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CONTRA O IMPEACHMENT E OS AJUSTES DO PT | Estudantes da Faculdade de Educação aderem a paralisação contra o desmonte da USP e aprovam chamado para um plano de lutas contra o impeachment e os ajustes do governo do PT

Odete AssisMestranda em Literatura Brasileira na UFMG

quinta-feira 31 de março de 2016 | Edição do dia

Em assembleia os estudantes da Faculdade de Educação da USP deliberaram sua incorporação na paralisação convocada para o dia 31 de março, contra o desmonte da universidade, pela reabertura imediata das vagas nas creches, em defesa da escola de aplicação, por cotas e permanência, contra a proibição de festas da REItoria. Também deliberaram um chamado aos estudantes, Centros Acadêmicos e DCE pela construção de um plano de lutas contra o impeachment e os ajustes do governo do PT.

Confira abaixo o boletim distribuído pelo Centro Acadêmico Professor Paulo Freire, que sintetiza a discussão feita em assembleia e faz um convite aos estudantes.

ParalisAÇÃO

A gente batalha muito para entrar na universidade, estuda para encarar um dos filtros sociais mais elitistas que existem: o vestibular. Aí, quando finalmente acontece, parece que o sonho não é tão perfeito assim... Se você tem filho, a reitoria diz "se vira", porque a creche não vai abrir mais vagas. Se você precisa de algum auxílio-permanência, não tem moradia para todo mundo: falta vaga no CRUSP e as bolsas, além de abaixo do valor necessário, são insuficientes para atender a toda a demanda. Esse mesmo projeto de desmonte da universidade se vê no fechamento da biblioteca aos sábados, na falta de computadores na pró-aluno, nas filas no bandejão, no abandono da Escola de Aplicação, onde faltam professores e funcionários... Por isso nós dizemos basta desse descaso com nossas vidas!

E se você for preto? Ah, provavelmente não estará na sala de aula: negros são mais da metade da população, porém menos de 10% dos estudantes da USP. E para simbolizar o quão elitista e racista é esta universidade, criada para os herdeiros dos grandes escravocratas do país, logo no portão principal vemos dois dos maiores entraves ao acesso da população negra: de um lado, o prédio da Fuvest; de outro, a academia de uma das polícias que mais matam preto e pobre no mundo. A maioria dos negros entra na USP apenas para limpar o chão ou realizar serviço de vigia, ou seja, são vítimas da escravidão do século XXI. São invisibilizados por um uniforme de alguma empresa terceirizada, cujo dono muito provavelmente é membro da alta burocracia uspiana.

Negros também ocupam os postos de trabalho mais precários, e são os que fazem funcionar esta que, segundo os (in)questionáveis rankings internacionais, continua sendo uma universidade de excelência. Para piorar isso tudo, a sobrecarga de trabalho, devido ao congelamento das contratações, leva aqueles que "carregam o piano" (às vezes, literalmente!) a adoecerem, tanto física quanto psicologicamente.

E se você quiser se divertir? Afinal, somos jovens numa fase experimental de nossas vidas, e o convívio social é fundamental para uma formação completa. Nada melhor que uma festinha, né? Ah, mas isso não pode, porque a reitoria e a direção da faculdade proibiram a realização de "certas" festas no campus. Contra isso se pronunciam, mas para eles tudo bem que faltem circulares e demais linhas de ônibus à noite, que não tenha iluminação... E se as minas correm o risco de ser estupradas à noite, "ELAS PODEM" aceitar uma universidade cada vez mais fechada, isolada, vazia? "ELAS PODEM" ouvir o reitor dizer que "a gente não pode endemonizar os meninos" (se referindo aos comprovados estupradores da medicina)? A gente diz: NÓS PODEMOS NÃO FICAR CALADAS!

A reitoria vem desferindo ataques a diversos setores da universidade, e sabemos que não são ações isoladas, mas partes de um projeto político. O inimigo é o mesmo e é por isso que nossa luta é uma só! Assim, na assembleia dos estudantes aprovamos nos incorporar à paralisação convocada pelo Sindicado dos Trabalhadores da USP (Sintusp). Unidos somos mais fortes!

UM CONVITE À LUTA

O Brasil está pegando fogo: #Impeachment de um lado, #FicaDilma de outro. De um dia para outro tudo muda. Não sabemos quem governará o país em um mês. Mas nós não temos nenhuma ilusão nesses políticos que só pensam em atender aos interesses da classe dominante. Sabemos que quem se beneficia do impeachment é a direita de partidos como o PSDB, cujo projeto político é responsável pelo desmonte da USP, o merendão e a reorganização velada das escolas. Também é impossível defender o governo do PT, que para conter a crise econômica corta bilhões da saúde, educação e programas sociais, aprofundando seu pacote de ajuste fiscal, numa tentativa de apaziguar aqueles que pedem sua cabeça.

Diante desse cenário de crise politica nacional, somos contra o impeachment e todas as manobras reacionárias dessa direita racista, machista, lgbtfóbica, dos Cunhas e Bolsonaros. Também não temos ilusão no judiciário que só serve para prender preto e pobre da quebrada, enquanto deixa corruptos comprovados sem punição. Mas também não estamos ao lado desse governo que abriu espaço para que a direita se fortalecesse e hoje é quem implementa os ataques que afetam a juventude, a classe trabalhadora e toda a população pobre e oprimida do país.

Estamos ao lado dos trabalhadores para construir uma saída à esquerda para a crise política e econômica que vivemos. Estamos com os estudantes da EACH que se mobilizaram, reverteram o corte de bolsas e agora vão por mais. Com os secundaristas, que ano passado deram uma verdadeira aula de como defender a educação, derrotaram Alckmin e agora permanecem mobilizados contra o merendão tucano. E com os estudantes e professores do Rio de Janeiro que permanecem em luta pela defesa da educação pública.

Por isso chamamos todos os estudantes, Centros Acadêmicos e DCEs a construirmos juntos um Plano de Lutas: contra o impeachment reacionário, e também contra os ajustes do governo do PT!




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