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CRISE GRÉCIA | As patronais europeias “apertam” a Grécia

Representantes das patronais europeias “recomendaram” nesta segunda à Grécia não simplesmente anunciar reformas, mas apresentar um plano “concreto” de medidas e aplicá-lo, pois essa será, segundo eles, a única forma de recuperar a confiança dos investidores.

terça-feira 19 de maio de 2015 | 23:52

Em um simpósio sobre crescimento e competitividade na União Europeia celebrado em Atenas, várias patronais europeias, entre elas a espanhola, coincidiram em que a chave do êxito para recuperar a competitividade e sair da crise é aplicar o que se anuncia.

“Necessitamos um bom conjunto de medidas e a confiança em que se vão aplicar. Então podemos dar um passo adiante”, disse o diretor geral da BUSINESSEUROPE, a confederação de patronais europeias, Markus Beyrer.

Por sua vez, o vice-presidente da espanhola CEOE, José Vicente González, ressaltou que “não é suficiente ir a uma negociação com uma lista do que vamos fazer, mas que é necessário apresentar um plano explicando o quê se vai fazer, como, quem o vai fazer, quando, e quanto vai custar”.

"As reformas só funcionam se se aplicam e sem esse plano é difícil fazer progressos”, ressaltou.

Com ele, González aludiu sobre as críticas que se tem ouvido repetidamente desde Bruxelas sobre a suposta falta de concretude dos planos apresentados até agora pelo governo de Alexis Tsipras aos sócios credores.

As patronais coincidiram em que as reformas estruturais requerem sacrifícios, mas sustentaram que os cidadãos estão dispostos a fazê-las se veem com claridade que esses ajustes rendem resultados.

A patronal grega tem preparado um pacote de 82 medidas que apresentará ao governo para promover o crescimento sob a premissa “inegociável” da permanência da Grécia na eurozona.

O presidente da BUSINESSEUROPE qualificou o tratado de medidas de “substanciais e profundas” e assegurou que, se aplicada somente 10%, seria um começo muito positivo.

A equipe do Syriza vem sustentando desde que assumiu o governo que as reformas empreendidas nos últimos anos, baseadas fundamentalmente no corte de despesas orçamentárias, somente tem tido consequências devastadoras para a economia.

Em uma conferência celebrada semana passada em Atenas, o ministro de Finanças, Yanis Varoufakis, assegurou que o governo defende a necessidade de fazer numerosas reformas, mas culpou os sócios das “instituições” - eufemismo com o qual o executivo grego denomina agora a “Troika” (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) - de não ter podido começar a aplicá-las.

Segundo Varoufakis, Atenas tem oferecido repetidamente aos credores ir aplicando as medidas que vão se acordando nas negociações, com o objetivo de recuperar credibilidade, mas que tem sido as “instituições as que insistem em que tudo o que não faz parte de um acordo integral seria considerado como uma ‘ação unilateral’”.

O ex-primeiro ministro conservador Andonis Samarás, palestrante convidado neste debate, acusou o novo governo de ter provocado a saída massiva de capitais e de ter estrangulado os primeiros sintomas de recuperação experimentados no final do ano passado, com uma política populista que, definitivamente, “é o pior inimigo do país”.

Curiosa definição para quem foi um dos máximos responsáveis em aplicar rigorosamente os planos da “Troika” para pagar a dívida, que mergulharam o país na miséria descarregando todo o peso da crise capitalista sobre as condições de vida da maioria do povo grego.

As patronais europeias salientaram, por outro lado, a importância do diálogo entre os agentes sociais como uma das chaves do bom funcionamento de uma economia. Uma maneira de fazer referência ao clima de conflitos trabalhistas que se tem incrementado nos últimos anos e que, após a abolição dos acordos coletivos – somente se firmam contratos individuais nas empresas -, tem disparado o número de greves nos distintos setores.

Em declarações à Efe, o vice-presidente da patronal espanhola salientou que uma chave importante para que a Grécia possa sair da crise é criar “paz social”, com esforços por parte de sindicatos e empresários para chegar a um consenso, com consciência de que para chegar à “terra prometida é necessário fazer sacrifícios”.

A receita já é conhecida no Estado Espanhol, onde os sindicatos tem jogado um “valioso” rol de contenção da luta de classes nos momentos mais agudos da crise, tanto a econômica como a do regime político.

Como “exemplo”, o empresário espanhol citou o recente acordo firmado na Espanha com os sindicatos, acerca de permanecer a moderação salarial até 2017.




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