×

Tese da Faísca pro 59° CONUNE | Nosso futuro não se negocia: comunistas por uma UNE antiburocrática e independente dos governos!

Apresentamos a seguir a tese da juventude Faísca Revolucionária, do grupo internacional de mulheres e LGBTQIAP+ Pão e Rosas, e independentes para o 59º Congresso Nacional de Estudantes da UNE. Essa tese debatida entre toda militância foi fruto do nosso acúmulo programático histórico, da nossa presença nas mais diversas lutas dentro e fora das universidades e do processo de construção de chapas comunistas rumo ao Conune.

Faísca Revolucionária@faiscarevolucionaria

terça-feira 13 de junho de 2023 | Edição do dia

Desde uma perspectiva comunista e revolucionária viemos batalhando contra as burocracias que mantém nossas entidades, como a UNE, subordinadas aos interesses dos governos e reitorias, apostando mais na conciliação com a direita e nas disputas institucionais do que na luta organizada desde a base e ao lado dos trabalhadores e dos movimentos sociais. Viemos impulsionando Tour Comunistas, grupos de estudos marxistas e organizando a juventude anticapitalista e revolucionária nas universidades para atuar em cada luta, agora convidamos a todes para debater conosco e ser parte dessa batalha pela construção de chapas comunistas, combatendo a burocratização que vem sendo esse processo de eleição de delegados do Conune e defendendo essas ideias como parte da nossa luta para refundar uma oposição de esquerda combativa e independente dos governos e das burocracias.

Somos parte dessa geração que diante da crise capitalista quer lutar pela revolução e o comunismo em todo mundo

Como muito bem colocou Marx, “a história da humanidade é a história da luta de classes”. Crescemos vendo as consequências de uma crise que comprova toda falácia da ideologia neoliberal de ascensão individual e de que o desenvolvimento pacífico e gradual do sistema capitalista poderia dar origem a uma sociedade mais igualitária. A visão cética e resignada que tem sua máxima expressão nas distopias vendidas pelas grandes plataformas de entretenimento buscam alimentar a ideia de que é impossível transformarmos coletivamente o curso da história, que estamos mais próximos do “fim do mundo” do que do fim do capitalismo. Mas essa visão precisa ser combatida! Nos apoiando no crescente interesse pelas ideias comunistas e no desejo de transformar essa sociedade que a cada dia fica mais forte no imaginário de milhares de pessoas em todo mundo, em particular na juventude e nos setores oprimidos que não suportam mais a miséria capitalista que destrói o meio ambiente e o planeta, que nos condena a sermos eternamente explorados em trabalhos precários e sem perspectiva de condições básicas de educação, saúde, moradia e transportes, enquanto os bilionários desfrutam até mesmo de viagens ao espaço.

Vemos hoje uma multiplicidade de crises orgânicas eclodirem em diversos países, que nos dizeres do revolucionário italiano Antonio Gramsci, seria uma crise de hegemonia na qual o novo ainda não terminou de nascer e o velho ainda não terminou de morrer. Um cenário no qual os capitalistas e seus governos buscam manter a qualquer custo sua dominação, seja com odiosas alternativas de extrema direita, como vimos com Bolsonaro, seja buscando desviar nossa revolta e indignação vendendo a ilusão de um capitalismo mais humano com suas variantes reformistas e neoreformistas. Mas estas distintas alternativas não estão dando uma saída para a crise porque depois de anos de triunfo neoliberal estamos vendo uma reatualização do que Lênin definiu como a etapa imperialista do sistema capitalista, marcada por crises, guerras e revoluções. Vivemos 15 anos de crise, vimos eclodir uma guerra reacionária na Ucrânia que recoloca o fato de que a disputa por uma nova hegemonia será marcada por distintos enfrentamentos entre potências, inclusive no campo militar. Queremos ser uma das gerações que verá uma revolução vitoriosa e nos organizamos desde já neste sentido, construindo uma juventude anticapitalista e revolucionária no Brasil e em outros 13 países, porque queremos ser parte de preparar as condições para vencermos.

É por isso que para nós cada experiência da luta de classes internacional é tão importante. Vibramos e nos contagiamos com a grande batalha da classe trabalhadora e da juventude francesa contra a reforma da previdência de Macron, fizemos ecoar a forte luta do povo peruano, com o protagonismo dos povos originários, contra o governo golpista e assassino de Dina Boluarte, batalhando para que distintos setores também repudiassem o apoio que Lula e o governo brasileiro deram para sustentar essa criminosa política do imperialismo na América Latina. Compartilhamos cada luta que ousa enfrentar esse sistema baseado no racismo, no patriarcado, na LGBTfobia, na xenofobia, na destruição ambiental, no capacitismo e na exploração da classe burguesa contra a ampla maioria da população. Defendemos que nossas entidades precisam ser parte ativa de trazer esses exemplos para o conjunto dos estudantes, porque nossa luta não obedece às fronteiras dos Estados capitalistas.

Damos essas batalhas porque precisamos de uma juventude profundamente internacionalista, que apoie e se solidarize ativamente com cada experiência da luta de classes internacional, extraindo também as lições do porquê esses processos não foram vitoriosos ou foram desviados. Hoje nossa geração tem um grande desafio internacional que é ter um programa e uma estratégia para transformar cada revolta em uma revolução vitoriosa, que desde a nossa perspectiva deve significar lutar para erguer partidos revolucionários internacionais por uma revolução operária e socialista que derrote o Estado burguês e busque construir o socialismo desde a base, como foi nos primeiros anos da União Soviética antes da degeneração burocrática estalinista, legado contrarrevolucionário reivindicado por algumas organizações de juventude como a UJS, a Correnteza e a UJC. Nosso objetivo é a conquista de uma sociedade comunista, sem Estado e sem classes, sem opressão e exploração, para estabelecer um metabolismo comum e harmônico entre ser humano e natureza, onde os trabalhadores, que tudo produzem, possam ser a cabeça de pensar e organizar as bases da nova sociedade. Queremos que todes que concordam com esse objetivo batalhem por ele ao nosso lado.

Nada nos foi dado, tudo o que conquistamos foi com a nossa luta, a conciliação só fortalece a direita e os capitalistas: contra a burocracia e pela auto-organização dos estudantes, que a UNE seja independente dos governos

A aprovação do primeiro grande ataque do governo Lula-Alckmin com um novo teto de gastos chamado de arcabouço fiscal contou com apoio até mesmo de Bolsonaro e seus aliados, além de neoliberais de todo tipo, já que essa política representa um grande ataque em nome da manutenção dos interesses capitalistas e principalmente do pagamento do roubo da dívida pública. Ela permitiu que a extrema direita, cujo núcleo duro vinha mais debilitado com o fracasso das ações golpistas de 8 de janeiro, se sentisse fortalecida, em particular os representantes do agronegócio que sempre mantiveram sua relação com o Centrão e com o próprio governo-Lula Alckmin. Assim, avançaram com novos ataques, como a votação do PL do Marco Temporal, em que 155 deputados da base do governo votaram a favor e as medidas contra o meio ambiente, além da reacionária CPI do MST. A UNE precisa desde já estar na linha de frente de convocar uma paralisação nacional que tenha como centro a luta para colocar abaixo o arcabouço fiscal, para derrotar o PL do Marco Temporal e a CPI do MST, sem nenhuma confiança em instituições como o STF, que suspendeu uma decisão que reconhecia o vínculo de emprego entre motorista e aplicativo e foi parte de cada um dos ataques aos direitos trabalhistas dos últimos anos. Nossa entidade e os estudantes precisam defender os indígenas, a Amazônia, a Mata Atlântica e os direitos trabalhistas, levantando a revogação das reformas e privatizações e a necessidade de unificar os trabalhadores, a juventude, os indígenas e os movimentos sociais para enfrentar os ataques, pois a conciliação só fortalece a extrema-direita.

Uma política assim poderia colocar em outro patamar a preparação rumo ao Congresso da UNE, que será o primeiro presencial depois de 4 anos. Pela primeira vez muitos estudantes estão ouvindo falar sobre a entidade, infelizmente na maioria das vezes já diretamente com a abertura dos processos eleitorais, sendo que muitos estão acontecendo de forma ainda mais burocrática. O campo majoritário (UJS/PCdoB, PT, Levante Popular da Juventude) fundou do dia para noite DCEs por fora de qualquer organização real dos estudantes, somente para manter artificialmente seu peso, e determinam critérios bastante antidemocráticos que impedem a participação de diferentes chapas nos processos eleitorais de delegados, além de inúmeras denúncias de roubos, de tentativas de fraudes nas urnas, de impedir estudantes de votar e de ataques entre organizações que buscam desviar o debate político para o campo das ofensas pessoais, inclusive reproduzindo práticas e métodos opressivos típicos da ideologia burguesa. Exemplos que demonstram como ao invés de se preocupar com a verdadeira organização desde a base, em cada local de estudo e trabalho, para enfrentar os ataques em curso, esse processo está sendo pautado por um aumento da lógica de disputa de cargos a qualquer custo, onde até mesmo as correntes que se colocam no campo da oposição reproduzem os métodos degenerados e burocráticos da majoritária nos lugares em que possuem maior força e peso político.

Desde a Faísca Revolucionária e o grupo de mulheres e LGBTQIAP+ Pão e Rosas rechaçamos fortemente cada uma dessas práticas, pois acreditamos que nossas entidades estudantis devem ser ferramentas de luta e organização dos estudantes. Nossa batalha é para construir dentro da UNE uma oposição que de fato se enfrente com a enorme burocracia majoritária, sem se adaptar a ela quando é conveniente ou conviver pacificamente com essas práticas, como fazem diversos setores da oposição. Ao contrário das juventudes do PSOL, do Correnteza/UP e do MUP/UJC que com algumas nuances entre si fazem um balanço positivo da UNE, como se a política da entidade no último período tivesse sido correta e tenha permitido a entidade se capilarizar na base estudantil, nosso balanço é de que o aprofundamento dos métodos burocráticos se dão justamente porque ao longo de todo o último período a majoritária pôde levar a frente sua política de confiar mais na aliança com a direita e nas instituições desse regime capitalista cada dia mais degradado, do que nos estudantes organizados sem que houvesse uma oposição consequente como alternativa desde as bases. O que os fortaleceu para que agora busquem fazer a juventude acreditar que se colocar abertamente contra os ataques do governo Lula-Alckmin é o que fortalece a extrema direita, quando o que estamos vendo é novamente como é a conciliação de classes o que abre espaço para esse setor avançar e passar a boiada contra nossos direitos. O fortalecimento dessa política também se deve ao fato de que a maioria das organizações ao invés de batalhar por uma oposição firme e combativa contra essa política defendendo a organização desde a base dos estudantes ao lado da classe trabalhadora, dos movimentos sociais e de toda população pobre e oprimida, também cedeu à política de conciliação de classes, como vemos hoje com o PSOL sendo parte deste governo de frente ampla, com ministério e com o cargo de vice-liderança do governo na Câmara.

E não podemos separar essa atuação nas entidades estudantis da política levada a frente nas eleições para os sindicatos, onde a adaptação do PSOL, PCB e UP à burocracia também ficou escancarada. Seja em 2022 nas eleições do sindicato do metrô de São Paulo quando a UP se unificou com a CUT, CTB e PSB contra uma chapa unitária da esquerda, ou mais recentemente nas eleições da APEOESP, o sindicato de professores do estado de São Paulo, maior sindicato da América Latina, onde PCB, Resistência-PSOL e MES-PSOL estavam novamente junto à CUT com fraudes escandalosas, ao passo que a UP se unificou com a CUT em numerosas subsedes e seu material chamava voto na burocracia. Até mesmo o PSTU entrou no sindicato de professores de Minas Gerais com a burocracia. É por isso que atuamos ao lado dos companheiros do movimento Nossa Classe, que hoje compõem a direção minoritária do sindicato dos metroviários de SP, são parte da direção do sindicato de trabalhadores da USP, e recentemente construíram uma chapa da oposição combativa e unificada entre os professores, conquistando a maioria da direção na Subsede da Apeoesp de Santo André, demonstrando um exemplo oposto a essa lógica oportunista que só pensa nos cargos e não nas necessidades reais de retomar os sindicatos e as entidades estudantis como ferramentas de luta e organização desde a base.

O último CONUNE presencial aconteceu ao mesmo tempo que Bolsonaro e o Congresso aprovaram a reforma da previdência e mesmo com milhares de estudantes reunidos em Brasilia, a UNE não fez desse congresso um ponto de inflexão na luta contra os ataques. Em 2019, denunciamos como a majoritária estava entregando a luta da juventude que se expressou fortemente nas ruas com o Tsunami da Educação, para negociar com Rodrigo Maia, então presidente da Câmara, aceitando sua chantagem que sequer reverteu os cortes na educação, separando conscientemente a luta estudantil das lutas da classe trabalhadora. Essa política criminosa só se aprofundou desde então, com o Congresso virtual da UNE em 2021, sem eleição de delegados, servindo apenas para legitimar que a majoritária pudesse seguir sua linha política.

Mas ao longo de todo esse período não faltou disposição para enfrentar Bolsonaro e seus ataques, mesmo com as dificuldades da pandemia que fragmentou os estudantes, impondo condições absolutamente novas para organizar nossa luta, como o isolamento social e o ensino remoto. Vimos milhares saírem às ruas para compor os diversos atos pelo Fora Bolsonaro, para lutar contra a violência policial e o racismo, por justiça para Mari Ferrer e também na indignação contra a imposição do ensino remoto e depois pelo retorno seguro das aulas presenciais. No entanto, a política da majoritária em cada uma dessas lutas foi canalizar a energia dos estudantes para acreditar que a única saída possível era pela via das eleições, foi combater a auto-organização desde a base e as assembleias, foi separar e dividir nossas lutas marcando atos tirados das reuniões de cúpula das frentes e sem nenhum plano real que pudesse dar continuidade e perspectiva para as lutas nas ruas, até desmoralizar e cansar os estudantes para que só vissem a saída eleitoral como forma de enfrentar Bolsonaro. Enquanto isso, seus governadores aprovavam ataques como a Reforma da Previdência sob repressão contra manifestantes como fez Rui Costa (PT) na Bahia.

Assim a majoritária trabalhou incansavelmente para fortalecer a ideia de que a juventude tinha que aceitar não somente a aliança com Alckmin, mas com todo um amplo arco de inimigos declarados, mesmo entre outras correntes que se opunham em algumas questões de métodos, na política terminaram confluindo em se adaptar a conciliação de classes. Um acontecimento emblemático que representa o quão nefasta era essa política foi que enquanto os povos indígenas protagonizavam uma grande luta contra o marco temporal enfrentando a repressão de um lado do planalto central, do outro as principais referências da nossa entidade e representantes de partidos como PSOL, UP, PCB e até mesmo o PSTU se aliavam a setores da direita para depositar a expectativa de tirar Bolsonaro pela via do impeachment no reacionário congresso que aprovou a reforma da previdência e inúmeros ataques. Talvez o mais absurdo tenha sido ver a UJS defender que era necessário buscar uma aliança até mesmo com o MBL, que além de terem sido um dos principais articuladores do golpe institucional de 2016, nunca esconderam que defendem os ataques contra os indígenas e o meio ambiente.

Hoje a majoritária se apoia em sua legitimação política para defender que o CONUNE referende sua política de conciliação e subordinação ao governo, ao regime capitalista e às reitorias, atuando em cada universidade para impedir que a insatisfação dos estudantes com a persistência da crise e a vontade de combater a extrema direita não se transforme em uma luta ativa que busque também questionar o papel do governo Lula e sua política de conciliação na aprovação de ataques como o Arcabouço Fiscal, e na liberação da bancada do governo para votar o PL 490. Queremos enterrar na lata do lixo da história todo legado de morte, fome e preconceito do bolsonarismo e da extrema direita, mas essa luta não pode ser feita confiando na direita, nos empresários e em patrões, em setores do regime como o Congresso e o STF, pois eles sempre estarão juntos quando se tratar de defender os interesses capitalistas. Também não podemos achar que vai ser pela via de um governo que se propõe administrar esse sistema capitalista mantendo o fundamental dos ataques do último período e também atacando, com uma aliança com setores da burguesia e da direita, que vamos conquistar nossas demandas. Mesmo sabendo que ele foi eleito com apoio de diversos setores oprimidos e explorados que ainda possuem muitas expectativas, é fundamental defender a independência política e organizativa das nossas entidades, pois ainda se trata de um governo eleito para administrar esse sistema capitalista. Por isso, defendemos:

  • Abaixo o arcabouço fiscal, o PL do Marco Temporal e a CPI do MST! Que a UNE convoque uma paralisação nacional organizada desde as bases em defesa dos indígenas, da Amazônia, da Mata Atlântica e dos direitos trabalhistas. Pela revogação das reformas e privatizações, unificar os trabalhadores, a juventude, os indígenas e os movimentos sociais para enfrentar os ataques. A conciliação só fortalece a extrema-direita.
  • Com a força das mulheres, negros, indígenas, LGBTQIAP+ e PCDs lutaremos ao lado da classe trabalhadora para que Bolsonaro e sua corja paguem por todos os seus crimes, inclusas as mais de 700 mil mortes pela COVID, por meio da luta de classes, sem nenhuma confiança nas instituições que implementaram os ataques como o golpe institucional de 2016 e as reformas trabalhista, da previdência e do ensino médio, como o STF, ataques que o governo Lula-Alckmin já afirmou que vai preservar.
  • Enfrentar a burocracia e fortalecer a auto-organização batalhando por uma UNE combativa, democrática e independente dos governos e das reitorias, nossa aliança é com a classe trabalhadora e todos os setores oprimidos e explorados. Nossa entidade precisa fortalecer a organização estudantil para se aliar com a classe trabalhadora que move o mundo, unificando nossas lutas com as dos povos indígenas, dos movimentos por terra, por moradia, ambientalistas, de mulheres, negros e pela diversidade sexual e de gênero desde uma perspectiva independente desse Estado capitalista e seus governos, travando uma luta unificada que busque atacar pela raiz esse sistema de exploração e opressão.
  • A UNE em articulação com os DCEs, DAs e CAs de todo país precisa sempre convocar assembleias como espaços democráticos para a base dos estudantes, com direito a voz e voto, e diante de processos de luta impulsionar a criação de comitês de greve/mobilização com representantes eleitos desde a base para articular e fortalecer cada processo, seja em escala regional ou nacional.

É urgente refundar uma oposição de esquerda combativa e independente dos governos e das burocracias

Diante de tudo isso, fazemos um chamado para todes que desejam batalhar por entidades combativas e independentes dos governos, das burocracias e sem nenhuma confiança nas instituições: realizemos uma plenária unificada para refundar uma verdadeira oposição de esquerda na UNE. Queremos discutir com todes que também defendem essa perspectiva, sejam estudantes independentes ou organizações como a juventude Vamos à Luta e o Rebeldia, ainda que estejamos em chapas separadas em algumas eleições, acreditamos que esse objetivo de refundar nacionalmente uma oposição combativa e independente pode ser a base para uma nova articulação dentro do movimento estudantil. Temos uma grande tarefa de atuar em unidade, apesar das nossas diferenças, para refundar uma oposição de esquerda que organize os estudantes ao lado da classe trabalhadora e dos povos indígenas em luta!

Impulsionar em cada universidade do país uma grande campanha com o Manifesto contra a terceirização e a precarização do trabalho

Somos uma juventude comunista e nossa batalha passa por não aceitar que o conhecimento que produzimos dentro das universidades conviva com tamanha exploração e opressão como é a terceirização, com uma maioria de mulheres e negros que são essenciais para o funcionamento da universidades, mas que em nome dos lucros capitalistas são superexplorados e os primeiros sobre os quais recaem os cortes orçamentários. Defendemos que a UNE se some à iniciativa impulsionada por mais de 2 mil intelectuais, juristas, parlamentares, ativistas, entidades acadêmicas e de representação de trabalhadores, construindo em cada universidade uma campanha a partir do abaixo assinado do Manifesto contra a terceirização e a precarização do trabalho. Além disso, defendemos que o programa da nossa entidade seja a defesa de que todos os trabalhadores terceirizados sejam efetivados com todos os direitos, sem a necessidade de fazerem um concurso público para provar que sabem fazer um trabalho para o qual muitos já provaram há anos que são absolutamente capazes de realizar, assim como a revogação de todas as reformas anti-operárias.

Pela revogação integral e imediata do Novo Ensino Médio!

Lutar pela revogação integral do novo ensino médio também é uma tarefa da UNE. Comprometidos com os grandes empresários, a ponto de manter bolsonaristas em cargos, Lula e o Ministério da Educação de Camilo Santana já declararam que não vão revogar essa reforma que está destinada a aprofundar a precarização do trabalho dos professores e a deixar toda uma geração de jovens com uma educação cada dia mais a serviço dos empresários que nos querem nas bikes dos aplicativos e não nas universidades. A inclusão do FUNDEB no Arcabouço Fiscal, o novo teto de gastos, é outra demonstração da disposição do governo em atuar a favor dos empresários da educação e dos banqueiros. Nossa luta é pela revogação integral do NEM e para derrotar o arcabouço fiscal, é absurdo que a UNE, Ubes e a CNTE sigam dividindo a força dos estudantes e trabalhadores com os poucos atos que foram convocados em dias separados. Precisamos de um plano de lutas debatido democraticamente desde a base para derrotarmos esse ataque! E a partir dessa articulação para revogar a reforma com a nossa luta, podemos conformar comitês auto-organizados de estudantes, professores, trabalhadores e pesquisadores da educação, sem nenhuma ingerência dos tubarões do ensino, para discutir como deve ser a implementação de uma educação pública, gratuita, democrática, laica e de qualidade que de fato atenda aos interesses da juventude e não dos empresários capitalistas.

Não queremos ser aqueles que administram esse sistema de exploração e opressão: nossa batalha é para que as universidades e nosso conhecimento estejam a serviço da classe trabalhadora e do povo pobre e oprimido!

A educação pública vem sofrendo com os cortes no orçamento desde 2015, que foram aprofundados com toda ofensiva reacionária durante o governo Bolsonaro. Lula não recompôs o orçamento que está em defasagem faz muitos anos e a aprovação do novo teto de gastos, o Arcabouço Fiscal, uma medida neoliberal que só favorece os banqueiros e empresários, além de atacar a educação pública com a possibilidade de cortes no FUNDEB. Quem mais sofre com esses ataques são justamente os filhos da classe trabalhadora e do povo pobre, que vão ter ainda mais dificuldades para furar o filtro social e racial do vestibular, e quando conseguir entrar nas universidades vão se deparar com todas as dificuldades em relação à permanência estudantil que seguem sendo uma luta fundamental no ensino universitário. Enquanto a burguesia e os reformistas disputam os estudantes para serem quadros a serviço da manutenção de administrar esse sistema de exploração e opressão, nossa juventude comunista batalha todos os dias para que os estudantes se vejam como aqueles que podem se aliar a classe trabalhadora que tudo produz, colocando na sua linha de frente a força das mulheres, negros, indígenas, LGBTQIAP+ e PCDs para lutar contra cada ataque e por cada direito, sempre desde a perspectiva de destruir esse sistema, levantando um programa que se enfrente com os lucros e a propriedade privada capitalista. Nosso programa é para questionar a universidade e a sociedade de classes!

  • Por uma grande campanha em defesa da permanência estudantil para toda demanda, pelo reajuste das bolsas para um salário mínimo e aumento de acordo com a inflação.
  • Por creches, moradias e bandejões com preços acessíveis e sem trabalho precário, em todas as universidades e para todes que precisam de auxílio.
  • Abaixo a portaria 2.117 que libera a oferta de até 40% da carga horária do ensino presencial em EAD.
  • Pela revogação de todos os cortes e ataques que seguem, por mais verbas para educação pública e pela abertura dos livros de contas nas universidades. Que seja a comunidade universitária aquela que decida para onde vai o orçamento da educação.
  • Por estatuintes livres e soberanas, onde os estudantes, professores e trabalhadores decidam os rumos da universidade, conformando gestões tripartites de acordo com o peso real de cada setor e eleitas por sufrágio universal, derrotando as intervenções bolsonaristas e pondo fim às reitorias e aos conselhos universitários herdeiros da ditadura.
  • Em defesa das cotas étnico-raciais, batalhando para que sejam proporcionais de acordo com o número de negros e indígenas em cada estado. Pela democratização radical do acesso à educação com o fim do ENEM e vestibulares. Pelo perdão imediato das dívidas do Fies ou dos atrasos de mensalidades, lutamos pela estatização das universidades privadas sob controle dos estudantes, professores e trabalhadores da educação, começando pelos principais monopólios privados de ensino.
  • Por cotas trans, pela desburocratização do nome social e a liberdade para usar os banheiros de acordo com a identidade de gênero de cada um. Impulsionar a criação de secretarias de combate às opressões nas entidades, fomentando a auto-organização dos estudantes.
  • Por um plano de obras dirigido por representantes de pessoas com deficiência e frequentadores noturnos da comunidade universitária junto com os trabalhadores, com mais contratações efetivas com plenos direitos, para resolver os problemas de acessibilidade das universidades.
  • Em defesa das festas, saraus, festivais e dos espaços de socialização e convivência auto-organizados pelos estudantes e entidades dentro das universidades. Abaixo todo tipo de perseguição aos lutadores das universidades.
  • Basta dos convênios e acordos das reitorias com as grandes empresas capitalistas e do agronegócio! Queremos colocar o conhecimento das nossas universidades a serviço de pensar uma transição ecológica e da resolução dos problemas sociais, o que só pode se dar enfrentando os capitalistas e seus governos que destroem nosso planeta, atacam os povos originários e só pensam nos seus lucros.
  • Pelo não pagamento da dívida pública ilegal e fraudulenta, que aprisiona o orçamento público nas mãos de um punhado de banqueiros e capitalistas. Fora imperialistas!

Com a força das mulheres, negros, indígenas, LGBTQIAP+, PCDs e em aliança com a classe trabalhadora lutamos por um programa que se enfrente com os lucros dos capitalistas e os interesses imperialistas!

  • Nenhuma conciliação com o agronegócio e os capitalistas que destroem o meio ambiente e atacam os povos originários. Por uma reforma agrária radical, pela demarcação dos territórios indígenas e quilombolas, ampliando as áreas de proteção ambiental, e pelo direito à autodeterminação dos povos!
  • Para enfrentar os interesses imperialistas e da burguesia que buscam controlar nossos recursos naturais, lutamos pela estatização das grandes mineradoras, das indústrias alimentícias e de todas as empresas estratégicas sob controle dos trabalhadores em aliança com a população pobre e oprimida.
  • Pela redução da jornada de trabalho para 6h, garantindo empregos com direitos para os jovens trabalhadores e o conjunto dos desempregados, com igualdade salarial entre brancos e negros, homens e mulheres!
  • Nossa luta é por reajuste salarial mensal igual à inflação, por um salário mínimo de acordo com o DIEESE e por uma reforma urbana radical que seja realizada através de um grande plano de obras públicas controlado pelos trabalhadores, que exproprie as grandes mansões e garanta moradia e emprego para todos.
  • Aos 10 anos das jornadas de junho seguimos combatendo a precarização e privatização dos transportes públicos. Defendemos o direito e a ampliação do passe livre para toda juventude, estudantes e desempregados, batalhando pela estatização dos transportes sob controle dos trabalhadores junto a população para garantir o direito ao transporte público gratuito para todes.
  • São 5 anos sem respostas, exigimos Justiça por Marielle: por uma forte mobilização para impor uma investigação independente.
  • Contra o capitalismo, o patriarcado e o machismo, nosso feminismo é socialista e revolucionário: pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuido, por educação sexual nas escolas, contraceptivos, por creches para toda demanda, pela separação total e indiscutível da Igreja e do Estado. Por um Plano Nacional de Emergência contra a violência de gênero.
  • A pandemia escancarou a necessidade de um sistema de saúde público, gratuito e de qualidade, acessível a toda população e que enfrente a privatização interessada dos grandes convênios privados. Por um SUS 100% estatal, gerido pelos trabalhadores da saúde e controlado pela população.
  • Estamos ao lado das mães que lutam contra a violência policial, basta de operações policiais nas favelas e periferias! Nos apoiamos na juventude negra que se levantou em todo o mundo na luta antirracista para dizer que queremos o fim das operações policiais, dos autos de resistência e da repressão da juventude, defendemos a auto-organização da população e o fim da polícia. Pela legalização de todas as drogas!
  • Contra todo tipo de LGBTFobia, batalhamos por um mundo onde todes possam exercer plena e livremente sua liberdade sexual e de gênero, e onde o amor possa florescer sob novas bases.
  • Pelo o direito ao lazer e à cultura e a arte: nossa luta é para que o Estado garanta espaços de lazer, cultura, música, cinemas e teatros, acesso aos museus, espaços artísticos e culturais que sejam autogeridos pela juventude e os trabalhadores, junto a organizações culturais, sem interferência de empresas privadas que só visam o lucro.
  • Contra a guerra na Ucrânia pela unidade internacional da classe trabalhadora com uma política independente, pela retirada das tropas russas, contra a OTAN e o armamento imperialista, por uma Ucrânia operária e socialista, na perspectiva dos estados unidos socialistas da Europa.



Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias