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OCUPAÇÕES DAS ESCOLAS | Estudantes das ocupações de SP são perseguidos pelo governo Alckmin

Estudantes e professores relatam perseguições e intimidações aos lutadores. A caça às bruxas vai desde "relatório oral" das atividades dos manifestantes até intimação policial para comparecer a delegacia.

sábado 23 de janeiro de 2016 | 00:09

Em uma clara retaliação a derrota sofrida com a suspensão da reorganização escolar em dezembro, Alckmin e a secretaria estadual de educação iniciaram uma verdadeira caça às bruxas aos estudantes que participaram da luta e das ocupações contra a reorganização. Ainda em dezembro a presidenta do grêmio da Escola Estadual Gavião Peixoto, em Perus, zona oeste da capital, recebeu intimação para, no dia 4 de janeiro, depor acerca de suposta depredação de patrimônio público e impedimento da entrada dos funcionários para trabalhar. 

 “O que é curioso é que houve um relatório da perícia na desocupação, que atestava não haver nenhum problema na escola. Como apareceram problemas depois?” afirma a secundarista, que não tem dúvida dos motivos da intimação: “Agora querem responsabilizar os alunos por qualquer motivo. Isso é para desanimar, enfraquecer o movimento pela escola de qualidade. Mas não vou desanimar. Duas horas após o depoimento, eu já estava no ato contra o aumento da tarifa”.

Lucas Prata Penteado, 19 anos, aluno e presidente do grêmio da Escola Estadual Caetano de Campos, na Consolação, foi informado em sua escola que um boletim de ocorrência havia sido registrado em decorrência de um arrombamento a sala da direção, das quais foram levadas um aparelho de TV e mantimentos da despensa. “De modo educado, deram a entender que eu, como dirigente do grêmio, deveria então ser responsabilizado e que isso deveria então ser encaminhado à Justiça" afirma o jovem que teve a convocação para comparecer a escola entregue no trabalho de sua mãe, ao contrário do procedimento usual que é entregar na residência, via correios.

Enquanto isso, funcionários e professores da Escola Estadual Rotary, em Guarulhos, relatam ter recebido vistas suspeitas, de um homem que apresentava-se como policial mas não possuía farda nem identificação e que fez perguntas acerca dos problemas decorrentes da "invasão", afirmando que estava realizando isso em várias escolas. “Tudo muito estranho; me parece coisa de caça às bruxas”, contou um servidor da escola, que preferiu não se identificar.

São elementos que mostram que não se trata de casos isolados mas sim de uma contra-ofensiva geral do governo Alckmin contra os lutadores que impuseram sua maior derrota no governo de São Paulo. Segundo Lucas Penteado, a informação que circula entre os grêmios estudantis é que presidentes de outros grêmios de escolas ocupadas também estão recebendo convites semelhantes ao que ele recebeu. O Esquerda Diário segue apurando as denúncias e disponibiliza este espaço para os lutadores a publicarem. Na tarde da última segunda, 18, a secretária-adjunta da Educação, Cleide Bochixio, esteve reunida durante quatro horas com
diretores e vices das 213 escolas ocupadas e, segundo uma vice-diretora que não quis revelar sua identidade, solicitou a todos os gestores um “relatório oral” sobre o movimento, “desde as primeiras reuniões até a desocupação pelos estudantes”.

Como sempre ocorre nessa democracia dos ricos, qualquer mobilização popular que alcance conquistas é posteriormente atacada para intimidar, desencorajar os novos lutadores a permaneceram na batalha e busca todos os meios para impedir que novas lutas surjam a partir desse exemplo. Alckmin não foge a regra e, mais do que isso, assustou-se com a força dessa juventude que conseguiu impor uma derrota que muitas categorias de trabalhadores tentaram e não conseguiram.




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