Adriana Alves Dutra, que é agente de fiscalização do Carrefour onde João Alberto foi espancado até a morte por dois seguranças, acompanhou e filmou toda a violência racista.
quarta-feira 25 de novembro de 2020 | Edição do dia
Foto: Reprodução/TV Globo
Nesta terça-feira (24) a funcionária do Carrefour, Adriana Alves Dutra, foi presa temporariamente pela Polícia Civil. Ela é considerada envolvida no absurdo caso de violência racista onde dois seguranças (um deles policial militar) agrediram até a morte João Alberto, um homem negro de 40 anos que fazia compras no super mercado.
Adriana é agente de fiscalização do estabelecimento e teria poder de comando sobre os dois seguranças. Apesar de ter acompanhado e até mesmo aparecer nas câmeras filmando o que aconteceu, ela disse em seu primeiro depoimento que não ouviu João pedindo socorro. Um motoboy que registrou o que aconteceu disse que foi ameaçado pela funcionária.
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Depois de atos massivos pelo país todo exigindo justiça por Beto, a Polícia Civil e o judiciário são forçados a apresentar alguma resposta.
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No mesmo dia de hoje, os seguranças do supermercado Ricoy, na zona sul paulista, que torturaram, chicotearam e filmaram nu um adolescente de 17 anos em agosto de 2019, foram condenados a 10 anos de prisão. Após mais de um ano, e já tendo sido inocentados do crime de tortura antes, foram condenados hoje, depois de toda a revolta contra a violência racista que se expressou nas ruas de várias cidades do país.
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Esse é o mesmo judiciário que mantém milhares de jovéns negros encarcerados sem nem direito à julgamento. Que inocenta e apoia as chacinas policiais nas periferias e favelas brasileiras. Por isso não se pode esperar nenhuma resposta desse que é um dos pilares do regime capitalista. Somente a mobilização da população negra e dos trabalhadores é capaz de levar a frente a luta por justiça por João Alberto e todas as vidas negras que cotidianamente são tiradas pelo Estado e seu braço armado, a Polícia.