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REVOLTA DE CHILOE | Chile: jornada nacional de manifestações prepara novos combates

Tensas negociações se chocam com a intransigência do governo de Bachelet no mesmo dia de manifestações em todo Chile, anúncios de novos combates.

quinta-feira 12 de maio de 2016 | Edição do dia

Jornada nacional de mobilizações e enfrentamentos: uma juventude combativa se coloca em marcha?

Segunda-feira, dia 9, foi um dia inteiro de mobilizações e enfrentamentos contra a repressão em todo o Chile.

O dia começou com demissões em massa e mobilização em Puerto Montt com mais de 10 mil trabalhadores, estudantes, pescadores e delegações de cidades do interior. Caminhoneiros bloquearam o acesso principal à cidade. Estudantes da Universidad de Los Lagos tomaram a rota internacional 215.

Ganharam-se novas adesões e os pescadores de Valparaíso se solidarizaram com Chiloé, denunciando que “não é maré vermelha, é veneno”. Os pescadores de Arica anunciaram que estão em estado de mobilização.

Em um primeiro vislumbre do que está por vir, pescadores surpreenderam as Forças Especiais, “vocês são irmãos para nós... Nós estamos lutando pelo que é justo, não porque queremos lutar”, fazendo com que se retirassem, mas o pedido não vai prosperar.

Espontaneamente, funcionários do Tesouro iniciaram uma greve de 24 horas em La Araucania em apoio aos pescadores.

À noite, houveram marchas, concentrações e foram levantadas barricadas nas ruas em, pelo menos, sete cidades: em Santiago se mobilizaram certa de 800 pessoas montando barricadas em diferente locais; mais de 1000 em Valparaíso, com barricadas; Concepción com barricadas; Temuco com bloqueios nas estradas; marcha em Osorno; mais de 500 em Valdivia onde a ponte Pedro de Valdivia foi tomada; maciça marcha em Puerto Montt, com mais de 2 mil pessoas, seguida de enfrentamento com a polícia com denúncia de que a polícia lançou gás lacrimogênio no rosto de um jovem.

A maioria das marchas foi protagonizada por jovens e organizações de esquerda, entre elas o Partido de Trabajadores Revolucionarios (PTR) e a Agrupación Combativa y Revolucionaria (ACR). Mobilizando-se durante todo o dia, enfrentando a repressão, levantando barricadas, pode estar colocando novamente em movimento uma juventude sem medo, uma juventude combativa, que une a luta nas ruas às exigências dos pescadores e dos trabalhadores e ao repúdio aos partidos do regime.
Durante o evento em Puerto Montt, voltou a ser denunciado nos alto-falantes que queriam satisfazê-los com um pacote de feijão enquanto os senadores estão ganhando milhões.

O espírito de revolta se espalhou. Na manhã do mesmo dia, em Tocopilla, estradas foram bloqueadas por causa de um protocolo de 2013 que não foi cumprido, portuários de Iquique tomaram a Secretaria Regional Ministerial de Trabalho por causa da demissão de 40 trabalhadores. Nas assembleias estudantis é discutida a situação em Chiloé.

Equilíbrio instável de forças

No último dia 10, ocorreram novas negociações, e uma decisão provocativa do governo. Durante a madrugada, o governo ligou para os dirigentes com nova proposta. Foi rejeitada, denunciando que a ligação foi em hora inadequada; que foi deixado praticamente fora da negociação cerca de 80% a 90% dos pescadores, ainda que estivesse sendo cumprido com a quantidade que eles haviam solicitado; que impunham condições que não podiam aceitar.

Mais tarde, outra reunião com o governo. Mais uma vez a proposta foi rejeitada, por se tratar de “migalhas”. E subiram a aposta, com uma petição de 28 pontos, a exigência de um bônus de $300.000 por seis meses, a ampliação das quotas de extração impostas pela lei de Longueira, além de sua revogação. Sem acordo, ficou definido que “a mesa está quebrada”.

Em um ato de arrogância, o governo, apesar de não chegar a um acordo, anunciou que atenderá a sua própria proposta: uma “contribuição solidária” de $750.000 (uma quota de $300.000 e três de $150.000).

A intenção é dividir. Chantagear as necessidades. Ganhar tempo. Mas a arrogância desse anúncio pode dar espaço para repressão, que o governo vem contendo nas barricadas de Chiloé, ensaiando em alguns pontos e implantando nas marchas em solidariedade no resto do Chile.

Assim, nenhuma força prevalece sobre a outra, nem os pescadores conseguem suas exigências, nem o governo dissolve a revolta. Um equilíbrio instável de forças que não pode durar, uma força tem que se impor à outra.

Um sinal preocupante, a possível divisão. Unir as forças em uma Assembleia de Trabalhadores e Popular

Um setor das ONGs entrou com uma ação contra a atitude das salmoneras e de responsabilidade de organismos públicos, como Sernapesca. O mesmo sobre a prefeita de Ancud Soledad Moreno, que apelou para a proteção em favor dos pescadores da área. Um setor da direção declarou que não eram fizeram a denúncia e que não tinham interesses diferentes. A crise social e ambiental afeta a todos os pescadores, os trabalhadores e suas famílias, estudantes, vizinhos e moradores. O governo tenta dividir. Pretende que alguns aceitem o bônus e se retirem das ruas.
Os trabalhadores, com as demissões em Puerto Montt, e os estudantes, unem suas lutas à revolta de Chiloé. A jornada nacional de mobilização está envolvida em solidariedade combativa. É a força que possuem em todo o Chile.

É necessário evitar a divisão, fortalecer a mobilização, através da convocação de uma Assembleia de Trabalhadores e Popular que decida cada passo a seguir, e chame greve, por tempo indeterminado, dos trabalhadores públicos, municipais, de correios, professores e dos trabalhadores das bases de processamento da indústria de salmão. O governo só entende a linguagem da força da mobilização.

Tradução: Pammella Teixeira




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