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METRÔ | Coronavírus e o Metrô lotado: 6 medidas emergenciais contra a precarização do Metrô/SP

O metrô de SP é um dos lugares de maior aglomeração de pessoas por metro quadrado na cidade de São Paulo. Diferente do que Doria diz estar fazendo, "tomando as providências", vemos que, na realidade, a situação no Metrô de SP está bem longe de ser a adequada para evitar a propagação do coronavírus na cidade como veremos neste artigo. Quais as medidas mais importantes que deveriam ser tomadas para proteger a população e os metroviários frente à epidemia do coronavírus hoje?

sábado 14 de março de 2020 | Edição do dia

Os metroviários de SP atendem quase 5 milhões de pessoas por dia no sistema,sendo um meio de transporte que pode propiciar a transmissão do Coronavírus em maior escala. A superlotação no interior dos trens, em que a Linha 3 Vermelha, por exemplo, leva em torno de 7,1 passageiros por m2 em horário de pico, é outro elemento extremamente agravante para esta situação.

A superlotação hoje no Metrô de SP é um mal agravado pelo avanço da privatização e precarização que a população enfrenta cotidianamente. A pandemia do coronavírus no mundo hoje traz à tona a urgência de reverter esse quadro para minimizar os impactos de sua deflagração.

Esta superlotação é ainda mais agravada neste momento, por exemplo, devido à falta de operadores de trem no Metrô de SP, que inevitavelmente causa a diminuição da frota de trens nas linhas, e que, consequentemente, aumenta a quantidade de pessoas por trem e nas plataformas por conta da baixa oferta de trens.

A falta de condições de higiene mínimas para os funcionários do Metrô também é outra questão elementar que o governo e o Metrô não garantem. Hoje nas dependências internas do Metrô não há sequer disponível álcool em gel para os funcionários, e onde existe álcool em gel ele está fora da validade. Nos últimos dias denúncias de funcionários das estações do Metrô constataram estações em que o próprio sabonete estava em falta, e nos últimos dias chegou a faltar até mesmo água em algumas estações para funcionários lavarem as mãos (ou para beber) por várias horas!

É a precarização dos transportes em condições degradantes na maior da América Latina cidade que inevitavelmente está aumentando os riscos da propagação do coronavírus, uma total irresponsabilidade de Doria e do Metrô de SP.

Na coletiva de imprensa que o governador Doria deu essa semana mostrou o categórico despreparo do governo para enfrentar a situação do combate ao coronavírus, quando o mesmo afirmou que "o governo está comprando 20 mil novos testes e 200 novos respiradores artificiais", totalmente insuficiente para a previsão de aumento do vírus no enorme estado de SP. Assim como o Metrô enviou para a sua comunitária um comunicado com ações preventivas bastante insuficientes, que não englobam os terceirizados, ao mesmo tempo que se pede a intensificação da limpeza sem se importar com as condições e sobrecarga de trabalho que terão. Não respondem ao problema de falta de funcionários, além de aprofundar a diferença entre efetivos e terceirizados, deixando estes e, em consequência, a população mais expostos.

Leia também: declaração da Fração Trotskista - Quarta Internacional, sobre a pandemia do coronavírus.

Enumeramos 6 medidas emergenciais simples que ajudariam a fazer frente ao avanço do coronavírus mas que vão na contramão da política de privatização e precarização do Governo e do Metrô de SP, e que por isso dependerão da nossa mobilização junto à população para impor. Chamamos nosso sindicato dos metroviários, e também às bancadas dos representantes eleitos das CIPAs, a incorporar a luta por essas medidas nas nossas discussões, setoriais e na nossa mobilização.

1) Contratação imediata de metroviários para preenchimento e ampliação do quadro de funcionários para permitir que o Metrô possa operar na sua capacidade máxima (dentro das medidas de segurança) possibilitando colocar mais trens nas linhas para rodar, contratando mais operadores de trem e consequentemente de metroviários de estação para reduzir a lotação e garantir atendimento eficiente da população, sem que haja sobrecarga de trabalho mesmo no próximo período em que os afastamentos de saúde devem aumentar.

2) Para proteger os metroviários e a população: Garantia de toda cobertura de saúde para todos os funcionários, com igualdade de assistência entre efetivos, terceirizados e contratados, e garantia de teste gratuito para todos que tenham sintoma de gripe

  •  Garantia de licença remunerada a todos os trabalhadores do Metrô (efetivos e terceirizados) que tenham sintomas do coronavírus para que seja apurado devidamente, até que saia o resultado do teste, ou por 14 dias (período de incubação do vírus, que além de prevenir o contágio de demais pessoas, também é importante para o tratamento, com o descanso necessário, se alimentar bem, fortalecer a imunidade, etc). Assim como licença remunerada de todos os funcionários efetivos e terceirizados com mais de 65 anos.
  •  Licença remunerada aos trabalhadores pais e mães que tiverem seus filhos com sintomas do coronavírus para garantir assistência aos mesmos (efetivos e terceirizados) pelo período necessário para a recuperação seus filhos ou no caso de fechamento de escolas e creches.
  •  Proibição de demissão de trabalhadores terceirizados ou efetivos em caso de licenças ou suspensão/diminuição da prestação de algum serviço, com garantia de 100% do salário nesse período.

    3) Contratação emergencial de mais trabalhadores da limpeza, e que sejam efetivos, para garantir o reforço da limpeza nos trens e estações (pega-mão e corrimão), para não ter sobrecarga de trabalho dos já contratados. Efetivação de todos os funcionários terceirizados, jovens cidadãos e aprendizes e contratados para terem emprego mais digno para atender a população com a qualidade necessária.

    4) Disponibilizar em grande quantidade para todos os trabalhadores efetivos e terceirizados, em todos os locais de trabalho:

  •  Máscaras descartáveis
  •  Álcool em gel
  •  Sabonete e papel toalha
  •  Luvas descartáveis

    5) Dar instrução necessária para metroviários e todo quadro de terceirizados e contratados atuar quando passageiros alertarem estar com suspeita do vírus (como fornecimento de máscaras aos usuários quando acharem necessário). Assim como cartazes informativos e novos P.A’s (anúncios sonoros) aos usuários com as medidas preventivas a serem tomadas

    6) Criação de uma Comissão Independente de Higiene e Prevenção, com plenos poderes para investigar, consultar e questionar as medidas que são tomadas para a segurança dos trabalhadores e usuários.

    Essas são medidas parciais, mas elementares e muito importantes que necessitam estar ligadas a um plano que transcenda o Metrô e os transportes, para que os trabalhadores não paguem por essa crise. Que estejam atreladas à luta contra o corte de verbas na saúde, pela revogação da lei do Teto de Gastos, juntamente com medidas imediatas emergenciais para garantir os leitos de internação, de UTI, com contratação de trabalhadores da saúde etc, e a necessidade de um sistema único de saúde que seja 100% estatal sob controle dos trabalhadores da saúde e em parceria com a população, bem como para garantir um metrô de qualidade, de um transporte 100% estatal sob controle dos trabalhadores e usuários.

    Além disso a redução da lotação nos horários de pico também depende de medidas que estão para além do metrô, como a redução da jornada de trabalho de todos os trabalhadores da cidade que dependem deste transporte, sem redução salarial, permitindo que parte dos trabalhadores entrem mais tarde nos seus trabalhos, e a outra parte saia mais cedo, reduzindo a concentração de passageiros nos horários de pico. Estas são todas medidas que dependem da organização e mobilização do conjunto da classe trabalhadora, e por isso é urgente que as grandes centrais sindicais impulsionem ações nos locais de trabalho para preparar um plano de lutas que seja capaz de impor estas medidas.

    pode te interessar: O coronavírus e a classe trabalhadora




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