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MAIS AJUSTES | Reestruturação na Caixa: mais um alvo do ajuste fiscal

Nesta semana os funcionários da Caixa receberam a notícia de sua parte no ajuste fiscal do governo Dilma/PT. O Conselho Diretor do banco emitiu declaração dizendo que em meio ao cenário dos últimos meses, que no setor bancário representou a redução de 9,9 mil postos de trabalho e o fechamento de 265 agências em 2015, é necessário que a Caixa se reestruture para ser mais “eficiente” e “rentável”.

segunda-feira 14 de março de 2016 | 10:34

A Caixa já estava nesta trajetória ao longo dos últimos governos do PT. A expansão privatizada via terceirização de atividades bancárias aos correspondentes bancários e lotéricos, já era a expressão do que eles chamam de “eficiência”, extrair mais lucro com menos custos, precarizando a vida de milhares de trabalhadores. No entanto, com a justificativa da crise, é a primeira vez que o discurso fica mais explícito e têm se convertido em medidas mais concretas de ataque.

Quando “eficiência” vêm da boca da alta cúpula do banco, os trabalhadores já sabem que não são boas as notícias que estão por vir

Este processo de ajuste e reestruturação não começou agora. Os trabalhadores terceirizados foram os primeiros a sentir os cortes: no ano de 2015, já houve uma leva de demissões entre os vigilantes, trabalhadoras da limpeza, telefonistas, recepcionistas, entre outros. Os que ficaram, trabalham sobrecarregados pelos que foram demitidos.

Para os trabalhadores efetivos, significa que a já insuficiente quantidade de funcionários vai diminuir ainda mais e não aumentar. As contratações, estagnadas há cerca de um ano, sequer devem preencher as vagas deixadas pelos mais de 3 mil trabalhadores que saíram do banco via Plano de Apoio à Aposentadoria no último período. Além disso, já estão previstos cortes de áreas internas, a centralização ainda maior de boa parte destas atividades, perdas de função com corte de remuneração, realocação praticamente compulsória de empregados dessas áreas para a rede de atendimento, tudo isso para direcionar o banco para “fazer mais negócios”.

Banco público com prioridades de banco privado

Com esta mudança, fica ainda mais patente qual é a prioridade da direção do banco. Não é de melhorar o atendimento para a população que busca diariamente os serviços da Caixa, seja como banco, seja como instituição responsável pela operação de benefícios sociais (FGTS, Abono do PIS, Seguro-Desemprego, Bolsa Família). A prioridade é vender os produtos da Caixa Seguridade (empresa privada majoritariamente controlada pela empresa francesa CNP Assurances). A prioridade é alavancar a receita de tarifas e serviços. A prioridade é lucrar com os juros sobre o endividamento da população e, ao mesmo tempo, apertar os funcionários para cobrar, controlar e reverter os índices de inadimplência.

Há tempos que a Caixa está subordinada aos interesses privados. As pistas já estavam dadas, por exemplo, nesta entrevista de 2012 (http://diversao.terra.com.br/tv/show-business/videos/show-business-com-jorge-hereda-parte-1,440061.html) do então Presidente da Caixa Jorge Hereda, onde ele afirma, por exemplo que uma boa parte do lucro da Caixa é repassado para o governo federal. Longe de serem destinados majoritariamente para os programas sociais, esses recursos, em sua maior parte, são destinados principalmente para assegurar o pagamento da dívida pública, que, no fim vai parar na mão do grande capital internacional. Engana-se quem acha que o patrão da Caixa é apenas o governo federal, os bancos privados que detém os títulos da dívida brasileira também acabam ditando, mesmo que indiretamente, os rumos do banco público.

CUT afrouxa o discurso contra a reestruturação

Aos trabalhadores que ainda esperam uma posição firme das entidades sindicais frente aos planos de reestruturação, os sinais são de praticamente nenhuma disposição de luta. As notas divulgadas pelas principais entidades dirigidas pela CUT, cobram mais “diálogo” por parte do banco, mas não preparam nenhuma luta de resistência a estes ataques.

Naturalizam a “inevitabilidade” do processo de reestruturação e praticamente dão a entender que, se a reestruturação for “dialogada”, tudo bem.

As levas de demissões nos bancos privados, a reestruturações no Banco do Brasil, a falta de funcionários e agora a reestruturação na Caixa, a terceirização, todos esses são exemplos de ataques que já vem de muito antes e que, mais ou menos abertamente contou com a cumplicidade das principais direções sindicais do país. Passou da hora dos bancários irem pra cima das direções burocráticas de CUT e CTB que, no fim, representam os interesses que atacam os trabalhadores.




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