A notícia de que México e Estados Unidos chegaram em um acordo em relação ao NAFTA ganhou força com declarações de funcionários de altos cargos oficiais de ambos países
segunda-feira 27 de agosto de 2018 | Edição do dia
Nesta segunda-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, expressou em sua conta no Twitter seu otimismo em relação aos resultados das negociações bilaterais com o México a respeito do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA, na sigla em inglês). Desde o último fim de semana, Ildefonso Guajardo, secretário da Economia do México, havia anunciado que a renegociação estava “nos momentos finais”. Luis Videgaray, secretário de Relações Exteriores, fez declarações no mesmo sentido.
A big deal looking good with Mexico!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 27 de agosto de 2018
No tweet de Trump: “Uma grande negociação com o México parece promissora!”
Esta mensagem chega semanas depois dos diálogos mantidos entre ambos países para resolver divergências antes da reincorporação do Canadá. Segundo declarações de Guajardo, uma vez que o Canadá se some às negociações, será necessária mais uma semana para discutir com o país e chegar de fato a um “acordo trilateral”.
‘As conversas foram permeadas pelas “visões distintas” sobre as políticas energéticas do atual governo de Enrique Peña Nieto e do sucessor à presidência Andrés Manuel López Obrador, apesar de se ter garantido a continuidade da linha de negociações.’
Frente ao otimismo estadunidense, Ildefonso Guajardo remarcou que ainda falta resolver “um tema muito importante” sobre o qual não entrou em maiores detalhes, antes de adentrar a sede do Ministério de Comércio Exterior do Estados Unidos (USTR), em Washington.
President @realDonaldTrump is speaking now with the President of Mexico, Enrique Peña Nieto, regarding a trade agreement between the United States and Mexico.
— The White House (@WhiteHouse) 27 de agosto de 2018
No tweet da Casa Branca: “O presidente Donald Trump está conversando agora com o presidente do México, Enrique Peña Nieto, em relação a um acordo comercial entre os Estados Unidos e o México”
Por sua vez, Enrique Peña Nieto, que nesta segunda-feira esteve em uma ligação por telefone com Trump para celebrar os acordos alcançados, fez um apelo ao primeiro-ministro canadense Justin Trudeau para que se reintegre às negociações.
Hablé con el Primer Ministro de Canadá, @JustinTrudeau, sobre el estado de las negociaciones del TLCAN y el avance entre México y EUA. Le expresé la importancia de su reincorporación al proceso, con la finalidad de concluir una negociación trilateral esta misma semana.
— Enrique Peña Nieto (@EPN) 27 de agosto de 2018
No tweet de Enrique Peña Nieto: “Conversei com o Primeiro Ministro do Canadá, Justin Trudeau, sobre o estado das negociações do NAFTA e o avanço entre México e os EUA. Expressei a ele a importância de sua reincorporação ao processo, para concluir uma negociação trilateral ainda nesta semana.”
De acordo com declarações de funcionários ao jornal El Financiero, a administração estadunidense e o governo mexicano teriam chegado ao acordo de que 75% da produção de automóveis seja fabricada igualmente em ambos países, ao invés dos atuais 62,5% (Trump teria exigido inicialmente 85%), e também de que entre 40 e 45% da produção de automóveis seja feita por trabalhadores que ganhem pelo menos 16 dólares por hora. Esta última condição implica que entre 40 e 45% das partes de automóveis não sejam produzidas no México, dado que, em maio deste ano, um operário da indústria automotiva ganhava 22,31 dólares por hora de trabalho nos EUA (o equivalente a 409,38 pesos mexicanos no câmbio atual), enquanto era remunerado com apenas 2,60 dólares por hora de trabalho no México (48,49 pesos mexicanos).
‘Ainda que o salário mínimo no México aumente para 108 pesos, conforme proposta do Morena, partido de Andrés Manuel López Obrador, os salários operários ainda estariam muito abaixo dos 16 dólares por hora, segundo declarações de Mario Delgado, atual senador e futuro deputado federal pelo Morena.’
Esta modernização do NAFTA manterá a precarização do trabalho e os salários baixos, enquanto as transnacionais no México sairão lucrando. A hipótese que se abre é se as corporações estadunidenses se valerão deste acordo para reduzir os salários pagos atualmente na indústria automotiva no norte da região do Río Bravo.