×

Movimento estudantil | Contra a precarização das universidades, a greve da USP mostra o caminho: Por uma paralisação nacional!

A USP entrou em greve geral há uma semana contra a falta de professores e por permanência estudantil, com manifestações e assembleias que chegaram a mais de 1000 estudantes. Recuperando métodos históricos de luta do movimento estudantil, com paralisações, greves e piquetes que há anos não se viam, es estudantes estão voltando a mostrar sua força, aprovando também medidas de defesa dos terceirizados.

Faísca Revolucionária@faiscarevolucionaria

segunda-feira 25 de setembro de 2023 | Edição do dia

Nós da Faísca Revolucionária estamos batalhando para colocar a greve na rua para dialogar com a população sobre as demandas da luta por um comando de delegados eleitos pela base e defendemos também que a UNE nacionalize esta luta em cada universidade do país, fortalecendo uma mobilização unificada construída pela base com um chamado a uma paralisação nacional no dia 03 de outubro, contra a precarização nas universidades e em unidade com a classe trabalhadora, já que nesse dia os metroviários, ferroviários e trabalhadores da SABESP vão parar São Paulo e os servidores federais também aprovaram um chamado à paralisação nacional.

Na USP, o fechamento de habilitações únicas na América Latina, como no caso do coreano, e a ameaça do fechamento de cursos como Obstetrícia levou a indignação estudantil ao limite devido a falta de professores, junto à falta de permanência estudantil, a precarização da USP avança com a privatização tentando criar um fundo patrimonial (endowment) para arrecadação de doações de empresários e também pela via da terceirização do trabalho. O Reitor Carlotti que implementa este projeto de universidade à serviço dos interesses da burguesia, teve o apoio do diretor da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), Paulo Martins, integrante do PT, que buscou desmobilizar es estudantes suspendendo as aulas e fechando os prédios com a guarda universitária dizendo que existia uma ameaça de “dano do patrimônio público” pelos estudantes na última segunda-feira. A resposta des estudantes foi categórica: com assembleias nos cursos e greve imediata de toda a FFLCH com uma manifestação de mais de 1000 estudantes, colocando o diretor de joelhos para escutar nossas reivindicações.

A falta de professores e a precariedade da permanência estudantil não é exclusividade da USP. Nacionalmente as denúncias de estudantes que não conseguem fazer suas matrículas nas disciplinas que precisam para avançar na sua formação, a debilidade de departamentos que são ameaçados de fechamento e também a precariedade terrível da permanência estudantil acumulam escândalos, como o caso da UFPE onde mais de 1000 estudantes sofreram uma intoxicação alimentar no restaurante universitário e realizaram forte manifestação. Ainda existem bolsas de pesquisa no valor de R$ 400, um deboche das Reitorias e instituições de fomento com es estudantes, e também reflexo do que são anos de cortes e congelamentos, que se iniciaram no governo de Dilma Rousseff, escalaram com Temer e particularmente com Bolsonaro, mas também tiveram continuidade neste ano com Lula-Alckmin. Na UFRN, isso está levando a cortes de bolsistas, por exemplo, onde no Laboratório de Psicologia três bolsistas estão sendo substituídos por um trabalhador terceirizado, descarregando a crise orçamentária nos estudantes e trabalhadores.

Mas então se a precarização da permanência e das universidades é regra geral, a direção da União Nacional dos Estudantes (UNE, dirigida pelo PCdoB, PT e Levante Popular da Juventude) ao invés de alimentar a passividade des estudantes, deveria imediatamente convocar assembleias de base em cada universidade, instituto técnico e escola, para cercar a greve da USP de solidariedade ativa e organizar a luta pelas nossas demandas. Mas não faz isso, porque quer a luta estudantil totalmente subordinada às regras e agenda do governo Lula-Alckmin, como vimos no Congresso da UNE onde a majoritária sequer votou um plano de lutas contra o NEM e o Arcabouço Fiscal, pelo contrário, vergonhosamente comemoraram a retirada do FUNDEB do Arcabouço Fiscal sem organizar absolutamente nenhuma luta, como se fosse possível estudar sem saneamento básico e moradia. A garantia dos interesses privados na educação pelo governo Lula-Alckmin é tamanha que a fundação Lehmann, por meio da sua ONG MegaEdu ganhou espaço para opinar sobre conectividade de internet em escolas públicas, podendo influenciar nas decisões no que diz respeito à educação, algo levado adiante pelo Ministério da Educação de Camilo Santana.

A população trabalhadora precisa saber que faltam professores e permanência nas universidades públicas, e que se elas não são universidades de fato abertas a todes que queiram é tão somente por conta da política das reitorias e governos, e não por conta da luta estudantil, como o diretor da FFLCH tentou fazer ao dizer que os estudantes em greve estão agindo como a “direita bolsonarista”. Isso é particularmente importante na USP, considerada melhor universidade da América Latina, por isso Bianca Rosália, estudante de Letras e delegada do comando de greve da USP, defendeu em assembleia geral ontem que a greve vá pra rua e que se democratize as decisões da greve através de um comando geral de delegados eleitos para que os próprios estudantes possam tomam em suas mãos e decidir sobre os rumos da luta, pois é isso que pode fortalecer a luta des estudantes e não uma direção burocrática da greve, que não foi eleita peles próprios estudantes. É a conciliação com a reitoria que torna a nossa luta um beco sem saída e fortalece o projeto de universidade do bolsonarista Tarcísio:

Neste sentido, o caminho apontado peles estudantes da USP, de assembleias de base, paralisações, greves e piquetes é fundamental para demonstrar às gerações des estudantes que nunca puderam ver o movimento estudantil em movimento de fato, a força que pode ter, já que desde 2016 e 2017 não se vêem greves e paralisações com esse grau de ativismo estudantil. A oportunidade de confluir com uma luta central da classe trabalhadora faz com que essa mobilização possa ganhar ainda mais importância, como já está se dando na USP e batalharemos para que aconteça no dia 03. Imaginemos o que pode acontecer se os estudantes em cada universidade do país eleva esse exemplo da USP à prática, lutando pela contratação imediata de professores, por permanência estudantil questionando a manutenção das reitorias ainda comandadas por interventores bolsonaristas, precarização da infraestrutura, e um longo etc de precarização fruto dos muitos anos de cortes na educação?

A pergunta que fica então é: por que a UNE não está batalhando pela nacionalização da forte greve que ocorre na USP? Nós da Faísca Revolucionária queremos pautar a nacionalização do conflito, tanto em apoio, quanto pelas demandas contra a precarização em cada universidade. E como nacionalizar essa luta? Já há alguns pontos de apoio para isso, como por exemplo es estudantes da UERJ, que há uma semana organizaram manifestações de centenas de estudantes que arrancaram o pagamento das bolsas atrasadas e agora, aprovaram em um conselho de entidades de base o chamado a uma paralisação no dia 03, que precisa ser levada adiante com assembleias de base. Em todas as demais universidades, a UNE deveria convocar assembleias e que sejam construídas em cada curso, cada sala de aula para que o dia 03 se transforme em uma paralisação nacional. Mesmo as universidades que estão de férias, por exemplo, poderiam organizar atos de rua para esse dia. Fazemos esse chamado a nacionalizar a luta da USP para todas organizações que se colocam como oposição, hoje Juntos, UJC e Correnteza estão no DCE da USP, mas também possuem cargos na direção da UNE e estão diversos DCEs pelo país, poderiam usar o exemplo da USP como forma de ampliar e fortalecer nacionalmente essa luta. E para isso, é necessário se enfrentar com a política da majoritária da UNE, essas organizações precisam dar esse exemplo na prática e construir assembleias de base em cada universidade rumo ao dia 03, ao invés de mais uma vez se adaptar à política da UJS e do PT atuando como "a oposição que o governo gosta". Essa é a batalha que nós da Faísca estaremos construindo em cada universidade onde estamos presentes, pois é preciso batalhar por uma nova tradição de movimento estudantil, com total independência das reitorias e governos.

Vemos que o dia 3 de outubro seria uma grande oportunidade para um dia nacional de paralisação e luta em todas as universidades. Nesse dia, foi aprovado uma paralisação nacional dos servidores federais e se arma uma greve unificada na cidade de São Paulo contra o plano privatista do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que quer entregar o metrô, a CPTM (trens urbanos), a Sabesp (tratamento de água) e as fundações CASA. Este é um ataque histórico aos trabalhadores e toda população de São Paulo, que pretende ser utilizado como símbolo e exemplo da direita em todo país como projeto a ser implementado em cada cidade e estado. Esse avanço em cima dos serviços públicos se apoia diretamente na política que o governo de frente-ampla Lula-Alckmin vem aplicando no país, a exemplo da Reforma Tributária e do Arcabouço Fiscal, que facilitam privatizações, e também do Novo Ensino Médio, que permanece intocado pelo governo e serve para colocar o neoliberalismo em sala de aula, priorizando aulas de como se tornar um capitalista e de empreendedorismo, diminuindo a carga horária das disciplinas de humanas para vincular o projeto de educação acrítico e tecnicista ao mundo de trabalho precarizado que os capitalistas e os governos estão preparando para a juventude. A parceria entre a extrema direita de Tarcísio e o governo de frente ampla Lula-Alckmin também tem data solene marcada, para anúncio das obras do PAC em São Paulo na próxima semana.

É preciso retomar a tradição combativa do movimento estudantil e a aliança operário-estudantil que em 1968 fez tremer as bases da ditadura no Brasil. A unidade entre estudantes e trabalhadores é primordial, tanto em São Paulo contra Tarcísio e seu plano de privatização e precarização, quanto nacionalmente. Para citar apenas um exemplo, enquanto es estudantes da UFPE enfrentam a precarização, o metrô de Recife é privatizado pela direitista Raquel Lyra e Lula-Alckmin, o que concretiza também o quanto a conciliação de classes fortalece a extrema-direita. Isso também ficou visível com Zanin, novo ministro do STF indicado por Lula, que já votou contra a equiparação do crime de homofobia ao de injúria racial, em meio aos ataques da extrema-direita ao direito do casamento igualitário. A confiança nas nossas próprias forças precisa ser retomada sem nenhuma ilusão no governo de frente ampla Lula-Alckmin nem com as instituições burguesas, como o próprio STF, força maior deste judiciário que mantém 40% da população carcerária presa sem direito a julgamento, majoritariamente negra e que foi fundamental no Golpe Institucional, na aprovação de cada ataque e na repressão às lutas operárias, como no caso dos professores estaduais de MG.

Chamamos es estudantes, entidades estudantis e organizações e construir uma forte campanha nacional de apoio à USP e de exigência na realização de assembleias de base para organizar uma forte paralisação nacional no dia 03, contra a precarização das universidades, confiando nas forças des estudantes e trabalhadores!




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias