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AJUSTES | Lula e Levy discordam sobre como agradar melhor o mercado financeiro

Adriano FavarinMembro do Conselho Diretor de Base do Sintusp

sexta-feira 13 de novembro de 2015 | 00:00

Em mais um capítulo do triângulo Lula-Levy-Dilma, o primeiro criticou ontem a carta que Levy leu aos senadores para agradecer um jantar oferecido a ele na quarta-feira, com 52 senadores de vários partidos, na casa do líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE).

A nota apontava a preocupação em dar competitividade para a burguesia nacional em um momento da economia mundial no qual os preços das commodities despencam. A solução seria enfrentar questões estruturais do país, como garantir a flexibilização, aumentar os impostos e a arrecadação. Ou seja, manter a aprofundar as medidas de ajuste e o arrocho.

O ex-presidente Lula, que almeja a volta ao poder em 2018, busca alterar alguns elemntos do ajuste fiscal para torná-lo mais vendável e poder salvar um pouco a popularidade do governo, pois o fracasso de Dilma contamina suas próprias perspectivas eleitorais. Lula criticou a nota e disse que o governo precisa agora liberar mais crédito na praça e transmitir um discurso de “esperança”, indicando onde quer chegar. Para o ex-metalurgico não importa se aumenta o desemprego, se direitos são retirados, sua diferença com o atual ajuste não reside aí, mas que ele é recessivo demais sem ter um pouco de crédito para atenuar os efeitos, para que os desempregados continuem se endividando. Não se trata de uma disputa entre “ajuste” ou “não ajuste”, mas de detalhes secundários (mais créditos ou não) no modelo em como fazer os trabalhadores pagarem as contas de uma crise que não criaram.

O medo do PT é perder sua base social e seu horizonte mira nas eleições municipais de 2016, principalmente em São Paulo. Já Dilma e o governo estão mais preocupados com o mercado financeiro e a burguesia internacional, portanto, temem que qualquer movimentação na Fazenda possa passar um sinal de fraqueza e descontrole nos rumos do governo, favorecendo a oposição e um possível impeachment (ainda mais após a carta-programa lançada pelo vice-presidente em nome do PMDB há duas semanas se colocando como alternativa política e econômica de governo). A preocupação de Lula, ainda que busque outro nome e algumas mudanças na política econômica, é justamente emplacar um nome fortissimo no mercado financeiro, como o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles. Com vias distintas todos estão buscando aplacar o ‘deus’ finanças internacionais para ter mais governabilidade.

Independente do que se aparenta para fora no jogo de discursos e retóricas de cada um desses três antagonistas, nos bastidores se mantem a seguinte estequiometria: garantir a aplicação dos ajustes pelo governo do PT, mas de uma maneira que prejudique menos a imagem do PT para as eleições de 2016! Ora a proporção de cada um desses elementos se combina, ora reage... a única forma de desarmar essa bomba contra os trabalhadores é uma articulação independente de qualquer variante burguesa e governista que se coloque contra os ajustes e contra a tríade Lula-Dilma-Levy.




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