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Piso salarial da enfermagem já! | “Ou como ou compro remédio, meu salário não paga”, diz enfermeira em luta pelo piso em Brasília

“Nós da enfermagem carregamos o hospital nas costas”, “se for fazer greve eu apoio e faço também”, “Tenho mil e uma doenças que adquiri no trabalho, estou com 64 anos, trabalhando ainda porque não tenho condição de me aposentar”. Essa foram alguns depoimentos coletados pelo Esquerda Diário e a Juventude Faísca na paralisação nacional da enfermagem ontem (14) em Brasília

Rosa Linh Estudante de Ciências Sociais na UnB

quinta-feira 16 de fevereiro de 2023 | Edição do dia

O Esquerda Diário, junto de militantes da Juventude Faísca e estudantes independentes da UnB, fomos à paralisação nacional das enfermeiras em Brasília prestar todo apoio à luta pelo piso salarial, assim como fizemos em outros estados como RN, MG, RS, entre outros.

Uma enfermeira do Gama, Região Administrativa do DF, contou um pouco para nós porque estava lutando: “Nós da enfermagem carregamos o hospital nas costas. Não existe nada no hospital sem enfermagem. Mesmo o médico não faz nada sem a enfermagem, quem lida com o paciente é a enfermagem, a gente é que escuta e tem que entender eles, fazer a mediação com os médicos. Por isso a gente devia ser valorizada”

ED: O que você acha da greve que está sendo chamada no mês que vem para conquistar o piso?

“Eu acho que devia ter sido conquistado antes. Mas se for fazer greve eu apoio e faço também. Quando ver que a gente faz falta, aí vão ver se não valorizam a gente”

Encontramos algumas enfermeiras e técnicas de enfermagem de Petrolina e Juazeiro. Uma delas deu um forte relato sobre a precarização e o descaso dos governos na saúde pública:

“Estou com 64 anos, trabalhando ainda porque não tenho condição de me aposentar, com um salário mínimo que não dá para comprar nem a medicação. Eu tenho mil e uma doenças degenerativas e meu dinheiro não dá pra comprar a medicação. Na pandemia quem mais morreu foi técnico de enfermagem, e continua morrendo. Todas as doenças que eu adquiri foi por conta do trabalho, tenho quatro hérnia de disco, fibromialgia, osteoporose, diabete e muitas outras. 30 anos de trabalho prestado à prefeitura de Petrolina e ainda não consigo me aposentar, mas isso é nacional, com a saúde pública toda. Eu chego no médico e ele me pergunta, você tá tomando o remédio tal e eu digo não, você tá tomando esse outro remédio e eu digo não, porque eu não tenho dinheiro! Tenho que escolher entre comer ou comprar medicação. Essa é nossa luta e de todos os brasileiros da saúde, os técnicos e os enfermeiros. Se o piso não sair, a enfermagem vai parar!”

Por isso tudo, essas trabalhadoras e trabalhadores, no ano passado, conseguiram impor a aprovação da lei que garantia seu piso salarial, contra a vontade de Bolsonaro e do Centrão. Mas se depararam com uma medida autoritária do STF que suspendeu essa lei. Ainda está prevista a publicação de uma medida provisória por parte do novo governo que cria condições de pagamento do piso. É necessário travar uma luta de forma independente das instituições desse regime, como do governo Lula-Alckmin que estruturou parte de sua campanha na promessa de não revogar nenhuma das reformas, como a trabalhista e da previdência que faz mulheres negras trabalhadoras como as enfermeiras trabalharem até morrer, e que governa com privatistas da saúde e reacionárias ministras como Daniela do Waguinho que são contra os direitos das mulheres. Ou do STF que agora se coloca como grande defensor da democracia após a invasão dos bolsonaristas ao Congresso e STF, mas abriu caminho para a extrema-direita avalizando o golpe de 2016 para garantir os ataques capitalistas, como fez com a aplicação da terceirização irrestrita.

Nós do Esquerda Diário e da Juventude Faísca colocamos nossa mídia à disposição das e dos trabalhadores para fortalecer essa luta. As enfermeiras mostram o caminho, as entidades estudantis, a UNE, o DCE e os CAs da UnB precisam cercar essa luta de apoio!

Pelo Piso Nacional da Enfermagem! Organizar a luta pelo fim do teto de gastos e rumo a um SUS 100% estatal sob controle dos trabalhadores! Todo apoio!




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