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Luta contra a reforma da previdência | França vive um novo dia de greves e mobilizações

Trabalhadores ferroviários, aeroportuários e de refinarias, estudantes do ensino médio e universitários protagonizaram um novo dia de luta contra a reforma previdenciária de Macron. Mais um dia de mobilizações que o Révolution Permanente, organização irmã do MRT na França, esteve presente desde as linhas de frente.

quinta-feira 6 de abril de 2023 | Edição do dia

Com piquetes, fechamento de rodovias e bloqueios do aeroporto Charles De Gaulle, uma nova jornada de luta e mobilização começou na França em 6 de abril, convocada pela Intersindical. Já se conta mais de uma dúzia de jornadas de massas desde que a luta contra a reforma previdenciária começou, dois meses e meio atrás.

Atualmente, as direções burocráticas dos sindicatos mantém reuniões com o governo, das quais tem saído, como era de se esperar, nenhum resultado favorável ​​aos trabalhadores. O único favorecido por essas “conversas” é o governo Macron, que montou esse teatro para parecer predisposto ao “diálogo”, quando na realidade não pretende ceder nada.

Desde a aplicação do decreto 49.3, a determinação dos grevistas deu um salto que se expressou em duras greves em alguns setores, bem como na entrada massiva do movimento estudantil na luta. No entanto, a intersindical continua a situar suas palavras de ordem no quadro do regime e alimenta a ilusão de que será possível convencer as instituições mais reacionárias a serem um ponto de apoio contra a reforma da aposentadoria. Agora, pedem confiança na decisão do Conselho Constitucional, esperando que seja esta instituição antidemocrática a saída contra a reforma, em 14 de abril.

Dessa forma, a burocracia sindical francesa tenta manter as mobilizações como meras medidas de "pressão", convocando ações isoladas, e recusando-se a radicalizar a luta por meio de uma greve geral renovável, como reivindicam vários setores.

É o caso da Rede pela Greve Geral, que acaba de publicar uma declaração assinada por 250 sindicalistas, grevistas e intelectuais questionando a estratégia das direções burocráticas agrupadas na Intersindical e convocando a continuar na luta.

Antes desta quinta-feira, os trabalhadores da refinaria Total, na Normandia, a maior da França, obtiveram uma vitória significativa ao conseguirem que os tribunais suspendam a política do governo de requisições forçadas de trabalhadores para furar a greve. As requisições são um instrumento legal coercitivo pelo qual o governo nacional ou local pode obrigar os trabalhadores em greve a retornar ao trabalho sob ameaça de prisão ou pesadas multas. Foi o que fez o prefeito do departamento de Seine-Maritime na última segunda-feira, requisitando os trabalhadores da refinaria da Normandia para voltarem ao trabalho com o objetivo de despachar mais uma vez combustível para a região de Île de France (região metropolitana da capital) e Vale do Loire pouco antes dos feriados, e assim evitar desabastecimentos.

As mobilizações nas principais cidades

Depois de uma manhã de piquetes e bloqueios, a partir do meio-dia começaram as mobilizações nas principais cidades. Em algumas delas, o governo Macron respondeu com forte repressão, como vem fazendo nas últimas semanas.

Em Paris, uma grande coluna de jovens se destacou na Place des Invalides liderada por estudantes do ensino médio.

À tarde a Polícia começou a reprimir a mobilização em Montparnasse, Paris. Eles tentaram dividir a mobilização em dois, mas os manifestantes se reagruparam. Em Toulouse, desde o meio-dia já havia dezenas de milhares de pessoas alinhadas para iniciar a marcha. Em Dunquerque, quando a marcha estava prestes a começar, ouviram-se aplausos em apoio aos trabalhadores das empresas energéticas, das refinarias e dos ferroviários em greve renovável. Em Estrasburgo, uma grande coluna estudantil seguiu à frente dos ferroviários gritando "E de quem é a rua? A rua é nossa!".

Um dia que começou com bloqueios, piquetes e ocupações

A jornada desta quinta-feira começou com um piquete no Centro Técnico Ferroviário da SNCF em Châtillon, um bloqueio interprofissional na torre onde estão localizados os escritórios de várias empresas multinacionais, bloqueios no incinerador de lixo SETMI em Toulouse e também em institutos de educação. Muito cedo, um piquete de trabalhadores de diversos setores, juntamente com estudantes, bloqueou as entradas do Terminal 1 do Aeroporto Charles de Gaulle. Quase ao mesmo tempo, em outra parte da cidade, os ferroviários do centro técnico de Chatillon, que vêm fazendo greves "selvagens" (sem autorização legal), se mobilizaram em direção à estação ferroviária de Montparnasse.

Em todo o país, dezenas de escolas secundárias e universidades acordaram bloqueadas por estudantes, que há várias semanas entram com força nesta luta. Os jovens lutam não só contra a reforma da previdência de Macron, mas também contra a repressão, contra as medidas autoritárias de Macron, como o decreto 49.3, e contra a precarização da vida.




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