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GRÉCIA | O Eurogrupo discute nova proposta grega, com mais concessões

O Eurogrupo, reunido em teleconferência pela tarde, rechaçou o pedido da Grécia para um novo resgate durante dois anos. Para a reunião de quarta-feira, a Grécia apresentou uma nova proposta, onde aceita grande parte das exigências da Troika.

quarta-feira 1º de julho de 2015 | 00:00

Depois do desafio do referendo que lançou Alexis Tsipras na sexta-feira, com a ruptura das negociações no sábado, esta terça-feira a situação se agravou novamente, quando o governo grego solicitou um novo plano de resgate por dois anos.

O pedido, lançado em meio à campanha do referendo, com os bancos fechados e o vencimento do pagamento ao FMI e do resgate que se cumpriram nesta terça-feira, 30 de junho, mostrou a debilidade das posições do governo grego frente a Troika. O Eurogrupo, tendo conseguido colocar o Syriza contra as cordas, rechaçou a proposta e colocou panos quentes na possibilidade de chegar a um acordo antes do referendo no domingo.

Ao terminar a reunião, o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, anunciava por twitter uma nova conferencia do Eurogrupo para a quarta-feira, as 11:30.

Com o objetivo de destravar o plano de resgate, Atenas preferiu finalmente uma nova proposta. Varoufakis participará na reunião para dar detalhes sobre as novas reformas que tomará seu governo no caso de um terceiro resgate.

Em entrevista televisiva, o vicepresidente econômico do governo grego, Yannis Dragasakis, disse que a proposta enviada ao Eurogrupo “diminui as diferenças anteriores”. “Estamos fazendo um esforço adicional. Há seis pontos onde este esforço pode fazer-se. Não entrarei em detalhes. Mas inclusive pensões e assuntos trabalhistas”.

Durante a entrevista, que ganhou muita repercussão pública, o ministro Dragasakis havia deixado aberta a possibilidade de suspender o referendo. Durante o dia, muitos meios informaram que Dragasakis estava pressionando Tsipras para que suspendesse o referendo e aceitasse o acordo. Suas declarações foram reproduzidas por toda a imprensa mundial, que o apresentou como o “homem forte” da área econômica do governo, expoente de um setor pragmático pró-acordo.

Os giros táticos de Tsipras e sua estratégia de conciliação

No marco de uma estratégia de conciliação e concessões frente a Troika, para tratar de chegar a um acordo “viável”, Tsipras lançou o desafio do referendo para tentar mudar a relação de forças nas negociações.

Não obstante, com a economia grega a beira do colapso, teve de retroceder quase completamente em menos de três dias.

Segundo fontes citadas pela AFP, o ministro da Economia, Yanis Varoufakis, assegurou nesta terça-feira a noite que existe uma “vontade de mudar ou inclusive eliminar” a pergunta do referendo se sua nova proposta de resgate era aceita pela Europa.

A alternativa de suspender diretamente o referendo poderia ser mais difícil, mas inclusive não está descartado que possa dar-se a insólita situação de que o governo passe para a campanha pelo “Sim” no referendo, deixando sozinha a esquerda do Syriza e outros setores.

Outro dado muito importante a levar em consideração é o fato de que varias enquetes publicadas na segunda-feira asseguravam uma derrota de Tsipras no domingo. Ainda que possam ser tendenciosas, até agora houve poucos prognósticos de um claro triunfo do Não. Nisto influí o temor ante o “Grexit”, promovido pela campanha de terror dirigida pela Troika.

Na terça-feira a noite, milhares de pessoas encheram a praça Syntagma, com cartazes e cantos pelo Sim, convocados pela oposição de direita, que deu o conteúdo de uma manifestação contra o governo, contra o referendo e a favor da “Europa”. Era uma resposta à grande manifestação do dia anterior, a favor do Não. O cenário, portanto, muito polarizado, não é claro para o governo.

Esta quarta-feira será o primeiro dia da Grécia fora do resgate e em situação de default com o FMI. A confiança do Syriza nas negociações “de palácio” com a Troika e as manobras eleitorais como a convocatória de um referendo, quando o imperialismo europeu e o capital internacional estrangulam a Grécia “no terreno” – sufocando financeiramente o país e colocando o governo grego contra as cordas – dá conta de que no enfrentamento com seus credores a Grécia está em franca desvantagem.

Uma situação que só poderia reverter-se se diante do “poder de fogo” da Troika se opusesse uma força social superior, chamando a mobilização dos trabalhadores gregos e das massas na Europa para que apoiem ativamente a Grécia.

Mas esta não é (de fato nunca foi) a estratégia de Tsipras nem do Syriza. Pelo contrario, durante toda a crise se dedicaram a apaziguar os ânimos, a chamar o povo grego à calma, a que não fizessem mais greves, que os trabalhadores e as massas pobres da Europa não movessem um dedo pela Grécia. Nesse marco, o novo acordo de resgate com a Troika que busca o governo de Tsipras para evitar o “Grexit” só pode implicar novas penúrias para os trabalhadores e o povo grego depois de 7 anos de crise.




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