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Crise do "progressismo" | Após o triunfo da direita, Pedro Sánchez adianta as eleições no Estado espanhol

O Presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, anunciou nesta segunda-feira o adiantamento das eleições gerais no Estado espanhol para domingo, 23 de julho, após o mau resultado da sua coalizão, do Partido Socialista e do Unidas Podemos, nas eleições municipais e regionais deste domingo. Um sinal claro para outros governos reformistas que administram os ataques capitalistas pelo mundo: a conciliação fortalece a direita.

segunda-feira 29 de maio de 2023 | Edição do dia

Após o triunfo da direita tradicional do Partido Popular (PP) nas eleições regionais e municipais deste domingo, o chefe do Governo do Estado espanhol, Pedro Sánchez, anunciou o adiantamento das eleições gerais para 23 de julho. A convocatória formal para as eleições será publicada esta terça-feira, com a dissolução do Parlamento.

O chefe do governo afirmou que está marcada para a tarde desta segunda-feira uma reunião extraordinária do Executivo, entre a coalizão composta pelo partido socialista (PSOE) de Sánchez junto com o Unidas Podemos.

O resultado das eleições deste domingo mostrou uma virada à direita com a vitória do conservador Partido Popular e da extrema direita do VOX (que obteve uma boa eleição e co-governará com o PP em diferentes regiões) e a perda de poder institucional do PSOE, juntamente com o quase desaparecimento do Unidas Podemos.

O anúncio também ocorre algumas semanas antes de a Espanha assumir a presidência rotativa da União Europeia para o segundo semestre do ano, a partir de julho.

A editora do Esquerda Diário do Estado Espanhol (Izquierda Diario), Lucía Nistal, destaca que provavelmente existem vários fatores por trás do cálculo: Por um lado, mostrar iniciativa para evitar falar sobre a derrocada do PSOE e o avanço da direita e, provavelmente, Sanchéz queira aproveitar a reação “progressista” a esse avanço e à colaboração entre o PP e a VOX em diferentes municípios e comunidades. Nesse sentido consta um dos artigos do jornal El País de hoje, quando afirma: “O presidente convoca e obriga os progressistas a decidirem se se mobilizam para impedir um governo do PP-Vox”.

Ao mesmo tempo, a manobra de Sánchez quer aproveitar a oportunidade para se desvencilhar dos sócios de governo e neutralizar a Sumar [formação surgida do Podemos e encabeçada pela vice-presidente Yolanda Díaz], depois do revés geral do Podemos em todos os territórios. O neo-reformismo, nas suas diferentes variantes, ficou muito mal visto depois dos resultados das eleições regionais, a que se soma a situação de pressa em que podem se colocar as formações, que agora devem fechar candidaturas em duas semanas.

O plano, claro, não é isento de riscos para o próprio PSOE, que pode arrastar para as próximas eleições os péssimos resultados de ontem e que são fruto de uma crise que abalou o quadro político, apagou do mapa o partido de direita Ciudadanos, deixou o Podemos em uma posição de mero observador e aproximou o PSOE da situação crítica em que se encontrava antes de o Podemos resgatá-lo.

De modo geral, podemos falar em um retorno à situação de alguns anos atrás, destaca Nistal, que conclui "para nós que vimos como nossos direitos e nossas condições de trabalho e econômicas pioraram durante a legislatura do governo ’progressista’, que vimos como subiam os orçamentos militares mais do que nos últimos 40 anos, mas que também sabemos que a direita só quer continuar atacando os trabalhadores, jovens, mulheres, migrantes e setores populares e desmantelar os serviços públicos, deixando as portas abertas para empresários e especuladores, a questão que fica é: como construir uma alternativa independente e de classe para esse impasse de chantagem entre o mal maior e o mal menor?".




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