz o uso ostensivo do aparato repressivo.

O governo nacional, os governos regionais e municipais de todos os espectros políticos gastam milhões no reforço desse aparato que responde à lógica de um grande movimento reacionário, que faz eco com todos os partidos políticos patronais pedindo por uma “segurança”, que implica em última instância na penalização da miséria, pois é sobre a maioria mais pobre que se dirige sua política e sobre quem terminam por impor um verdadeiro controle social através do sistema repressivo do Estado.

A verdadeira origem da insegurança

Mais policiais e mais controle social, nisso coincidem tanto o governo nacional quanto a oposição de direita. O bombardeio é tão grande que convencem a setores do povo de que realmente essa é a saída, os pedidos por maior segurança tem o viés reacionário com a opinião pública recaindo sobre os mais desfavorecidos. Dessa maneira, todos os setores que pedem pelo aumento do aparato repressivo dos Estado e mais controle social, o que ocultam é a verdadeira origem da insegurança: a enorme desigualdade e a miséria generalizada desse sistema capitalista de exploração e opressão, o qual o chavismo nunca superou, por mais que encha a boca para falar em “socialismo”.

Os partidos da oposição sempre começam culpando os pobres pelas aberrações que esse regime social de exploração gera, e o governo, que tanto enche a boca em defesa dos pobres e do “socialismo", em resposta faz coro com o mesmo programa repressivo da direita. Quando a falta de trabalho, a fome, as terríveis condições de vida de que padece o povo pobre, a marginalidade, sua própria insegurança, são todos flagelos que se originam desse sistema.

É esse sistema podre, de brutal concentração das riquezas em um polo ultra minoritário da população, e grandes necessidades no outro extremo, o promotor do roubo e do “delito” nos setores mais pobres, que são empurrados cada vez mais para a miséria, a fome, onde roubar, por exemplo, mais que uma opção, se transforma numa necessidade. Por isso é uma completa hipocrisia a condenação das classes dominantes a uma criminalidade que se encontra enraizada no mais profundo desse regime social, baseado no roubo legal do trabalho alheio por parte dos capitalistas, e que persistirá inevitavelmente enquanto este não seja suprimido.

Justamente os verdadeiros delinquentes e responsáveis pela insegurança são os que dia a dia roubam nossos direitos sociais e trabalhistas, nossas conquistas e liberdades, nosso futuro em fim, esses são os responsáveis pela marginalização de milhares de pessoas.

As inseguranças que não se mencionam

Entretanto, há inseguranças perpetradas por esse sistema de exploração capitalista, das quais nada se fala.Além da insegurança que sofrem os pobres, em sua maioria jovens nas mãos da polícia e da guarda nacional, está a insegurança dos milhões que vivem nos bairros, nas piores condições de pobreza, e que lhes é cada vez mais difícil garantir um prato de comida a seus filhos, a total insegurança frente à ameaça constante da perda do emprego nos próximos meses, ou de conseguir ao menos matar um tigre para poder comer; a insegurança de milhões por não contar com os serviços básicos de água potável, moradia digna, ou eletricidade.

Também a insegurança de milhares de famílias pobres, sem saber se seus filhos vão poder completar seus estudos; a insegurança de milhões ao enfrentar doenças curáveis que acabam com suas vidas, pois carecem de acesso aos serviços básicos de saúde; a insegurança de milhares de camponeses frente aos mercenários e paramilitares financiados por grandes latifundiários; a insegurança dos trabalhadores frente à máfia da patronal por lutar por seus direitos elementais; a insegurança de operários frente a repressão policial ao lutar por salários.

Basta de criminalizar os pobres

Por isso é que temos de denunciar e repudiar a reivindicação pelo fortalecimento da força policial e do maior controle social, assim como a política de militarizar os bairros pobres cada vez mais extensiva. À demanda do controle social e mais policiais contra o povo pobre, é necessário opor um programa para acabar com a miséria e a degradação do povo trabalhador.

Por isso temos que reivindicar que não hajam mais demissões, que se repartam as horas de trabalho entre todas e todos os trabalhadores sem rebaixamento salarial, para acabar com o desemprego, e que, além disso, se ponha em pé um verdadeiro plano de obras públicas para a construção de escolas, hospitais e moradias, que gere trabalho para milhares de desempregadas e desempregados, sob seu controle. Que não se pague mais a dívida externa e essas verbas sejam destinadas para esse plano, somados aos fundos provenientes da cobrança de impostos às grandes fortunas dos empresários e patrões! Avançando com medidas assim, podemos começar a acabar com tanta degradação e miséria que hoje sofrem o povo trabalhador e pobre.

Basta de perseguição policial aos jovens e os pobres! Que se ponha de pé um movimento comum pela descriminalização dos lutadores operários e populares, pelo juízo e castigo aos responsáveis das execuções policiais, a máfia patronal, pela dissolução das forças repressivas e pela defesa das liberdades democráticas ameaçadas pelo movimento da oposição de direita e do governo nacional.




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