×

Argentina | Crise Política: Milei revive seu discurso contra a "casta" para ocultar sua derrota no Congresso

Javier Milei se manifestou contra a “extorsão” dos governadores, denunciando que é a “casta política” a responsável pela não aprovação da lei omnibus. Um discurso para esconder a falta de apoio ao seu plano de ataques aos trabalhadores, pobres e oprimidos. As maiorias que se manifestaram em frente ao Congresso.

quarta-feira 7 de fevereiro | Edição do dia

Minutos depois da derrota do governo no Congresso Argentino, Milei e sua corja começaram a nova campanha libertária: “a casta contra o povo”. Primeiro, um post do La Libertad Avanza (Partido do presidente) acusou os governadores de “extorsão”, afirmando que “a traição custa caro”. Em seguida, saiu um comunicado oficial da Casa Rosada, e o presidente, Javier Milei, tuitou:

Curiosamente, denunciam que a “oposição rompeu acordos” e, ao mesmo tempo, que são a “casta contra o povo”. Parece que enquanto o governo os teve ao seu lado, votando a favor para que o presidente tivesse poderes quase monárquicos, ou justificando a repressão e criminalização das manifestações - brutalmente comandado por Patricia Bullrich, grande expoente da "casta" - aí essa oposição não era da "casta". A realidade das últimas semanas revela que todas as negociações permanentes entre os blocos dos partidos argentinos LLA, PRO, UCR e HCF para obter maiorias para aprovar esta lei, falharam.

Neste quadro, o PRO do ex-presidente Macri e de Bullrich, que deu total apoio a Milei dentro e fora do Congresso, face a esta situação saiu agora para se desligar da crise com uma declaração da coalizão Juntos por el Cambio, dizendo que "não é apropriado que eles sejam responsabilizados". As negociações e acordos permanentes entre estas forças políticas e os governadores provinciais giraram em torno de pontos da lei que implicavam em mais ou menos recursos para os seus cofres, para não criticar todos os avanços pretendidos pelo governo sobre os setores populares.

A queda da “lei omnibus” tornou-se a primeira derrota política do governo. Por isso foi necessário imediatamente que Milei articulasse um discurso para esconder o que é inegável: ele começou a mostrar sua fraqueza.

Mas além disso, ao colocar exclusivamente “a casta política” em oposição à lei, tentam apagar que desde que o Congresso Argentino começou a se reunir para debater esta lei, uma importante mobilização foi mantida denunciando e enfrentando a violenta repressão desencadeada pelas forças federais de Patrícia Bullrich. A realidade mostrou que desde os primeiros anúncios de 20 de dezembro, começaram as assembleias de bairro em diferentes partes da CABA (Cidade Autônoma de Buenos Aires), da região metropolitana de Buenos Aires e de outras partes do país. A mobilização massiva de 24 de janeiro no âmbito da greve convocada pela CGT, pela CTA e as organizações populares e de esquerda, denunciaram cada um dos ataques contra os bolsos dos trabalhadores e as liberdades democráticas.

Como disse Christian Castillo: “As forças do céu perderam a primeira batalha contra as forças da rua”.

Na mesma postagem, Milei anunciou, em tom ameaçador, que "vamos continuar com nosso programa, com ou sem o apoio das lideranças políticas que destruíram nosso país". Não seria descabido que continuassem nesse caminho de aumentos tarifários, desvalorização e reajuste das aposentadorias, com novas medidas anunciadas pelo Executivo que subiu só hoje os ônibus e metrôs da capital. No entanto, a cada dia que a inflação descontrolada, somada aos aumentos nos transportes, serviços de luz, água, ataque aos direitos trabalhistas, entre tantos outros, começam a gerar descontentamento e decepção, o reajuste recai sobre as maiorias populares e não sobre a "casta", como afirmam.

A mobilização permanente nas ruas todos os dias em que o Congresso debateu essa lei foi fundamental para derrubá-la e aprofundar a crise de Milei. Esse é o caminho a seguir e massificar para enfrentar os ataques.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias