Em mais um áudio da delação premiada de Sérgio Machado, presidente da Transpetro, Renan Calheiros é flagrado orientando a defesa de Delcídio do Amaral, ex-líder do governo petista no senado. A gravação também cita dois ministros de Temer: José Serra, de relações exteriores, e Mendonça Filho, ministro da educação.
sexta-feira 27 de maio de 2016 | Edição do dia
As novas gravações reveladas pela delação premiada de Sérgio Machado tem trazido novas bombas que mostram ainda mais – como se já não fosse suficiente – toda a podridão por trás da política burguesa no Brasil e, em particular, por trás do golpe institucional armado em um grande esquema que envolve parlamentares, STF e mídia.
Dessa vez, o afilhado político de Renan entrega os podres de seu mentor político, que o indicou para a presidência da Transpetro no início do primeiro governo Lula. A conversa revelada mostra Renan conversando com o lobista Vandelbergue Machado, orientando-o na defesa de Delcídio do Amaral diante do Conselho de Ética. A gravação foi feita antes da cassação do mandato de Delcídio por unanimidade no plenário do Senado, e antes mesmo que viesse a público sua atuação como delator na Lava Jato.
Veja o trecho em que ocorre a orientação da defesa:
RENAN: O que que ele (Delcídio) tem que fazer... Fazer uma carta, submeter a várias pessoas, fazer uma coisa humilde... Que já pagou um preço pelo que fez, foi preso tantos dias... Família pagou... A mulher pagou...
VANDERBERGUE: Ele (Delcídio) só vai entregar à comissão, fazer essa carta e vai embora.
RENAN: Conselho de ética. Falei agora com o João (João Alberto, presidente do Conselho de Ética). O João, ele fica lá ouvindo os caras... O Conselho de Ética não tem elementos para levar processo adiante. Também é ruim dizer que não vai levar o processo adiante. Então, o Conselho de Ética tem que requerer diligências requisição de peças e enquanto isso não chegar fica lá parado...
VANDERBERGUE: (João Alberto) vai colocar em votação e vai ter uma derrota antecipada...
Depois da divulgação da conversa, Renan respondeu à repercussão por meio de sua acessoria, afirmando que acelerou o processo de cassação de Delcídio na véspera do impeachment (aí sim, quando todos já sabiam da delação de Delcídio).
Em outra conversa, de 11 de março, essa entre o próprio Sérgio Machado e Renan, eles discutem como tentar frear os investigadores da Lava Jato. Criticam Rodrigo Janot, procurador geral, e também citam diversos políticos, como Aécio Neves, do PSDB; o deputado Pauderney Avelino (AM), líder do DEM; "Mendoncinha", como é chamado o ministro da Educação do governo golpista, o ex-deputado Mendonça Filho (DEM-PE); senador José Agripino (RN), presidente do DEM; senador Fernando Bezerra (PSB-PE); Serra, do PSDB, atual ministro das Relações Exteriores de Temer, e Dilma Rousseff.
Eles discutem como tentar ter acesso ao ministro que é relator da Lava Jato no STF, Teori Zavascki. E, discutindo os políticos implicados em corrupção e desvio de verbas para campanha, Sérgio Machado diz: “dos políticos do congresso se "sobrar" cinco que não fez é muito. Governador nenhum.”
Ainda é colocado por Sérgio Machado o receio de que esteja aparecendo na mídia a discussão de que o impeachment seria uma forma de preservar os corruptos. A conversa, mais uma vez, deixa claro o que temos apresentado aqui a todo momento: a implicação de todas as instituições do regime no golpe que colocou Temer na presidência para poder implementar os ataques que temos visto e que seguirão.
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