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Europa | Uma ruptura revolucionária no Die Linke na Alemanha

O Partido de Esquerda alemão está em profunda crise. Neste fim de semana, mais de 100 jovens estão reunidos em Berlim para uma conferência. Seu objetivo é romper com Die Linke e começar a construir uma organização revolucionária. (Este texto se trata de uma tradução, depois da conferência, de um artigo do Left Voice escrito antes da conferência ser realizada.)

segunda-feira 16 de janeiro de 2023 | Edição do dia

O artigo original pode ser encontrado aqui.
Tradução de Noah Brandsch

Die Linke, o Partido de Esquerda na Alemanha, está em profunda crise há um ano e meio. Em setembro de 2021, o partido, por muito pouco, se espremeu no Bundestag com 4,9% dos votos - os piores resultados desde a fundação do partido em 2007. Sahra Wagenknecht, a figura mais conhecida do partido, está falando abertamente sobre romper em breve. No ano passado, o partido viu seu apoio cair nas eleições estaduais, enquanto a hashtag #LinkeMeToo virava a atenção para a violência sexista dentro do partido.

Visto de longe, o Die Linke pode parecer um partido de esquerda e socialista da oposição, mas na verdade faz parte do estado capitalista alemão. Nos últimos 15 anos, o Die Linke, fez parte de 13 diferentes coalizões de governos a nível provincial. Ministros de “esquerda” foram responsáveis ​​por privatizações, deportações e despejos. O partido há muito tempo se move para abandonar muitas de suas posições formalmente anti-guerra. Quando Israel lançou bombas sobre Gaza em 2021, por exemplo, a liderança do partido declarou seu apoio à “autodefesa” de Israel – incluindo o assassinato de 66 crianças. Mais recentemente, Die Linke apoiou sanções (isto é, guerra econômica) contra a Rússia, ao mesmo tempo em que enfatiza que está disposto a “transigir” em sua oposição à OTAN.

Em meio à crise em andamento, o partido normalmente “sério” e extremamente burocrático tem visto um nível incomum de debate – pelo menos dentro da sessão de Berlim de sua organização juvenil, Linksjugend-Solid, cuja maioria de membros aprovou resoluções contra o “socialismo governamental”. Eles convocaram seu partido-mãe a deixar o governo de Berlim – que atualmente está sabotando o referendo habitacional para beneficiar os grandes proprietários. Eles também se manifestaram contra a OTAN e Putin e expressaram solidariedade com a Palestina. Na imprensa da direita, os líderes do partido denunciaram sua própria organização juvenil e cortaram seu financiamento.

Embora os ativistas de esquerda pudessem ganhar alguns votos dentro do Solid Berlin, suas perspectivas eram limitadas pelo aparato burocrático do Solid, que tem poucos membros ativos - as assembléias gerais abertas em Berlim, por exemplo, nunca atraem mais do que algumas dezenas de jovens, e muitos deles esses são burocratas e carreiristas. É por isso que esses jovens socialistas organizaram uma fração chamada Revolutionärer Bruch - para uma ruptura revolucionária com o Die Linke e Solid. Eles começaram a trabalhar em conjunto com o Klasse Gegen Klasse, o site irmão alemão do Left Voice [1], para fortalecer as ideias revolucionárias.

Em seu documento de fundação, a fração argumentava que o Die Linke não havia de fato se desviado de seu projeto inicial – desde o início, sempre foi um partido reformista orientado a aderir aos governos burgueses e conter a luta de classes. A fração declarou que seu objetivo era construir um tipo de partido radicalmente diferente, focado na auto-organização independente da classe trabalhadora na luta contra a exploração e a opressão. O documento deles esboçava um programa de emergência contra a crise atual, incluindo a nacionalização de empresas de energia sob controle dos trabalhadores. O documento também assumiu uma posição firme contra a guerra e as sanções imperialistas, com a perspectiva de construir um movimento antiguerra nos países da OTAN, na Rússia e na Ucrânia.

Neste sábado, mais de 100 pessoas estão inscritas em uma conferência em Berlim que tentará fazer um balanço do Die Linke, 15 anos após a fundação do partido. O segundo final de semana de janeiro é sempre importante para a esquerda alemã, marcando o aniversário do assassinato de Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht pelos social-democratas. No domingo, milhares de esquerdistas de todo o país se juntarão à tradicional manifestação . Este é um fim de semana particularmente interessante para uma ruptura revolucionária: foi em janeiro de 1919 – no dia de Ano Novo, para ser preciso – que Luxemburgo, Liebknecht e outros decidiram deixar a social-democracia e fundar um novo partido comunista .

Além da Klasse Gegen Klasse , diferentes grupos socialistas revolucionários participarão da conferência. Muitos grupos de origem trotskista juntaram-se ao Die Linke quando foi fundado, incluindo o SAV (ISA), SOL (CWI), Funke (IMT) e Marx21 (pós-IST), e eles estão lá desde então. Esta conferência os chama para traçar uma linha, acabar com esta coabitação de longo prazo com ministros reformistas e dar passos para a construção de um polo anticapitalista e revolucionário.

Klasse Gegen Klasse está publicando contribuições para o debate de muitos ativistas diferentes. Um projeto de declaração para a conferência tenta formular uma alternativa à estratégia reformista de Die Linke – uma estratégia baseada na luta de classes. Ele lista diferentes campanhas nas quais os participantes podem colaborar nos próximos meses e convoca os grupos socialistas a formar uma frente revolucionária para as eleições. Questões controversas em debate incluem se os revolucionários devem apoiar criticamente o Die Linke nas eleições de Berlim, que ocorrerão em um mês, e quais lições devem ser tiradas de diferentes partidos de esquerda e anticapitalistas em vários países.

Os organizadores estão otimistas de que representará um grande passo na construção de uma alternativa contra que Luxemburgo chamou de “socialismo de governo”: uma juventude socialista revolucionária independente no coração da fera imperialista.


[1e do Esquerda Diário





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