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Denúncia | Governo Leite concede incentivos milionários às vinícolas que mantinham trabalho escravo

As vinícolas Aurora, Garibaldi e Salton receberam incentivo fiscal do Estado do Rio Grande do Sul de mais de R$ 70,6 milhões. Essas empresas são as mesmas que no início do ano estiveram envolvidas nas denúncias de manter trabalhadores terceirizados em situação análoga à escravidão e o incentivo foi feito após as denúncias.

sexta-feira 22 de setembro de 2023 | Edição do dia

Em um artigo publicado no jornal Sul21, foi apresentado uma pesquisa realizada pelo DIEESE, sobre o aumento dos incentivos fiscais dados pelo governo do estado do Rio Grande do Sul às empresas privadas. Um aumento de mais de 71,6% nos últimos 8 anos. Nesta pesquisa nos deparamos com o chocante dado que entre essas empresas estavam as vinícolas da cidade de Bento Gonçalves, que no início deste ano ficaram conhecidas por manterem mais de 200 trabalhadores terceirizados em condições análogas à escravidão. Os incentivos seguem até agora.

Juntas, as três vinícolas da serra gaúcha (Aurora, Garibaldi e Salton) receberam um incentivo milionário de mais de R$ 70,6 milhões do estado. As três aderiram ao Fundopem nos últimos anos para receber o incentivo, sendo uma delas, a Aurora, tendo seu benefício aprovado logo após estourar a denúncia de trabalho escravo. A matéria ainda informa que não existe nenhuma transparência para que as empresas recebam esse benefício milionário, uma das vinícolas apenas mostra que irá gerar somente 10 postos de trabalho.

Para lembrar desse caso draconiano que ainda segue sendo uma realidade em todo o Brasil, em fevereiro de 2023, 207 trabalhadores baianos foram resgatados em Bento Gonçalves onde se encontravam em condições análogas a escravidão. Cerca de 84% desses trabalhadores eram negros. Esses trabalhadores foram contratados pela empresa terceirizada Oliveira & Santana, que prestava serviços para as vinícolas. Os trabalhadores saíram do interior da Bahia com a promessa de ganhar R$ 3 mil reais, mais despesas com alimentação e alojamento. Mas o que receberam, na verdade, foram locais insalubres para dormir, comida estragada e longas jornadas de trabalho com baixa remuneração. Ainda sofriam brutais agressões físicas e eram ameaçados a pagar multa caso fossem embora.

Enquanto as empresas recebem mais de R$ 70 milhões de incentivo fiscal, o termo de Ajuste de Conduta assinado por elas após o escândalo, foi de um valor de R$ 7 milhões, sendo apenas R$ 2 milhões destinados aos 207 trabalhadores (o equivalente a R$ 9,6 mil para cada um).

Com isso, o governo de Eduardo Leite mostra a sua face mais cruel, apoiando e enchendo de privilégios empresas que utilizam de trabalho escravo para enriquecer. Enquanto isso, segue fazendo cortes no orçamento do estado destinado à população, assim como segue com o seu vendaval privatista, rifando as principais estatais que prestam serviços essenciais ao povo gaúcho, como a CEEE, Corsan, Sulgás e etc. Tudo isso para garantir com que empresas, como as vinícolas de Bento Gonçalves, lucrem ainda mais em cima das costas dos trabalhadores. A outra face dessa política neoliberal e racista de Eduardo Leite é a inauguração de um presídio privado em Erechim, para enriquecer capitalistas que vão lucrar com o trabalho de internos.

Leia também: O vendaval neoliberal gaúcho e a colaboração de classes

A precarização do trabalho e a terceirização ainda permite com que casos como esses ocorram em todo o país. Empresas como as vinícolas, que são herdeiras das elites escravocratas gaúchas, seguem lucrando e enriquecendo com o trabalho escravo e precário dos negros. Por isso é necessária a expropriação dos bens desses nefastos empresários, colocando sob controle desses trabalhadores.




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