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Crise no União Brasil | Governo sinaliza permanência de Ministra vinculada a milícia e contra o aborto

A Ministra do Turismo, Daniela Carneiro, e mais 5 deputados pediram desfiliação do União Brasil, após o estopim gerado pela disputa do Diretório Estadual do RJ. O Planalto sinaliza apoio a permanência da Ministra. PT aposta em ampliar mais seu leque de alianças com setores da direita, para aprovar o ajuste fiscal de Haddad.

Felipe GuarnieriDiretor do Sindicato dos Metroviarios de SP

sexta-feira 14 de abril de 2023 | Edição do dia

O pedido de desfiliação alega ao TSE "assédio" e "obstrução política" da sigla comandada pelo deputado Luciano Bivar (União Brasil- PE). E ocorre, após a saída do prefeito de Belford Roxo na Baixada Fluminense(RJ) Waguinho Carneiro, marido de Daniela, e o anúncio da sua filiação ao Republicanos.

Vale destacar, que para cargos legislativos às leis eleitorais são diferentes dos cargos executivos, impedindo a troca de partido fora do período chamado de janela partidária. O que não está descarta punições como perda de mandato. O caso será analisado pelos ministros do STF.

O estopim da crise do União Brasil tem como contexto os conflitos regionais de dois grupos políticos no aparato partidário. O Partido é resultado da fusão de 2 siglas, o DEM e o PSL, e recebeu o maior fundo eleitoral em 2022, totalizando aproximadamente 770 milhões de reais. Possui a terceira maior bancada da Câmara dos Deputados e a quarta no Senado. Declara independência ao governo, entretanto foi responsável pela indicação dos últimos 3 ministérios da Frente Ampla.

Essas disputas atingiram uma proporção maior no Estado do Rio de Janeiro, após Waguinho ser afastado da direção estadual do Partido. Combinado com a articulação nacional liderada por Luciano Bivar e Antonio Rueda, na tentativa de filiar ao União Brasil, por intermédio do presidente da Câmara Arthur Lira (PP), o deputado federal Pedro Paulo (PSD) para ser vice da futura chapa municipal da reeleição de Eduardo Paes em 2024.

Com afastamento de Waguinho, seu respectivo grupo político também perdeu direito de participação das convenções estaduais e acesso a movimentação do fundo partidário. Diante o impasse, Daniela e mais 5 deputados, iniciaram a "rebelião".

A Ministra, eleita deputada com o nome de campanha "Daniela do Waguinho", representa os setores mais reacionários da política brasileira. Do mesmo partido de Moro e uma série de golpistas, possui vínculos históricos com a milícia carioca e compõe a Frente Parlamentar contra o Aborto, como denunciado pelo portal Esquerda Diário.

Esse movimento de Daniela tem respaldo do Palácio do Planalto. Alckmin, presidente interino com a viagem de Lula à China, disse ontem (12/04) que não haverá reforma ministerial, quando indagado da crise envolvendo o União Brasil.

Não tem nenhuma história de reforma ministerial. E cargo de ministro é responsabilidade e, de outro lado, é confiança do presidente da República. Não tem nenhuma discussão de reforma ministerial.

Declaração que não deve agradar Bivar, que pressionava o Governo reivindicando os mandatos e a indicação dos 3 ministérios. E provavelmente, irá recorrer à ação no TSE, o que deve naturalmente aumentar o debate na base dos deputados do União Brasil sobre a composição junto ao atual governo.

Todavia, a contradição é que a indicação de Daniela ao ministério, não foi articulado com o União Brasil. Foi fruto de uma negociação envolvendo diretamente Waguinho e o PT desde antes das eleições, com aval de Lula e Janja e intermediado por André Ceciliano (PT-RJ), atual secretário especial de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais. Pasta comandada pelo ministro Alexandre Padilha.

Evidentemente, o PT está receoso que essa crise abale a sua governabilidade e o apoio da bancada do União Brasil no Congresso Nacional, em particular ao projeto de ajuste fiscal elaborado por Haddad.Entretanto, a sinalização de respaldar Daniela, baseia-se também numa aposta estratégica do Partido, que busca aumentar seu leque de alianças não somente no interior do União Brasil, como também no novo partido de Waguinho.

As próximas votações que ocorrerem na Casa serão um termômetro para bater o martelo nessa decisão.

O que chama atenção, apesar de não ser novidade, é até onde vai a política de conciliação de classes do PT no governo de Frente Ampla. A mesma que nos 13 anos de governo petista pavimentaram o caminho do golpe e a ascensão da extrema direita bolsonarista. A receita é repetida, em troca de angariar apoio a um plano de ajuste fiscal que atingirá milhões de trabalhadores.

Cada apoio que o PT busca conquistar dos setores da direita e da burguesia é um direito retirado dos trabalhadores. É o que sustenta a herança maldita do golpe, a manutenção das reformas trabalhista e da previdência, a lei da terceirização e a precarização do trabalho.

Por outro lado, a contenção das contradições da relação capital-trabalho, principalmente em lutas e greves, é garantida pelo pacto social entre a burocracia sindical e os empresários, e do ponto de vista político, neutralizando os espaços a esquerda com a participação do PSol, que respalda e integra o Governo.

É necessário superar a política de conciliação de classe lulista para derrotar a extrema direita. A defesa da suposta governabilidade, também é a defesa de impor derrotas a classe trabalhadora. Os avanços não virão da institucionalidade desse regime politico degenerado, mas sim da organização independente do proletariado, com um com um programa e uma política de independência de classe, que combata e questione as reformas e ataques que degradaram às condições de vida das massas, como a reforma do ensino médio, a reforma trabalhista e da previdência.




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