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Recordar é viver | Melo e direita negacionista queriam derrubar muro da Mauá para vender a orla até ontem

Não faz nem três anos, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, defendeu derrubar o muro da Mauá – o mesmo muro que hoje serve de contenção das cheias do Guaíba. Caso Melo tivesse triunfado em seu plano, a situação em Porto Alegre estaria ainda pior do que já está.

terça-feira 7 de maio | Edição do dia

Negacionismo climático combinado ao neoliberalismo agressivo é um combo que potencializa catástrofes como a que o Rio Grande do Sul está vivendo. As coisas pioram quando se trata da direita portoalegrense e suas lideranças, que possuem um requinte de estupidez especial.

Em 2021, o jornalista da Zero Hora, e funcionário da direita, Paulo Germano, foi categórico em afirmar que “o objetivo [do governo Melo] é derrubar o muro da Mauá – secretários do prefeito Sebastião Melo se debruçam sobre o assunto, solicitam estudos, consultam engenheiros, mas sabem que a polêmica é grande”. Eles querem derrubar o muro para privatizar a orla em benefício de seus amigos empresários, como vêm fazendo ao vender a cidade para a Melnick, Zaffari, Sirotsky, e cia.

Imagine se não fosse tão grande a polêmica?? Melo colocaria sua skin de engenheiro e derrubaria ele mesmo o muro com um trator.

Essa imagem poderia ser uma fantasia ridícula do escritor deste texto, mas na verdade ela foi pensada inicialmente pelo ex-prefeito da cidade, também outro representante da direita negacionista portoalegrense, Nelson Marchezan. Na época, o tucano privatista lançou essa: “Eu quero derrubar o Muro do Cais da Mauá, eu gostaria de ser o piloto do trator que irá derrubar o muro. Temos muitos muros que deveriam ser derrubados, mas que não são por medo.” Parece ficção, mas é só a direita brasileira mesmo.

Eles não conseguiram derrubar o muro, mas conseguiram vender o Cais da Mauá este ano, mais uma privatização que vem para restringir espaços públicos em benefício do lucro.

Essa história é velha. Outro emedebista, Idenir Cecchim, líder do governo Melo na câmara, em 2019 desarquivou projeto de 2010 para derrubar o muro. Ele inclusive se baseou em pesquisas estapafúrdias feitas por supostos especialistas de que uma cheia como a de 1941 só ocorreria a cada 1,5 mil anos. O nome do arquiteto e urbanista da UFRGS que errou as previsões em alguns séculos é Benamy Turkienicz.

Estamos vivenciando em alta intensidade os efeitos das privatizações e das políticas neoliberais de enxugamento do Estado. A falta de manutenção do sistema do DMAE em Porto Alegre e o abandono sistemático dos últimos anos, que levou a um déficit de mais de 2 mil servidores na empresa de água, levou à situação dramática em que estamos vivendo. A CEEE privatizada do senhor Leite, então, dispensa comentários.

O deputado estadual Felipe Camozzato, do NOVO, é outro que defendeu a derrubada do muro. O energúmeno inclusive tirou uma foto ridícula chutando uma parte do muro, como vocês podem ver abaixo.

O Marcel Van Hattem, que agora de repente virou um grande entusiasta de investimentos estatais em meio às enchentes, chegou mesmo a negar a existência do aquecimento global. Ainda bem que existe a internet para nos lembrar disso:

A verdade é que por trás de todo esse negacionismo climático há a sede privatista. Todos esses homens são legítimos representantes de empresários, que estão se lixando para pesquisas científicas sérias ou mesmo com a vida na cidade. Eles querem lucrar em cima da vida dos trabalhadores. E o muro era um obstáculo para isso. Eles conseguiram privatizar boa parte do cais, mas até agora não conseguiram derrubar o muro (apenas precarizá-lo através de anos sem manutenção).

Hoje estamos vendo com nossos olhos como o negacionismo climático e o capitalismo fazem vítimas. Assim que a água baixar e conseguirmos resgatar os nossos, o processo de reconstrução do estado vai exigir acertarmos contas com esses homens que tantos crimes cometeram em nome do capitalismo.




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