×

Eleições 2022 | "Bolsonarista velado", Caiado se reelege para continuar ataques no governo do Goiás

Ronaldo Caiado (UB) é reeleito em primeiro turno. Outrora próximo à Bolsonaro, o “coronel” goiano tentou se desviar da polarização das eleições para presidente, mas sua tônica segue tudo o que a base de extrema-direita e o bolsonarismo mais têm apreço

segunda-feira 3 de outubro de 2022 | Edição do dia

As eleições ao Executivo em Goiás seguiram que vem sendo desenhado desde o início das primeiras pesquisas, a reeleição do atual mandatário, herdeiro do que há de mais violento do coronelismo em Goiás, Ronaldo Caiado do União Brasil, deve vencer com folga o segundo colocado nas pesquisas, Gustavo Mendanha do Patriotas.

Nas eleições de 2018, quando foi eleito pela primeira vez para ser o chefe do Executivo goiano, Caiado foi eleito em primeiro turno, dando fim a um período hegemônico de quase vinte anos com Marconi Perillo (PSDB) à frente do estado. Anteriormente, Caiado já havia sido senador e deputado federal por cinco mandatos, quatro deles seguidos e foi um dos candidatos à presidência em 1989, aquela que elegeu Fernando Collor. Antes mesmo de ser uma das figuras mais conservadoras e reacionárias da política goiana, Ronaldo Caiado é herdeiro político de figuras das mais abjetas da história do estado. O seu avô, Antônio Ramos Caiado, popularmente conhecido como Totó Caiado liderou a oligarquia da família no estado entre os anos 1910 e 1930 e com as mãos cheias de sangue, perseguindo seus inimigos políticos com centenas de pistoleiros fazendo frente inclusive à Dona Dica, popularmente reverenciada como Santa Dica, líder messiânica do interior goiano e que liderou um movimento que combateu principalmente os Caiado na região de Pirenópolis, no atual distrito de Lagolândia.

Bastasse o passado coronelista da família e que Caiado segue honrando, haja visto a sua atuação como chefe de uma das polícias mais assassinas do país, o seu patrimônio e a atuação ruralista se somam e destacam-se nessa figura reacionária de Goiás. Ronaldo Caiado é um dos fundadores da URD (União Democrática Ruralista), organização que presidiu entre os anos de 1986 e 1989. Dono de ao menos 14 fazendas no território goiano, durante os seus cinco mandatos como deputado federal e os outros quatros anos que foi senador, Caiado foi um dos maiores inimigos da reforma-agrária e um dos maiores beneficiados com os financiamentos dos empresários do agronegócio. O abjeto governador goiano é responsável pela popularização do termo “ruralista”, hoje na boca dos políticos e seus representantes, são parte de uma grande bancada que é apoio de Bolsonaro e que simboliza uma série de preceitos são base da extrema-direita brasileira. Vale ressaltar que foi durante a presidência de Caiado à frente da URD que um de seus representantes no Acre, encomendou o assassinato do líder extrativista, Chico Mendes em 22 de dezembro de 1988.
Nas eleições de 2022, Ronaldo Caiado fez campanha com um bolsonarismo velado, cerca de 50% dos eleitores que irão votar em sua reeleição são eleitores de Bolsonaro. Contudo, devido às trocas de farpas em 2020 com o genocida, fez com que Caiado tentasse se desviar, mas jamais abandonar o bolsonarismo. A contenda de 2020, foi na esteira da afirmação de um sujeito que acreditava na ciência – a formação acadêmica do sujeito é a medicina -, mas todo o restante do discurso circula em torno do favorecimento do agronegócio, dos grandes empresários e da liderança de uma das polícias mais assassinas do país. A caçada a Lázaro Barbosa em junho de 2021, terminou com o cadáver de Barbosa perfurado com incontáveis tiros, que demonstravam toda a violência e o ímpeto de um governador que durante aqueles vinte dias, tomou parte das críticas feitas a sua polícia como algo pessoal e o levou a trocar farpas com o bolsonarista – este literal – Ibaneis Rocha do DF. Ademais, são inúmeros os exemplos de violência policial, cometidos pela polícia de Caiado.

Dentre os ataques mais significativos do governo de Ronaldo Caiado, podemos citar a aprovação da lei nº 4983/21, precarizou ainda mais o trabalho dos professores que diante da grave crise econômica são obrigados a trabalhar por 60 horas semanais. A princípio, os professores efetivos, poderiam ter uma carga horária semanal de até 42 aulas, que resultavam na jornada de 60 horas/semanais. Contudo, após a aprovação da lei, os professores passaram a poder ter direito a 28 aulas que se constituem em 40 horas semanais de trabalho, as demais aulas, só podem ministrar caso passem em processo-seletivo, com vistas a assinatura de contrato-temporário. Dessa forma, os professores passaram a ter um vínculo efetivo e outro por contrato, que por si só, já caracteriza a precarização, onde esses professores têm os seus direitos reduzidos, como os das massas de contratos temporários que compõem o quadro de profissionais da Educação em Goiás. O efeito de tamanho ataque, até o mês de maio, o quadro de professores das escolas ainda não estavam incompletos, os alunos passaram meses sem aulas e as escolas estavam um caos, que a secretária “bajuladora” de Caiado, Fátima Gavioli escondeu.

Por todos esses elementos, é visível que Ronaldo Caiado está longe de ser a resposta para as mazelas que assolam a população goiana, o agronegócio tão alardeado seja pelo coronel ou por parcelas de candidatos sustentados por esse setor, não é o motor da economia, o que atesta inclusive que o que move esse estado (e o mundo) são os trabalhadores e não o maquinário o cultivo que culturas que servem para alimentar o gado. A maior parcela do PIB goiano – cerca de 67,7% conforme dados de 2020 do Instituto Mauro Borges – é referente a área de serviços e o comércio, a indústria detém fatia de 21,1% e a agropecuária apenas 11,4%. Nesse sentido, cabe a essa parcela de trabalhadores, apostarem na sua força para tomar em suas mãos as rédeas de um dos estados que a economia mais cresce no país, mas que não participa dessa fatia de bonanças. Que tomemos o exemplo de Benedita Cipriano Gomes, a Dona Dica que junto com os seus "pés com palha e pés sem palha" enfrentou os Caiados, como objetivo para usufruirmos das riquezas desse estado, sem confiança em coronéis, ruralistas e todos os demais inimigos de nossa classe.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias