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Pernambuco | Privatização Metrô Recife: entenda o principal ataque do governo Lula-Alckmin no Nordeste

Ontem iniciou a greve dos trabalhadores do transporte na região metropolitana do Recife. Metroviários e rodoviários paralisaram por melhores salários e contra a precarização do trabalho que os governos vêm impondo aos trabalhadores, além do descaso com os serviços públicos para a população.

Renato ShakurEstudante de ciências sociais da UFPE e doutorando em história da UFF

quinta-feira 27 de julho de 2023 | 17:58

Além dessas demandas, os metroviários encabeçaram a luta contra a privatização do metrô, o que pode significar um duro ataque aos trabalhadores encabeçado pelo governo federal, que administra a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), uma empresa pública brasileira vinculada ao Ministério de Cidades.

O Tribunal Regional do Trabalho atacou o direito de greve dos trabalhadores ordenando a volta de 60% da frota em horários de pico e 40% nos demais horários, com multa de 30 mil reais por dia caso o sindicato dos rodoviários não acate a decisão.

Mesmo assim, a região metropolitana do Recife amanheceu hoje novamente com pouquíssimos ônibus circulando e com o metrô fechado. Os rodoviários seguem em greve por tempo indeterminado e os metroviários em greve por dois dias. Nesse segundo dia de greve, já ficou claro que ampla maioria da categoria aderiu à paralisação e tem recebido apoio da população pernambucana.

A força dessa paralisação vem justamente do rechaço a esse fortíssimo ataque. O metrô de Recife dirigido pela CBTU vem sofrendo ao longo dos anos com a precarização e falta de investimento do governo. Para o conjunto da população e para esses trabalhadores a privatização significa ainda mais precarização no serviço, taxas elevadas e demissões.

E o que vem acontecendo agora parece ser a concretização de um plano que se aprofundou durante o governo Bolsonaro e Paulo Guedes. Nesse contexto, o metrô de Recife foi colocado num Plano Nacional de Desestatização, com a ofensiva que ocorreu no governo anterior de tentar desmontar os serviços públicos e canalizá-los para aumentar os lucros do setor privado, em detrimento da população. O transporte rodoviário é um exemplo disso, pois passar a iniciativa privada só aumentou a precarização, com frequentes aumentos de tarifas e descaso com a população trabalhadora nas periferias.

E justamente depois de tudo isso, passado sete meses de governo da frente ampla de Lula-Alckmin, ao contrário de reverterem a privatização, estão aprofundando esses planos e aproveitando-se da articulação lastimável com a governadora Raquel Lyra para viabilizar esse plano, o que significa que o que não conseguiu ser feito durante o governo Bolsonaro graças a resistência dos trabalhadores, pode ser implementado no governo Lula.

Por isso podemos dizer que vai se configurando como o principal ataque do governo na região Nordeste. Isso é resultado de um governo que concilia com a direita e precisa aplicar um programa neoliberal, basta ver que essa privatização vem com um conjunto de outras medidas contra os trabalhadores como o arcabouço fiscal (um novo teto de gastos) e os ataques aos povos indígenas com a votação do marco temporal.

Mas para que consiga passar a privatização do Metrô, Lula precisa de sua aliada regional, a governadora tucana Raquel Lyra que será responsável pela venda da empresa assim que a concessão do metrô for estadualizada. Vale lembrar que Raquel Lyra recentemente atacou o direito de greve dos professores no estado e já iniciou o processo de privatização da empresa de saneamento e água, a Compesa. E nas duas oportunidades que Lula teve de defender sua aliada frente às vaias das trabalhadoras da saúde que lutavam pelo pagamento do piso salarial, também o fez.

Por isso, nos solidarizamos com a greve dos trabalhadores dos transportes que pode não apenas barrar esse ataque do governo Lula-Alckmin e da governadora Raquel Lyra, mas também ser um exemplo para todos os trabalhadores, estudantes e povos originários que hoje rechaçam os ataques do governo.

É necessário um plano de lutas e ações conjuntas entre os sindicatos dos metroviários e rodoviários com atos de rua, cortes de rua, piquetes, etc. É necessário que as direções de ambos sindicatos , sobretudo a CUT que dirige o sindicato de metroviários também rompam com sua subordinação ao governo Lula-Alckmin e organizem esse pla de lutas. Além disso é precisão lutar para que a greve se radicalize e que por um sistema de transporte metroviário e rodoviário 100% estatal controlado pelos trabalhadores e usuários.




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