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10 DE JUNHO | Todos aos atos do dia 10 de Junho para lutar por Abaixo Temer golpista, fortalecendo as lutas em curso

Já antes da votação do impeachment milhões de trabalhadores e jovens que tinham dúvidas sobre o processo, se era um golpe institucional ou não, viram o reacionarismo da votação na Câmara. As três primeiras semanas de Temer deixam ainda menos margens à dúvida. Um governo que não tem sequer uma mulher e um negro como ministros, que tem ministros que recebem estupradores confessos para tratar de “educação”, que diariamente mostra como está imbricado em imensos esquemas de corrupção, e que anuncia diversos ataques à classe trabalhadora. Os primeiros ataques já começam a ser sentidos na Petrobras com unidades colocadas à venda. Acelerando o plano de privatizações que Dilma tinha iniciado.

Marcello Pablito Trabalhador da USP e membro da Secretaria de Negras, Negros e Combate ao Racismo do Sintusp.

quarta-feira 8 de junho de 2016 | Edição do dia

Temer não pode ainda implementar o programa pelo qual a FIESP, os tucanos, a mídia e todo o poder judiciário o colocaram no poder, rasgando e interpretando a constituição, que eles dizem defender, como lhes convinha em seu jogo político. O programa que demandam de Temer é o de implementar ataques mais rápidos e duros do que aqueles que o PT já vinha fazendo e planejava fazer. A dificuldade de Temer é dupla: por um lado a Lava Jato e a mídia lhe minam o caminho afetando aliados e ministros e exigindo mais e mais ataques do que deseja fazer rápido, e ameaçando tomar o caminho de novas eleições para ter outro governo ajustador que não o dele, e por outro lado, a entrada ao poder de Temer não significou uma derrota dos trabalhadores e da juventude. Temer teme a luta de classes, o desgaste eleitoral e até mesmo da perda de senadores que ele precisa para votar o impeachment se atacar demais.

De norte a sul do país jovens ocuparam e ocupam suas escolas em defesa da educação. No Rio de Janeiro, os professores completam três meses em greve contra o parcelamento de seus salários e outras pautas, sua greve tem irmãs gêmeas no Rio Grande do Sul e outros estados. Em São Paulo os secundaristas, depois de nova onda de ocupações, foram reprimidos pelo aliado de Temer, Geraldo Alckmin sem sequer ter mandato judicial.

No mesmo estado, os estudantes universitários ocupam suas reitorias e faculdades junto a trabalhadores e professores em greve. Os trabalhadores sofrem corte de ponto enquanto a reitoria promove um corte de mais de R$ 370 milhões do orçamento à mando do arrocho defendido por todos governos, tucanos, do PMDB ou mesmo do PT.

Todas estas lutas traçam um cenário comum de se enfrentar contra os ajustes de governos estaduais aliados de Temer e confluem na necessidade de uma luta nacional contra os ajustes que já estão em vigor e que Temer e seu ministério golpista querem aumentar, a ponta de lança desta luta são as lutas da educação, os trabalhadores desta área, em especial os setores em greve como os trabalhadores da USP e das estaduais paulistas e a juventude.

Nas fábricas a onda de demissões iniciada ainda no governo Dilma não para. E dia a dia com a inflação e rotatividade dos contratos vamos perdendo poder de compra nos nossos salários. A FIESP reclama, mas quem está pagando o pato são os trabalhadores, os empresários estão preparados para lucrar cada vez mais.

Não nos faltam motivos para unificar as distintas lutas em curso que estão se dando separadamente, e fazer um grande movimento que derrube cada um destes ataques, coordene e apoie as lutas em curso impedindo o corte de ponto na USP, impedindo a repressão aos estudantes seja ela policial ou de gangues que os governos incentivam no RJ e no RS e pelo imediato atendimento das reivindicações de cada setor. Estas lutas precisam se coordenar para enfrentar os golpistas e seus ataques. A luta contra o golpe, por fora destas lutas concretas deixa de expressar seu potencial para realmente colocar Abaixo Temer. É preciso superar esta separação das lutas parciais e da luta “geral” contra Temer. Esta separação favorece Temer e a estratégia nefasta do PT, Lula e Dilma de falar grosso contra o golpe, mas não mover uma palha para se oferecer novamente como alternativa pela via eleitoral ou pelas negociatas com parlamentares.

Dilma, Lula e o PT não querem “incendiar o país”: dão trégua à direita e aos ataques para se mostrarem alternativa “responsável”

Lula avisou que não queria incendiar o país. Nunca quis. Sempre se gabou de seus governos terem ajudado os banqueiros a lucrarem bilhões. Nunca quis atacar a direita, os latifundiários, a mídia, o judiciário e suas arbitrariedades. Pelo contrário os incentivava. Vimos no que deu. Depois de afastados do poder seguem a mesma estratégia. Agora que a Lava Jato também atinge Aécio e o PMDB deixaram de criticá-la. Realiza medidas burocraticamente controladas para seguir a estratégia eleitoral enquanto bloqueia toda expressão de autoorganização independente dos trabalhadores através de assembleias nos locais de trabalho, construídas verdadeiramente e não para ocasionais simulacros de mobilização. Que haja críticas aos ajustes mas não uma grande luta, verdadeiras paralisações nacionais como vemos na França é responsabilidade destas direções e seus braços sindicais.

Os sindicatos alinhados ao petismo, como os da CUT e da CTB chamam para este dia 10 uma jornada nacional de luta pelo “Fora Temer” e seus ataques. Porém não vemos nenhuma movimentação para que ocorram verdadeiras paralisações nos locais onde dirigem. Uma ou outra ação isolada completamente aquém do necessário para barrar a onda de demissões da indústria, a privatização do pré-sal e menos ainda para derrubar Temer.

Seu caminho para derrubar Temer é ganhar um punhado de senadores e deixar os ataques passarem com críticas e mobilizações controladas, afinal os ataques geram desgaste, e seja na votação final do impeachment, seja nas próximas eleições se oferecerem como alternativa “calma” e “responsável”. Por isso isolam cada luta uma da outra.

Precisamos derrubar Temer não com conchavos e aproveitando o desgaste dos ataques que nós sofremos, mas com a luta de classes, com a luta com uma estratégia, programa e métodos diferenciados do PT. Lutando para impor uma greve geral a partir de coordenar e fortalecer cada uma das lutas acontecendo.
Uma luta que não pode se contentar com derrubar Temer e deixar tudo intacto, seguirem os ajustes, seguirmos vendo esta direita reacionária com seu poder e influência, mas que avance a questionar todo este regime nascido de uma Constituinte tutelada pelos militares através do mesmo “centrão” que hoje é a base de Temer, e ontem foi de Lula e Dilma e antes disso de FHC, Itamar e Collor.

Precisamos com a força da luta impor uma nova constituinte que acabe com os privilégios dos políticos, fazendo com que todos sejam revogáveis e ganhem o mesmo que uma professora, uma constituinte que possa colocar em debate todos temas importantes a classe trabalhadora e a juventude e seja um caminho para impor um governo anticapitalista dos trabalhadores.

Combatendo a estratégia de conciliação de Lula e do PT, lutar por uma saída independente

O Movimento Revolucionário de Trabalhadores e o Esquerda Diário levam esta orientação de unir as lutas “econômicas” e a luta para se enfrentar com o governo Temer e todo este regime a cada local de trabalho e estudo onde chegamos. É assim, que por exemplo, aprovamos junto aos trabalhadores da USP em greve, formar um bloco no ato de São Paulo pelo “Fora Temer” com as seguintes consignas “Fora Temer! Pela Mobilização independente dos trabalhadores contra todos os ataques: greve geral já!”.

Combater a estratégia de conciliação de Lula e do PT que crescem sua influência na luta contra Temer, e de forma ainda maior quando se oferecem como oradores nestes atos que atraem jovens e trabalhadores que querem se enfrentar com o governo golpista, passa a anos luz de uma tática abstencionista. É preciso marchar separado, com outra estratégia e denunciando como o PT e Lula querem conter esta luta para seus fins eleitorais e de conciliação com a direita e os empresários. Isto não se faz do sofá de casa e menos ainda furando greve.

Esta é, infelizmente, a tática que está sendo adotada pela ala majoritária da CSP-Conlutas sob influência do PSTU. Negam-se a toda frente única no combate a Temer e completam com este sectarismo com trabalhadores e jovens que querem se enfrentar com o golpista, sua posição de todos últimos meses que foi de linha auxiliar da direita, elogiada pelo MBL. O PSTU, e por sua via a ala majoritária da CSP-Conlutas, comemorou os resultados do golpe como se fossem os primeiros passos de seu “fora todos”. Continuam o oportunismo de ontem, com sectarismo de hoje. A resposta da direção da CSP-Conlutas é: façam nada pois o PT está colocando, muito timidamente, diga-se de passagem, suas forças. E mais que isto, se possível votem contra fazer paralisação neste dia, mesmo que seja em uma unidade da Petrobras que está para ser privatizada, pois o PT quer a volta de Dilma. Seu Fora Temer, não toma as ruas nem pretende a se ligar a nenhum setor real.

Este extremo do sectarismo e oportunismo da CSP-Conlutas sob orientação do PSTU é continuado de forma menos intensa, mas não menos abstencionista, por outras correntes da esquerda. A CST/PSOL segue a mesma linha do PSTU: abandonar os trabalhadores presentes no ato à mercê das centrais petistas burocráticas, sem batalhar para arrancar as bases presentes da influência nefasta do PT. O MES/PSOL de Luciana Genro que não combateu ou criticou o impeachment até a véspera de sua votação, ainda não tem posição se irá participar nas manifestações de 10 de Junho. Lula e Dilma agradecem que figuras conhecidas como Luciana Genro não opinem sobre como derrubar Temer e furtam-se a disputar este movimento real.

Este tipo de posição só fortalece a direita, Temer, e por outro lado ao PT que se oferece ele mesmo como “alternativa” a Temer. Batalharemos para construir fortes blocos neste dia 10 de Junho em diversas cidades do país, chamamos os ativistas da CSP-Conlutas, da MML e outros grupos que sabemos que não concordam com esta vergonhosa posição abstencionista a junto ao MRT compor fortes blocos independente de Lula e sua estratégia conciliadora com os empresários e a direita, para juntos erguemos em uma voz “Abaixo o Governo Golpista de Temer”. O MRT e o Esquerda Diário como temos expressado diariamente, exigimos à CUT, CTB, que rompam sua paralisia cúmplice e métodos de ações controladas e convoquem assembleias na base de todas as estruturas que dirigem para planificar democraticamente a defesa séria dos salários e dos empregos, com os métodos da luta de classes, e lutarmos para impor uma nova Constituinte com a força de um grande movimento nacional contra os ajustes e que questione Temer golpista, seu governo e o regime, oferecendo uma resposta independente à crise política que se enfrenta com a direita e a conciliação do PT e pode abrir caminho a um tipo de governo que necessitamos, um governo anticapitalista dos trabalhadores organizado a partir de seus organismos de luta.




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