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ELEIÇÕES CAELL USP | Para ouvir os pássaros: a greve deixou lições, qual CAELL precisamos?

Confira aqui o programa da chapa Para ouvir os pássaros para as eleições de Centro Acadêmico da Letras-USP (CAELL), composto pela Faísca Revolucionária e estudantes independentes. Resgatando as lições da recente greve, contra o Tarcísio, as privatizações e ataques na educação: Por um CAELL proporcional, que confie na força dos estudantes ao lado dos trabalhadores!

segunda-feira 27 de novembro de 2023 | Edição do dia

Somos a chapa Para ouvir os pássaros para o CAELL 2024. Nosso nome se inspira no poema de Marwan Makhoul (مروان مخول) que diz

"Para escrever uma poesia
Que não seja política
Devo escutar os pássaros
Mas para ouvir os pássaros
O bombardeio precisa parar"

Isso para nós é fundamental: construir entidades estudantis que façam ecoar a luta contra o massacre do povo palestino. Enquanto houver bombardeios e miséria capitalista não há como construir entidades que não sejam políticas!

Somos parte des estudantes que estiveram na linha de frente de construir a greve, uma chapa formada por estudantes da Faísca e independentes que construímos várias comissões como a do japonês que foi parte importante de dar o pontapé para a mobilização, e ajudando a formar novas comissões como a de caloures, além de termos feito parte do comando de greve e do GT de lutas. Somos mulheres, negres, LGBTQIA+ que não se conformam com as opressões, que na USP se traduzem de inúmeras formas: desde o fato de não termos cotas trans e de não haver cotas ppi para professores, até a semi-escravidão das trabalhadoras terceirizadas (mulheres negras em sua maioria) e o fato de literaturas africanas não serem obrigatórias em nosso curso.

Sabemos que nossa luta não é separada da luta dos trabalhadores e da população contra as privatizações, e em meio à nossa eleição queremos chamar todas as chapas a buscarem medidas de unidade em apoio às mobilizações dos metroviários, Sabesp, CPTM, professores e categorias que estão se mobilizando no dia 28. Nossa luta é uma só!

Como atuamos na greve e quais lições devemos tirar?

Essas eleições para o Centro Acadêmico da Letras USP acontecem logo depois de uma greve de um mês e meio, após quase uma década sem greves. Uma greve que nós da Letras, a partir das comissões, junto com a EACH, fomos linha de frente. Nos enfrentamos com uma reitoria intransigente capacho do governo Tarcísio que destilou todo seu racismo e elitismo, escancarando como é parte de uma estrutura de poder herdeira da ditadura militar. Uma importante lição que tiramos é que nas direções autoritárias das Faculdades e na reitoria não se confia, se enfrenta! A universidade deveria ser gerida pelos três setores: estudantes, funcionários e professores, pelo fim da reitoria!

Foi histórica essa mobilização, e tivemos conquistas como o adiantamento na contratação de professores e a garantia que haverá coreano ano que vem, porém não conquistamos as pautas mais estruturais como a contratação de professores e funcionários para toda a demanda, o fim do edital de mérito, a volta do gatilho automático, o fim dos contratos temporários, permanência estudantil, cotas trans e vestibular indígena. O CAELL precisa mobilizar os estudantes para isso, portanto é preciso tirarmos as lições da greve e de suas direções, como o DCE (dirigido por correntes como o Juntos, que está na Chapa Diadorim), que mal construiu a greve e abriu mão da luta em seu momento chave, quando ainda havia a maioria dos cursos em greve, dizendo que já era o teto das negociações e que já tínhamos que declarar vitória. Consideramos um erro importante que o Rebeldia, que dirige o CAELL com a gestão Balalaica, tenha assumido essa mesma estratégia e inclusive assinado conjuntamente uma carta no momento em que poderia ter se colocado como uma alternativa de oposição.

Atuamos na greve desde o início colocando que a greve precisava estar cada vez mais nas mãos dos estudantes e que o papel do DCE e dos CAs deveria ser esse, fortalecendo as comissões e comandos de greve. Discutimos também como a greve não poderia se subordinar apenas ao calendário de negociações da reitoria. Por isso propusemos que a greve saísse para fora dos portões da USP e tomasse as ruas para ter repercussão na mídia e para dialogarmos com a população, como a proposta que fizemos do ato no Largo da Batata, e a aliança com os metroviários, a CPTM e a Sabesp na greve do dia 3 de outubro, que foram ações fundamentais para mostrarem nossa força e fizeram a reitoria ceder e apresentar primeiras propostas na negociação. Também discutimos durante toda a greve a importância da vanguarda da greve não se descolar da base dos estudantes, buscando para além de construir os espaços de assembleias, construir espaços de socialização, arte e cultura para ocupar os espaços da universidade, sendo uma dessas ideias o Ato-festival Grave na Greve que propusemos e construímos junto com centenas de estudantes e juntou mais de mil pessoas e artistas.

Na greve também construímos com dezenas de estudantes e delegades do Comando de greve a Frente por Funcionários, defendendo mais contratação de trabalhadores para a USP, denunciando a manobra da reitoria de dividir os estudantes e trabalhadores ao atender a justa e urgente demanda de abertura do bandejão nos fins de semana sem garantir contratação, significando sobrecarga de trabalho. Não há conquista estudantil com precarização do trabalho! É por isso que nossa chapa defende a efetivação des terceirizades sem necessidade de concurso público, o urgente direito ao BUSP para centenas de trabalhadoras que sofrem com trabalho semi-escravo na Universidade de excelência. Por isso propomos a construção de um Comitê em apoio a trabalhadores terceirizades, que chamamos todas as chapas e estudantes a construir.

“Enquanto me reste alento, gritarei de frente ao inimigo” - Samih Al Qassim

Diante disso, qual CAELL precisamos?

Acreditamos que o CAELL pode ser linha de frente de construir um novo movimento estudantil da USP, que seja dos estudantes, independente da reitoria e dos governos que programam ataques para atacar a educação pública e o futuro da juventude. Um CAELL que confie nas nossas forças para estar à altura das próximas mobilizações que sabemos que estão por vir. Que aposte na autoorganização dos estudantes, pelas comissões, coletivos e nos espaços democráticos como as assembleias. E que no momento crucial de nossa mobilização, não tenha uma posição vacilante e coloque limites para nossa disposição, como vimos que aconteceu na greve.

Apesar da negativa dos companheiros da Rebeldia/PSTU da gestão Balalaica em construírem conosco um espaço para debater as lições dessa importante greve, pensar qual direção precisamos e avaliar a possibilidade de construir uma chapa comum que fortaleça o nosso curso e seja alternativa à direção do nosso atual DCE, seguimos considerando fundamental uma unidade com independência política, e propomos seguir construindo juntos o movimento estudantil da Letras. É por isso também que defendemos um CAELL proporcional, onde todas as chapas possam ter representatividade na gestão, e achamos que isso, junto com um forte Congresso de Estudantes da Letras e iniciativas que tragam o conhecimento do curso para debater a sociedade, política, tomando nosso curso em nossas mãos, podem ajudar a superar o fato dessa gestão ter se aliado com as direções do DCE que pouco preparou e construiu a mobilização dos estudantes e entregou a nossa luta durante a greve.

É preciso mais espaços para que a criatividade artística dos estudantes possa se expressar, mais atividades culturais de troca, tornar o espaço estudantil, arrancado com muita luta na greve de 2016, muito mais vivo e dos estudantes do que é hoje! É por isso que queremos revitalizar o espaço estudantil e construir salas temáticas em homenagem aos autores e críticos, nos apropriando dos debates artísticos e literários de nosso curso.

Mas afinal, o que é proporcionalidade?

Atualmente, a gestão da nossa entidade funciona de forma que a chapa com o maior número de votos assume e dirige sozinha. Porém, a greve demonstrou como uma gestão sozinha não consegue mover toda a força dos milhares de estudantes. Que é unindo as forças de calouros, veteranes, comissões, GTs, coletivos políticos e antiopressão, de diferentes ideias, propostas e concepções, que conseguimos construir mobilizações mais fortes e espaços mais reais. É por isso que achamos que a forma mais democrática e representativa para a entidade seria através de uma gestão proporcional, na qual todas as chapas, proporcionalmente ao número de votos conquistados nas eleições, pudessem compor a gestão com seus representantes. Acreditamos que, por meio de uma gestão proporcional, os estudantes podem experienciar os debates políticos entre as forças políticas e definir nos espaços de auto-organização, nas assembleias, a política que os melhor representa. Ainda mais em um curso com milhares de estudantes como a Letras, é muito mais democrático que os votos de cada estudante durante as eleições de CAELL estejam representados, ajudando a fortalecer uma entidade que mobilize os estudantes para os enormes desafios.

Queremos que o movimento estudantil volte a ser histórico!

Defendemos um centro acadêmico que resgate a tradição da força do movimento estudantil anti guerra e combativo. Que no Brasil se levantou como primeiro setor a questionar a ditadura. Que na França parou universidades contra a guerra na Argélia e nos EUA foi porta voz em questionar a guerra do Vietnã. O movimento estudantil tem a grande tarefa de conectar as demandas do nosso dia a dia no prédio e no curso, com os grandes temas que marcam a realidade ao nosso redor e a nossa geração. Não aceitaremos que vendam e rifem nosso futuro com genocídios, guerras, catástrofe climática, pandemias e miséria em nome da sede de lucro capitalista!

Nossa chapa se solidariza e quer fazer ecoar o grito de resistência do povo palestino em luta hoje. Precisamos de um CAELL que promova muito mais espaços de discussão, mesas de debate, atividades de reflexão sobre o papel de cada estudante enquanto sujeito dessa sociedade, diante de grandes acontecimentos que nos cercam. É por isso que apoiamos o abaixo-assinado para que se rompa os convênios e relações da USP com universidades do estado genocida de Israel, impulsionado pelo Comitê de Estudantes da USP em apoio ao povo palestino e chamamos todas as demais chapas a apoiar ativamente em suas campanhas nessas eleições!

Além disso, não dá para lutar e arrancar nossas demandas na USP se tivermos confiança na reitoria e nos governos. O que vemos é uma reitoria capacho do governo de extrema direita do Tarcísio, que quer privatizar até a água, avançando em projetos dentro da USP de precarizar para privatizar. Vemos que esse projeto que o Tarcísio está implementando declarando guerra aos serviços públicos querendo privatizar os transportes, a água, a educação não se encerra só no governo estadual, mas é facilitado pelo arcabouço fiscal do governo federal, reforçando a ideia de que a conciliação abre espaço para a extrema direita. E é por isso que precisamos de um CAELL independente, não podemos confiar em negociações e conciliações, mas na nossa força organizada junto aos trabalhadores e trabalhadoras, de dentro e fora da USP!

Lutamos por:

  •  Um congresso autoorganizado pelos estudantes (pra debater proporcionalidade, reforma curricular e pautas da greve, fortalecer as comissões);
  •  Por uma gestão proporcional!
  •  Fortalecer as comissões, incentivando atividades políticas, culturais e artísticas durante todo o ano;
  •  Revitalização do espaço estudantil e do prédio, com salas temáticas;
  •  Site de revista do CAELL: retomar a história do nosso CA, abrir para os estudantes o funcionamento, organismos e finanças da entidade;
  •  Fortalecer os coletivos anti opressão da Letras!
  •  Impulsionar um Comitê em defesa dos trabalhadores terceirizados;
  •  Ajudar a impulsionar o Comitê de estudantes da USP em apoio à Palestina e medidas como o abaixo assinado;
  •  Cotas trans rumo ao fim do vestibular!
  •  Fora PM da USP!
  •  Devolução dos blocos K, L e D já! Por condições dignas de moradia no CRUSP
  •  Permanência para toda demanda, com bolsas de um salário mínimo, contra os cortes nas bolsas de pesquisa!
  •  Contratações para toda a demanda, para o fim do ranqueamento e abertura de habilitações no noturno da Letras!
  •  Abertura do livro de contas e fim dos parâmetros de sustentabilidade da USP!
  •  Ampliação das frotas de ônibus!
  •  Expansão da pró aluno e das cotas de impressão para todes já!

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