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TRAGÉDIA DE MARIANA | Ato da prefeitura reúne apenas 400 pessoas a favor da Samarco

Ato convocado pela prefeitura de Mariana reúne apenas 400 pessoas a favor da Samarco. Manifestantes contrários denunciaram a impunidade à empresa e aos responsáveis pela tragédia.

quarta-feira 16 de março de 2016 | 00:00

Um ato convocado pela prefeitura de Mariana a favor da Samarco reuniu cerca de 400 pessoas, entre políticos conhecidos da região como o prefeito, moradores e funcionários. Os manifestantes pediam a volta das atividades da mineradora e pressionavam pela liberação das licenças embargadas pela Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) em função do rompimento das barragens de rejeito de minérios.

Contrários ao ato, houve moradores e estudantes da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) denunciando a Samarco visto a empresa ser, junto a Vale e a BHP, responsáveis pela tragédia que destruiu Bento Rodrigues e Paracatu, causando o maior desastre ambiental do país com a destruição da bacia do Rio Doce.

No ato chamado pela prefeitura, os manifestantes levaram cartazes a favor da empresa. Segundo o prefeito da cidade, Eustáquio Duarte Junior, desde a paralisação dos trabalhos da mineradora, desde 5 de novembro de 2015, o comércio teve queda de 60%, e o município perdeu R$ 5 milhões em arrecadação.

Porém o que o prefeito não disse sobre os impactos mais profundos da tragédia resultado dos lucros dos empresários da mineração, disseram os moradores contrários à defesa da empresa e a favor de melhorias nas condições de vida de toda a população trabalhadora e jovem da cidade, que em grande parte ocupam postos de trabalho precarizados.

Darlene, que desde a tragédia acompanha as demandas dos moradores de Mariana e que esteve presente no contra ato, deixou seu depoimento ao Esquerda Diário:

“Aqui no fim de semana teve manifestação em Mariana a favor de que voltasse as atividades da mineradora Samarco, porém teve grupos da Ufop e outros contra esse movimento. Estive lá e óbvio que estava contra a Samarco pois o que eles buscam e visam é o turismo e melhorias da cidade e até hoje nada foi resolvido a respeito das áreas afetadas. Somente em papel. Olha, com certeza tinha mais pessoas a favor da Samarco porém poucos funcionários e alguns políticos com seus interesses particulares. Mas a minoria contra também demonstrou que estava ali pra lutar. A região já não estava bem economicamente antes da tragédia. Olha, tem muitas pessoas afetadas até hoje e eles não fazem nada e não falam nada sobre isso. Aqui em Ouro Preto está péssimo em todos os sentidos.”, disse Darlene, moradora de Ouro Preto e trabalhadora precarizada da região.

Flavia Vale, que militou ao redor da campanha de solidariedade aos moradores atingidos pela tragédia, declarou:

“À frente do ato estavam políticos da região que vivem às custas das mineradoras, e eles estavam dizendo: “justiça sim, desemprego não, a Samarco faz parte da história de Mariana”. Porém, eles não são iguais aos trabalhadores que perderam suas vidas na tragédia, que dão sua vida e suor nas minas ou que sobrevivem com trabalhos precarizados e super rotativos na área de serviços da região. O prefeito usa a população como massa de manobra da empresa para manter a impunidade e não está a favor do emprego. Se assim fosse, já teria emitido um projeto de lei tornando ilegal as demissões na região e pela reintegracão dos trabalhadores das minas que foram demitidos desde a tragédia. A Samarco, Vale e BHP devem arcar com todo o estrago da tragédia, terem seus bens confiscados para atender a todas as demandas de toda a população atingida, para a reconstrução de Bento Rodrigues, Paracatu e da bacia do Rio Doce. A única forma das minas da Samarco, Vale e BHP voltarem a funcionar sem haver demissões e novas tragédias é que passem a ser controladas pelos trabalhadores e pela população.”




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