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GOVERNO FEDERAL | Emissários de Dilma pedem que Falcão amenize críticas a Levy

Emissários da presidente Dilma Rousseff procuraram o presidente do PT, Rui Falcão, no início desta semana para pedir que o partido "diminua" as críticas ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

quarta-feira 21 de outubro de 2015 | 00:00

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, publicada domingo, Falcão disse que Levy deve deixar o governo caso se recuse a fazer mudanças na política econômica adotada até agora.

Segundo fontes do Palácio, a presidente Dilma ficou pessoalmente irritada com a declaração do dirigente petista e classificou a postura de Falcão como "fogo amigo". No domingo, ela mesma rebateu o petista afirmando que Levy fica no governo, apesar das discordâncias do partido e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A declaração de Dilma também serviu de resposta a Lula. O Planalto identificou as digitais do ex-presidente na fala de Falcão. As digitais de Lula podem-se enxergar com mais força na presidência desde os acordos ministeriais com o PMDB, que levou à entrega da pasta da Saúde em troca do apoio da sigla.

Auxiliares da presidente consideraram a fala de Falcão "atabalhoada e extemporânea". Segundo eles, ao pedir publicamente a saída de Levy, Falcão tumultuou o ambiente político justamente no momento em que o governo comemorava uma série de notícias positivas como as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que sustaram o processo de impeachment contra Dilma no Congresso, a boa repercussão do discurso da presidente no Congresso Nacional da CUT, na semana passada, e o enfraquecimento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), diante da revelação de detalhes das contas do deputado na Suíça.

Para assessores de Dilma, a pressão de Falcão causou efeito contrário e ajudou a firmar Levy no ministério. A interlocutores a presidente disse que o ajuste fiscal, alvo de protestos de Lula, PT e movimentos sociais, será feito "de qualquer maneira", seja quem for o titular da pasta, e que "inflexões à esquerda", como a liberação de crédito para investimento e redução da taxa de juros, vão depender dos resultados do ajuste, principalmente a redução dos índices de inflação.

Nuances no governo petista sobre um mesmo plano: ajustar os trabalhadores

Como viemos analisando no Esquerda Diário, a intervenção de Lula não tem o propósito de derrubar Levy, muito menos de questionar a linha do ajuste operada por Dilma-Levy. Como principal articulador do governo nos bastidores, Lula pediu a suas duas "Frentes", a Frente Brasil Popular e a Frente Povo sem Medo, para falar contra Levy e o avanço do conservadorismo sem tocar no nome de Dilma. Para Lula, Levy "precisa negociar". E negociar com quem entende em matéria de retirar direitos e garantir perdas salariais e inclusive demissões. A idéia de que Levy não apareça tão descaradamente defensor dos ajustes em busca do beneplácito das agências de risco, enquanto aplica os mesmos, é o que Lula quer garantir, já que Levy representa dois eixos do governo do PT: o mercado financeiro, e o PMDB.

Os gritos da CUT, CTB, e as frentes mencionadas (e através da Frente Povo sem Medo, MTST e PSOL estão implicados como peões no jogo de Lula) pelo "Fora Levy" tem a mensagem de separar a "luta contra Levy e o conservadorismo" da luta contra o governo do PT, que governa junto aos bancos e à direita. Uma vez feita esta operação, Lula se prepara melhor para 2018 e descomprime a pressão das bases dos trabalhadores que estão furiosos com os ajustes.

Nesta situação onde se explicita como a CUT, tal como Lula, tal como Dilma e tal como Levy, todos defendem os ajustes, é criminoso seguir a defesa da Frente Povo Sem Medo justamente com a desculpa de angariar forças contra os ajustes. É impossível lutar contra os ajustes de mãos dadas com os principais ajustadores do povo. A CUT acabou de aprovar a defesa do Programa de Proteção ao Emprego no seu XII Congresso, a cara dos ajustes nas fábricas. Esta frente serve unicamente para paralisar setores dos trabalhadores, da juventude e dos movimentos populares de terra e moradia que estão rompendo com o governo do PT. Serve para disciplinar a oposição ao governo, e impedir que surja uma verdadeira alternativa independente dos trabalhadores para combater os ajustes e a direita que o PT serve. Seguir nesta frente como faz o PSOL ajuda a defender os ajustadores. Por isto, é muito estranho que o PSOL se cale acerca do PT e não rompa imediatamente com esta Frente. Participando dela, está ajudando a defender justamente quem deve ser derrotado: o governo petista de Dilma e Lula que nos ataca.




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