sexta-feira 28 de abril de 2017 | Edição do dia
A Jeep FCA de Goiana (PE) - patronal multinacional - obriga trabalhadores a atravessar um canavial na tentativa de furar a greve, segue abaixo relato de um trabalhador:
Greve geral. Desde 1996 não acontecia uma... desde 1996 os trabalhadores em seu conjunto não tinham se organizado para dizer: “Hoje paramos, pois é um direito parar e porque como trabalhador só contamos como esta ferramenta como protesto. Temos direito a parar”.
Ontem fomos informados pelo departamento de Recursos Humanos que também temos outro direito: o de ir e vir. E que além disso temos um compromisso: o de ir trabalhar hoje.
Estou recebendo várias mensagens no telefone sobre a paralização e vejo a infinita lista de organizações de trabalhadores que se somaram para dizer NÃO a esta situação asfixiante, uma economia faz piada do ajuste salarial, de um salário justo, de saúde para todos. Grande parte deste descontentamento se deve a que na última semana o governo ilegítimo e para ricos de Temer quis cortar recursos da aposentadoria, lógico, se alguns deixam de pagar, outros terão que pagar esta conta.
Mas volto a minha rotina.
Estou no ônibus escrevendo isso à caminho da fábrica. Levantei cedo, às 03:30. O ônibus passa as 04:15...
A fábrica orientou a ir mais cedo para evitar concentrações e também orientou caminhos alternativos.
Vamos escondidos entre o canavial, por caminhos rurais que só são utilizados pelos caminhões de açúcar... vamos escondidos dos outros trabalhadores, que são nossos companheiros, que às vésperas do dia do trabalhador estão começando a se concentrar nas rodovias.
Assim vamos... assim estamos... escondidos
Hoje a fábrica comemora dois anos da sua inauguração...hoje eles festejam, eles, os que nos escondem.
Um dia vamos ter nosso dia de comemoração e para que tenha comemoração temos que sair do esconderijo
Feliz dia do trabalhador, não para eles.
Um abraço.
Este é um relato de um trabalhador precário, que não consegue porque não possuem representação sindical. A empresa sabendo disso, preparou o terreno para que os trabalhadores comparecessem à fábrica, tendo que acordar mais cedo e fazer um caminho alternativo para chegar a mesma.
Segundo relato do mesmo trabalhador, o ônibus está rodando por horas e ainda não chegou à fábrica, o que o faz pensar que tudo foi uma manobra para que eles não se somassem aos piquetes.
Esta é uma mostra de quão é importante os cortes de rua e rodovias e a paralização dos transportes para os setores precarizados poderem se somar às lutas sem sofrer represálias das patronais. Os patrões sabem disso e por isso manobram para que não nos somemos à luta. Devemos apoiar os trabalhadores em greve em defesa dos direitos de toda a nossa classe!
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