O Exército israelita deu um ultimato de 24 horas nesta sexta-feira aos habitantes do norte da Faixa de Gaza para evacuarem a zona e seguirem para o sul antes de uma incursão. A ONU denunciou “consequências devastadoras”. Israel prepara um novo massacre contra o povo palestino.
sexta-feira 13 de outubro de 2023 | Edição do dia
Esta sexta-feira (13), Israel ordenou a 1,1 milhão de habitantes do norte da Faixa de Gaza que evacuassem a área antes de uma incursão terrestre, ao mesmo tempo que continuava a bombardear a Faixa. A declaração foi feita através do Exército, que deu um ultimato de 24 horas aos habitantes daquela área, que inclui a Cidade de Gaza, com 700 mil habitantes, e outras cidades e campos de refugiados que têm outros 400 mil palestinos.
O ultimato em si é um ato terrorista por parte do Estado de Israel, uma vez que é impossível num território como a Faixa de Gaza, que sofre um bloqueio por terra, ar e mar, que mais de um milhão de pessoas se desloquem para outro lugar, sendo que não têm para onde ir. É uma ameaça direta de um massacre em curso. Até a ONU, através de Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral, denunciou que a “relocalização em massa” é “impossível” e pode ter “consequências devastadoras”.
Israel deu o ultimato em meio a intensos bombardeios na Faixa de Gaza, onde já matou pelo menos 1.537 palestinos e feriu mais 6.612.
A organização Human Rights Watch anunciou nesta quinta-feira, em seu site, que conseguiu verificar a autenticidade de vídeos que registraram o momento em que aviões militares israelitas lançaram projéteis contendo fósforo branco em zonas próximas do porto de Gaza e no Líbano. O uso dessas bombas contra pessoas é proibido internacionalmente devido ao sofrimento que causam.
Ao mesmo tempo, o cerco de Israel à Faixa de Gaza, cortando eletricidade, água, combustível e impedindo a entrada de abastecimentos, colocou os hospitais à beira do colapso. Isso foi alertado nesta sexta-feira pelo Ministério da Saúde de Gaza: “As equipes de saúde estão trabalhando há sete dias e não abandonaram as suas posições. Apesar dos ataques e baixas entre as suas fileiras, o pior está por vir”.
Desde que o ataque começou, há seis dias, mais de 423 mil pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas no território palestino, segundo a agência humanitária da ONU, OCHA. Essa agência informou ainda que devido ao cerco israelita, alguns habitantes começam a beber água do mar, salgada e contaminada por esgotos.
O ultimato israelita ocorre no meio de uma visita do secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, que acaba de se reunir com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e endossou a ofensiva contra o povo palestiniano. Os Estados Unidos aprovaram o envio de suprimentos militares a Israel para continuar bombardeando Gaza e transferiram porta-aviões para a área. Da mesma forma, os estados imperialistas europeus alinharam-se com Israel.
Israel tem um dos exércitos mais poderosos do mundo, armado até aos dentes pelos EUA e pela UE, e é uma potência nuclear. É um Estado de ocupação desde a sua fundação em 1948 com base na limpeza étnica da população árabe, à qual tomou a maior parte do seu território em sucessivas guerras. Os governos do mundo todo que apoiam Israel nada dizem diante dos permanentes assassinatos, torturas e todo tipo de humilhações cometidas pelo governo de Netanyahu. Esta sexta-feira o Estado de Israel anuncia um novo massacre, que muitos palestinos já denunciam como uma nova “Nakba” (catástrofe), como foi chamada a limpeza étnica sobre a qual Israel foi fundado.
Assim que o ultimato de Israel foi divulgado, mobilizações de apoio ao povo palestino começaram a ocorrer em diversos países árabes da região. Na Alemanha, França e Reino Unido, os governos anunciaram a proibição de manifestações de apoio à Palestina. Apesar disso, nesta semana ocorreram grandes manifestações de apoio ao povo palestino em Paris e em outras cidades. É urgente a mobilização em solidariedade ao povo palestino em todo o mundo e contra o novo massacre preparado pelo Estado colonialista de Israel!
Abaixo as sanções econômicas, as medidas de castigo coletivo, os bombardeios e a intervenção militar israelense! Abaixo toda ajuda financeira e militar dos Estados Unidos a Israel! Basta de extermínio ao povo palestino!
