×

ELEIÇÕES 2020 | Policial eleito no RJ contra "os vagabundos" já foi expulso da PM por faltar trabalho

Gabriel Monteiro, youtuber, policial militar e candidato a vereador pelo PSD se elegeu no Rio de Janeiro em terceiro lugar, alcançando 60.326 votos. O youtuber utiliza seus vídeos para destilar seu ódio contra os negros e a esquerda. Diz que vai para operações ”matar vagabundos”, fazer a ”esquerda chorar”.

terça-feira 17 de novembro de 2020 | Edição do dia

Imagem: Extra/ Reprodução

Gabriel Monteiro, 26 anos, foi eleito com 60.326 votos e explicita a base dura bolsonarista mesmo em meio a derrotas importantes a nível internacional da extrema direita.

Entre os delitos do agora vereador estão o porte de arma fora do serviço, faltas injustificadas e quebra de hierarquia. Em agosto foi expulso da corporação por faltar mais de 8 dias seguidos ao trabalho (e ainda diz querer combater a vagabundagem) e acabou reincorporado mesmo assim.

De acordo com o jornal Extra, Gabriel cometeu 16 transgressões disciplinares durante o período em que foi policial militar, totalizando 33 dias de detenção por 14 delas. Dias antes da campanha, o vereador eleito postou uma foto com para-militares não fardados portando armas:

”Minha segurança vai andar pesada mesmo. Por mim colocaria minha equipe de ponto 50 [tipo de arma] pra matar vagabundo. Bom dia”,

Essa votação expressa uma base bolsonarista dura que ainda persiste no Rio de Janeiro, o que fica expresso também na votação de Crivella e sua ida para o segundo turno. Marcelo Crivella (Republicanos) é um bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, fundada por seu tio Edir Macedo, e atual prefeito do Rio de Janeiro que está em busca da reeleição.

Pode te interessar: Hoje Miguel faria 6 anos, não perdoamos nem esquecemos

Nessas eleições contou com o apoio de Bolsonaro, mas não sem antes seguir a linha bolsonarista durante todo o seu governo na cidade do Rio de Janeiro, implementando cortes na área da saúde, que preparou o péssimo terreno para lidar com a pandemia, além de não ter garantido testes a população, nem EPIs aos profissionais da saúde, que tiveram seus salários atrasados em pleno auge de contaminação na cidade.

O cenário ideológico bolsonarista perde espaço com os últimos acontecimentos a nível internacional, como a derrota do Luís Camacho na Bolívia, derrotado nas urnas pelos conciliadores do MAS; o rechaço de massas à Constituição de Pinochet durante o plebiscito no Chile, que deve se converter em luta de classes ativa contra o regime pinochetista que tem o intuito de preservar o essencial do neoliberalismo chileno com a armadilha da convenção constituinte; e a derrota de Donald Trump, principal sustentáculo político e ideológico de Bolsonaro, nas eleições presidenciais norte-americanas.

Pode te interessar: Mobilizações no Peru por justiça contra os responsáveis pela repressão e assassinato de manifestantes

Porém, assim como nesses países ainda existe bases duras da extrema direita, no Brasil continua a existir uma base bolsonarista, que demonstra seu peso em casos como o do Rio de Janeiro com a eleição de Gabriel Monteiro, votação que expressa um dos lados mais reacionário e racista da sociedade de classes que é a polícia militar, que não está e nunca esteve em defesa dos trabalhadores, mas sim estão ao lado dos interesses dos grandes empresários, da especulação imobiliária e dos governos que atacam os trabalhadores com Reformas mesmo em plena pandemia.

A polícia militar já deu inúmeras demonstrações do seu racismo, principalmente com moradores das favelas, a exemplo o caso de Evaldo dos Santos Rosa, que teve seu carro alvejado por mais de 80 balas disparadas por militares, enquanto levava a família para um chá de bebê de uma amiga; ou o caso da pequena Ágatha Félix, menina de 8 anos morta pelas balas da polícia, na comunidade em que vivia, no primeiro ano do governo Bolsonaro.

Pode te interessar: Doria, invasor de terreno público, ataca Boulos e movimento por moradia

Isso tudo demonstra o quanto a batalha contra a extrema direita, o bolsonarismo e todos os atores do golpe que seguem descarregando os ataques nas costas dos trabalhadores por meio de Reformas e cortes na saúde e educação, precisa se dar a partir da auto-organização dos trabalhadores, das mulheres, LGBTs e negros, que são os mais afetados pela pandemia no país.

Sem confiança de que os golpistas que fazem parte das instituições brasileiras, como os autoritários e reacionários que fazem parte do STF e Congresso, ou mesmo os governadores que aplicaram a Reforma da Previdência em vários Estados com repressão aos professores, serão a grande salvação.

A confiança na força de luta e a auto-organização dos milhões de trabalhadores a nível não só municipal mas também nacional, é o que poderá mudar as regras do jogo e avançar para uma Constituinte Livre e Soberana imposta pela luta, que anule todos os ataques e promova igualdades que hoje na sociedade que temos é tão distante, como que todo juiz e político ganhe igual uma professora ou que os juízes, que hoje são votados por ninguém, tenham mandatos por meio de votação com possibilidade de serem revogáveis.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias