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Eleições nos EUA | Guerra na Ucrânia, genocídio na Faixa de Gaza, como andam as eleições presidênciais nos EUA?

Em um cenário internacional extremamente complexo, com guerras em curso, conflitos e diversas pressões, terá início o processo eleitoral nos Estados Unidos. Embora a votação definitiva ocorra somente em novembro, os primeiros passos para definir o pleito ocorrem já em janeiro.

sábado 13 de janeiro | 22:03

A primeira fase das eleições consiste na escolha dos candidato que irão concorrer por cada partido. Essas são as eleições internas, após esta fase é quando a eleição oficial de fato acontecendo entre o Partido Democrata e o Partido Republicano. (Nesta matéria do G1 é possível entender todo o calendário desde as disputas internas em cada partido até a determinação de quem será o novo presidente).

Ao que tudo indica, os candidatos que irão para eleições oficiais serão Joe Biden, pelo Partido Democrata e Donald Trump pelo Partido Republicano. Estes aparecem empatados na última pesquisa Reuters/Ipsos com cerca de 35% dos votos cada, enquanto cerca de 30% dos eleitores não apoiam nenhum dos dois, sendo que destes, 13% afirmam que não pretendem votar, 9% apoiam outros candidatos e 8% estão indecisos.

Entretanto, ao mesmo tempo em que os eleitores começam a decidir, outro setor pode ser determinante no resultado eleitoral: o judiciário. A Suprema corte dos EUA marcou para 8 de fevereiro o início das sustentações orais a respeito da decisão do Estado do Colorado de tornar Trump inelegível. Outros estados como Maine e Oregan também votaram por torná-lo inelegível, porém o caso do Colorado é o que foi mais longe juridicamente. Esta será uma das eleições norte-americanas com maior interferência do judiciário.

Por outro lado, o papel dos EUA nas duas guerras reacionárias na Ucrânia e Palestina, inclusive com a escalada no oriente médio que representou o bombardeio no Iêmen, não apenas pressionam os candidatos como também chacoalham todo o tabuleiro. Joe Biden, o mais provável candidato pelos democratas, atual presidente dos EUA, tem entre seu principal eleitorado, setores progressistas, juventude e setores oprimidos da sociedade, especialmente os imigrantes, que repudiaram Trump e sua política de extrema direita durante seu governo entre 2017 e 2021.

Trump, por outro lado, tem entre seu eleitorado os conservadores que apoiam suas declarações e políticas xenofóbicas e é expressão do acender da extrema direita mundial no principal país imperialista no mundo.

Longe de ser uma disputa entre “esquerda e direita” ou entre um representante dos explorados e oprimidos e um representante dos grandes empresários e patrões, ambos são representações cincunscritas no chamado establishment (ordem ideológica, econômica, política e legal que constitui o Estado e a elite social) norte americano.

Biden, longe de representar qualquer ruptura com a política imperialista dos estados unidos, não apenas aplicou políticas xenófobas anti imigrantes, com construção de muros na fronteira do México, política proposta pelo próprio Trump, como agora também mostra sua verdadeira face imperialista ao manter o financiando da guerra na Ucrânia e seguir apoiando ao projeto colonialista de Israel na palestina, armando seu genocidio contra os palestinos na Faixa de Gaza, que já assassinou mais de 23 mil pessoas desde o dia 7 de outubro. Recentemente, um dia após a África do Sul submeter causar formalmente Israel de genocidio no tribunal de Haia, os EUA, sob a presidência de Biden, junto ao Reino Unido, bom bombardeiam o Iêmen devido ao apoio exercido por este país ao povo palestino.

Sem mais a “máscara democrata”, Biden tem seu eleitorado progressistas derretido, enquanto massivas manifestações em defesa do povo palestino e conta o genocidio promovido por Israel, ocorrem dia após dia em território americano. Além disto Biden perdeu confiança do próprio establishment devido a derrota explícita da ocupação imperialista do Afeganistão, que vem sendo acumulada ao longo de inúmeros governos, mas que marcou o governo de Biden quando retirou as tropas em 2020 em uma operação desesperada.

Por outro lado a candidatura de Trump representa não apenas as posições da extrema direita com seu discurso nacionalista “América primeiro”, mas também é expressão de profudna crise para o establishment norte americano, com seu discurso de fraude eleitoral que culminou na invasão ao capitólio (prédio que serve como centro legislativo) por parte de seu eleitorado, incentivada pelo próprio republicano, após perder as eleições para Biden em 2021. Esta reação da extrema direita inflamada por Trump é uma provocação às instituições do estado americano. Por esse motivo, a justiça de inúmeros estados dos EUA vem condenando Trump como inelegível, mas a decisão oficial ainda será julgada na suprema corte, com grandes possibilidades de Trump concorrer.

Sem alternativas à esquerda, a crise dos democratas que tem como Biden sua principal figura, e que vem derretendo nos últimos meses devido a perda de setores progressistas que são contra o genocidio promovido por Israel, contraditoriamente também acaba fortalecendo Trump eleitoralmente, que se tornando um opção para alguns setores desavisados.

Estas eleições, no coração do imperialismo mundial, mexem com expectativas políticas em todo o globo. Tanto do ponto de vista dos conflitos armados quanto da reorganização e localização dos países. Trump ou Biden importam muito para governos de extrema direita como o de Milei na Argentina, que precisa romper a resistência da classe trabalhadora argentina para aplicar seu pacote de decretos imperiais e antipopulares. No no Brasil, o próprio governo de frente ampla e conciliação de classes de Lula-Alckmin, aliado de Biden, pode ser impactado seguem abrindo caminhos para o bolsonarismo e a extrema direita alinhada com Trump. Em todo o mundo, Trump representa um fôlego para a extrema direita enquanto Biden fortalece os projetos ditos maus democráticos em uma tentativa de estabilizar os regimes políticos polarizados durante a última década.

Mas como a própria crise dos eleitores demonstra, ambos representam o que há de pior do imperialismo. Como falar em democracia e apoiar o massacre do povo palestino? Como colocar as esperanças de fim dos bombardeios em um xenófobo racista e asqueroso como Trump? O próprio regime bipartidaristas norte americano, onde apenas estes dois partidos, democratas e republicanos, têm espaços eleitorais é uma via de limitar a constituições e oposições que ofereçam alternativas a classe trabalhadora norte americanas. De modo que as únicas possibilidades políticas que podem se apresentar amplamente para as massas, são a cruz e a espada.

Mais do que votar e criar esperanças vãs, os trabalhadores dos Estados Unidos e do mundo precisam buscar uma saída alternativa dessa barbárie que o capitalismo e o imperialismo nos impõe, que atualmente se resume a guerras, crises climáticas, tragédias anunciadas, racismo, repressão, miséria e precarização do trabalho. Somente confiando em suas próprias forças e lutando para superar esse sistema de miséria e opressão capitalista será possível falar em esperança de mudanças.




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