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24J Argentina | Assembleias de bairros em diferentes locais do país votam pela mobilização neste 24 de janeiro

Desde o dia 20 de dezembro, quando deu as caras o Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) “Bases para a reconstrução da Economia Argentina” do governo de Javier Milei, cresce a resistência popular e multiplicam-se as assembleias em diferentes cidades para manifestar um energético rechaço às medidas dessa “casta” política. Hoje os argentinos se preparam para marchar de forma independente dia 24 de janeiro.

terça-feira 23 de janeiro | Edição do dia

O governo de Javier Milei lançou um plano de guerra contra a grande maioria da população a favor de pequenos setores que concentram o poder econômico. As medidas econômicas do Ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo, articulador do DNU (que é ao mesmo tempo o protocolo de repressão da Ministra da Segurança, Patricia Bullrich) e também articulador da “Ley Ómnibus” (lei de extrema-direita que beneficia as grandes empresas), são as bases de discussão em cada assembleia que surgiram no dia 20 do mês passado. Essas assembleias alcançam múltiplas cidades, onde participam trabalhadores, jovens precarizados, autônomos, profissionais, estudantes, mulheres, aposentados e outros. As assembleias possuem reuniões semanais, e são organizadas através de grupos de WhatsApp, muitas delas possuem até mesmo perfis nas redes sociais, como no Instagram e no TikTok.

Desde os primeiros panelaços de dezembro fizeram-se escutar os gritos e as cobranças às centrais sindicais do país: “Unidade dos trabalhadores e aos que não gostarem, que se lixem!”, “Cadê essa que não se vê, a tão famosa CGT?”, “Greve, greve, greve nacional!” e “Marca a data (poné la fecha)!”.

Em distintas cidades surgem coordenações entre assembleias para debater e fortalecer a perspectiva de um plano de luta até que caiam por completo as medidas do governo de extrema-direita.

Na cidade de Buenos Aires, nesta quarta-feira, se reuniram em Ademys (sindicato dos professores portenhos) representantes de sindicatos recuperados (ou seja, antes privatizados e que foram recuperados pelo Estado), o sindicalismo combativo, organizações piqueteras, assembleias populares, centros acadêmicos, ativistas do Unidxs pela Cultura e todas as organizações de esquerda. Assim, decidiram impulsionar massivamente a greve geral, a mobilização e o panelaço do dia 24, além de organizar uma coluna independente que exija a continuidade de um plano de luta. Terça dia 23, às 13h30, em Congresso, ocorrerá a conferência de imprensa unitária.

Unidos pela Cultura

Surge, também, um movimento de trabalhadores da cultura que organizou dia 10 de janeiro um panelaço cultural em 80 cidades do país.

Para esse sábado, 20 de janeiro (o texto foi publicado dia 20 originalmente) está se preparando outra jornada de manifestação em diferentes locais do país. Em Buenos Aires os trabalhadores da cultura chamam pela concentração em frente ao Congreso de la Nación (Congresso Nacional Argentino). A convocatória tem por objetivo a preparação para a greve nacional e votar a continuidade do plano de luta.

Além disso, este movimento, Unidos pela Cultura, emitiu um comunicado contra os deputados que se preparam para votar a favor do governo. “Exigimos o fim das negociações secretas entre os blocos dos partidos UCR (União Cívica Radical), PRO (Proposta Republicana) e Hacemos Coalición Federal, com o governo. Exigimos que o debate seja levado adiante cara-a-cara com a população. Quem vota a favor do DNU e da “Ley Ómnibus” será cúmplice do maior saque e da maior concentração de poder que jamais tentou-se na história do nosso país. O povo não os esquecerá, a cultura se encarregará de que não os esqueça”.

Cidade de Buenos Aires

Estão se desenvolvendo em diferentes pontos da cidade dezenas de assembleias, ruidazos, panelaços e, em alguns casos, trancaços por aqueles que tomaram lado para enfrentar o DNU de Milei, a “Ley Ómnibus” e o Protocolo de Bullrich. Esses espaços discutem a participação na mobilização do 24J.

Semana a semana cresce a convocatória e põem-se de pé novas assembleias. Pode-se encontrá-las na Plaza Almagro, Plaza 1º de Mayo, Lugano, Flores, Parque Chacabuco, Acoyte e Ravadavia, entre muitos outros pontos onde estão se votando ações para chegar-se organizado à greve nacional. Por exemplo, na assembleia do Parque Patrício votou-se a realização de um festival cultural neste domingo dia 21 de janeiro, com o objetivo de somar mais força a mobilização do 24J. Chamam pela participação de todos os vizinhos do bairro. É uma instância onde a juventude precarizada, que não tem possibilidade de organizar-se em seus locais de trabalho, encontra um espaço onde possam tomar a palavra e votar um plano de luta.

Em La Boca (bairro periférico de Buenos Aires), trabalhadores, estudantes, artistas do mítico bairro de Quinquela Martín, coletores de lixo, quem sustenta comedorias e espaços culturais, e também diferentes organizações sociais e políticas, debatem a grave situação que o país vive, como a crise impacta o bairro e que medidas tomar como assembleia. Lá, votaram marchar junto às assembleias da capital e da Grande Buenos Aires de forma independente e com a sua bandeira: “Vizinhos e vizinhas autoconvocadxs de La Boca: Abaixo o DNU, a “Ley Ómnibus” e o Protocolo. Plano de luta já.”

Região Metropolitana de Buenos Aires

Em várias áreas da Região Metropolitana, as assembleias surgiram no 20D, originadas da mobilização da esquerda e de setores combativos.

Na Zona Oeste replicaram-se as ações de protesto em cada município como Merlo, Hurlingham, Morón, e nas regiões de Ramos Mejía, Laferrere e na Cidade Evita de la Matanza, entre outras. Participam vizinhos e vizinhas que são docentes, trabalhadores estatais, trabalhadores da cultura, da saúde, ferroviários, profissionais, aposentados, pequenos comerciantes, ambientalistas, feministas e também jovens estudantes, precarizados e desocupados, entre outros.

Dos panelaços e assembleias populares à coordenação: mais de dez assembleias populares se reuniram em Morón com delegados que foram votados democraticamente em cada uma delas. Trocaram experiências de suas organizações onde votaram resoluções, entre elas participar ativamente da greve nacional. Os ferroviários propuseram um “trenazo” (algo como “tremzaço”) até às onze para facilitar a mobilização e trabalhadoras do Hospital Posadas, impulsionar um panelaço na porta do hospital no dia 24 em defesa da saúde. Ademais prometeram continuar com a mobilização mesmo depois da greve.

Panelaços e Assembleias na Zona Sul

Em uma nova semana de luta e organização por todo o país, no sul da Região Metropolitana, as assembleias saíram aos panelaços, mobilizaram e definiram ações para a greve do dia 24. Convocou-se em Quilmes, Monte Grande, Cañuelas, Berazategui, Glew, Claypoel, Burzaco, Ezeiza, Lanús, Varela e uma assembleia que centralizará as de Almirante Brown.

Assembleia Popular em São Miguel

Mais de 300 pessoas no Festival cultural contra o DNU e a “Ley Ómnibus” impulsado por artistas, vizinhos trabalhadores, jovens e estudantes da região para a organização de frente à greve do dia 24.

Se realizou a assembleia popular de Pacheco em direção ao 24J.

Com 150 pessoas, a assembleia popular de Pacheco foi convocada pelo Suteba Tigre após uma primeira reunião de coordenação. Organizações de trabalhadores, sociais, comunitárias e políticas, juntamente com membros de bibliotecas populares e moradores do Delta, debateram sobre como se organizar para enfrentar o Plano Motosserra de Milei.

Província de Buenos Aires

Cidade de La Plata

Diferentes setores se reuniram em assembleia para preparar a participação na greve de 24. Na rua 7 com a rua 50 (centro de La Plata), trabalhadores do setor público e da saúde, estudantes, inquilinos organizados, artistas, trabalhadores culturais, familiares de pessoas com deficiência, entre outros vizinhos, se reuniram novamente em assembleia para discutir como continuar a organização que estão mantendo e a participação na greve de 24J.
A assembleia contou também com a participação de diversas organizações sociais e políticas que fazem parte do movimento que impulsiona a mobilização do dia 24, um polo independente das lideranças sindicais burocráticas.

Bahía Blanca

Na última semana, a luta contra os anúncios do governo de Milei avançou no sul da província de Buenos Aires: Bahía Blanca, Tres Arroyos, Coronel Rosales e Dorrego estão se organizando com diferentes iniciativas para participar ativamente da próxima greve de 24J.

A assembleia aberta de Bahía Blanca reúne uma dezena de organizações sociais, sindicais e políticas. Participam trabalhadorxs da cultura local, da educação e da saúde. Também estão presentes pesquisadores do Conicet (Conselho Nacional de Investigações Científicas e Técnicas) e representantes do movimento de mulheres e diversidades. Nos panelaços e manifestações, expressaram-se aposentados, estudantes secundaristas, dos institutos de arte e universitários (UNS).

Jujuy

No norte do país, também estão se organizando contra o plano de Milei. Em uma assembleia com mais de 200 pessoas, trabalhadores ocupados e desempregados, comunidades originárias e estudantes, votaram uma série de propostas e medidas para a greve de 24E. Nenhuma negociação! Greve geral e plano de luta até que caia o DNU e a Lei Ómnibus. São algumas das consignas levantadas.

Em Abra Pampa e Humahuaca, ocorreram reuniões com lutadores contra a Reforma para trocar informações sobre as consequências do DNU e da Lei Ómnibus nos direitos das comunidades indígenas, territórios e água, bem como dos trabalhadores. A deputada Natalia Morales e vereadores do PTS FIT estiveram presentes.

Tucumán

Em Tucumán, a mobilização da greve terá como epicentro a Casa de Governo. As organizações sociais e políticas reunidas no Encontro Memória, Verdade e Justiça convocam a mobilização a partir das 10h na Praça Urquiza. Também chamam para a greve setores que vêm se organizando em assembleias, como artistas e trabalhadores da cultura, membros do CONICET e trabalhadores da saúde mental.

Río Negro

Estudantes, professores, artistas, trabalhadores e sindicatos de diferentes setores de Fiske Menuco expressaram as implicações do DNU e da Lei Ómnibus. Convocaram a rejeitá-los nas ruas em 24 de janeiro, na greve geral convocada pelas centrais sindicais em todo o país.

Neuquén

Um plenário de organizações sindicais e sociais convocou uma marcha em Neuquén, reunindo-se na sede da UPCN. A maioria dos sindicatos públicos e privados, organizações sociais, a Confederação Mapuche e a Multissetorial de Neuquén se reuniram para convocar uma marcha unitária no contexto da greve nacional contra o plano de Milei.

O PTS na Frente de Izquierda participa dessas instâncias de organização nos bairros, que, juntamente com as assembleias que estão ocorrendo nos locais de trabalho e estudo, são um grande apoio para que a greve seja ativa. Essa luta não termina em 24J, deve continuar até que caia o plano de guerra de Milei e os grandes empresários paguem pela crise.




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