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DENÚNCIA | O Transporte das Abóboras

segunda-feira 18 de janeiro de 2016 | 23:41

"João César, Big Shopping, Parque São João"... Quem mora em Contagem há pelo menos 17 anos, só de ler esse bordão se recorda rapidamente dos inúmeros perueiros que ofereciam transporte de baixo custo para o bairro Eldorado e região. Aos poucos, na busca por lucro e arrecadação de impostos, a atividade foi proibida e vários pais de família perderam uma oportunidade de trabalho.

Mas se engana quem acredita que apenas os perueiros tiveram prejuízo, a população contagense também deixou de ter mais uma opção de transporte com preço acessível. A cidade de Contagem não copiou a vizinha Belo Horizonte, que realocou os perueiros nos chamados ônibus suplementares, que levam a população dos bairros para o centro da capital a um preço menor que o dos ônibus convencionais.
Aqui na cidade das abóboras, apesar de ser um município com grande arrecadação e 603 mil habitantes, não temos táxi lotação, ônibus circular a baixo custo ou ônibus suplementar. As passagens são mais caras do que as da capital, isso sem levar em conta as tarifas dos vermelhões, os ônibus metropolitanos.

Contagem das Abóboras não fornece à população opções de lazer gratuitas de qualidade e por tal motivo, grande parte da população se desloca para BH para se divertir nos finais de semana. Agora, imagine uma família de quatro pessoas se deslocando para a cidade vizinha... Só de passagem serão gastos mais de 35 reais, isso seria justo?

Ou então, que tal pensar no jovem universitário, uma vez que Contagem não possui universidade pública e o estudante tem de se deslocar para a capital para estudar. São mais de 10 reais gastos diariamente, mais de 200 reais mensais, isso sem contar as despesas com alimentação e material escolar. Como um estudante de baixa renda vai conseguir se manter com tamanho gasto?

E voltando ao lazer... Você quer sair a noite, tanto em Contagem quanto em Belo Horizonte você não tem segurança para ficar em um ponto de ônibus sozinho a noite e também, não tem transporte público para voltar para casa depois da meia noite. Quem mora na cidade das abóboras vira rapunzel ou junta uma boa grana para voltar pra casa. Do edifício Maleta, na região central de Belo Horizonte, você gasta R$40 de táxi. A conta não é popular.

O que dizer então do metrô? O transporte já sucateado não se expande, serve apenas a um bairro da cidade, vive lotado e fecha às 11 horas da noite. Se há um evento na estação de metrô central de Belo Horizonte, até o dia seguinte, como a virada cultural por exemplo, ou você sai antes do término do evento ou gasta uma fortuna em táxi. E por falar em táxi, o que temos por aqui, pelo menos. No ponto que serve ao metrô, deixa a desejar. Já precisei do serviço para ir ao Pronto Socorro e não encontrei nenhum motorista disponível. Tive de contar com a boa vontade de um taxista vizinho para me transportar na ida e na volta do socorro médico.

Na cidade das abóboras, o que não falta são promessas, abobrinhas eleitorais e poucos benefícios para a população. Precisamos acordar, parar de achar que é normal andarmos em ônibus lotados, caros, sujos e sem serviço.Parar para ver o quanto as empresas exploram os motoristas em dupla função (motorista-trocador). Parar de reclamar apenas no ponto de ônibus e fazer alguma coisa, protestar nas ruas, nas urnas e ser cobrador, dos eleitos por nós para que possamos nos deslocar como cidadãos e não como sardinhas com passagens abusivas chamadas de "Ótimo".

Patrícia, cidadã Contagense, direto do Curral das abóboras




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