×

MRT | V Congresso do MRT ocorre com vivos debates entre delegações de diversos estados

Neste final de semana, o Movimento Revolucionário de Trabalhadores, que impulsiona o Esquerda Diário, realiza seu V Congresso. No primeiro dia foi abordada a situação internacional, com a contribuição de delegações internacionalistas das principais organizações da Fração Trotskista. No segundo dia se seguiram os debates nacionais, com uma discussão viva entre as delegadas, delegados e delegades presentes a respeito dos cenários estratégicos do país.

domingo 1º de outubro de 2023 | Edição do dia

No primeiro dia também foram votados como presidentes do congresso Maíra Machado, coordenadora da subsede da Apeoesp em Santo André, e Marcello Pablito, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP. A presidência honorária foi dedicada aos povos indígenas, que travam uma luta histórica pelo seu direito à demarcação de terras e autodeterminação, enfrentando os ataques dos capitalistas do agronegócio e de seus políticos, além das mães das vítimas da polícia racista que lutam por justiça, da classe trabalhadora de cada país que se ergue em luta e particularmente dos EUA, que faz greves e funda sindicatos no coração do imperialismo em meio à crise, e ainda os estudantes da USP em greve, os metroviários, os trabalhadores da CPTM e da Sabesp, que no próximo dia 03 farão uma greve unificada contra as privatizações de Tarcísio. A contribuição internacionalista da FT-QI ficou a cargo de Claudia Cinatti e Elizabeth Yang do PTS, e Lorélia Frejo, do Révolution Permanente.

A mesa de debate internacional foi conduzida por André Barbieri e Vitória Camargo, responsáveis pelos informes de abertura. As principais discussões se seguiram tratando da nova situação de transição, marcada pelo o esgotamento do velho ciclo neoliberal e a “globalização securitária” que deriva da divisão do mundo em blocos rivais, a Guerra da Ucrânia como questionamento aberto à velha ordem unipolar frutos da lenta decadência hegemônica dos Estados Unidos, e as ilusões da “multipolaridade capitalista benigna” capitaneada pelo selvagem Estado burguês chinês. Do ponto de vista subjetivo, o fim de ciclo da hipótese neorreformista, com a catástrofe do Syriza e do Podemos (e a necessidade de superar essas mediações em luta político-estratégica) e as possibilidades de emergência do trotskismo foram debatidos à luz das possibilidades de avanço da Fração Trotskista pela Quarta Internacional (FT-QI), tomando os exemplos do Révolution Permanente na França e, em especial, do PTS na Argentina.

O segundo dia contou com informes de abertura do Iuri Tonelo e Danilo Paris, tratando sobre a situação nacional, marcada por uma situação de estabilidade conjuntural permeada por elementos instabilidade estrutural ligadas às contradições mais profundas do país, que a política de conciliação do governo Lula-Alckmin não tem capacidade de responder. O congresso elaborou o conceito de lulismo senil em um regime degradado para expressar que este terceiro governo de Lula não tem a mesma margem econômica e o mesmo cenário político para realizar concessões parciais, assim como também se dá em um regime político ainda mais degradado desde o golpe, com o bonapartismo judiciário cumprindo um papel importante de avanço autoritario no país, assim como também com destaque aos militares, mesmo no contexto de maior isolamento da extrema direita desde o 8J. Na conjuntura há uma atuação pactuada entre executivo e judiciário, que buscam também incluir setores dos militares, com o objetivo de manter a estabilidade do país e relegitimar o regime político.

Houve também uma viva discussão que abordou as hipóteses de continuidade de um processo de recomposição subjetiva da classe trabalhadora e de desenvolvimento da experiência de massas com o governo e da luta de classes. As primeiras expressões disso se deram em greves econômicas e agora também se expressam na nos estudantes em greve da USP. Foi colocado como hipótese sobre esse processo de luta estudantil se desenvolver no próximo período também em outras universidades diante da profunda precarização enfrentada nessas instituições de ensino, como Unicamp, UFMG, UFF, UERJ, UFPE, UFRGS, UFRN, UFABC e UNB. Estudantes de diversos cursos da USP, que estão inseridos no processo de luta intervieram colocando importantes reflexões diretamente do calor do conflito.

Também foi abordada a declaração de guerra do governador de São Paulo contra a classe trabalhadora, com o anúncio das privatizações do Metrô, Sabesp e CPMT e a votação de greve unificada no próximo dia 03. Intervieram no debate trabalhadores do metrô, professores da rede pública municipal de São Paulo e estadual, com destaque à Subsede da Apeoesp Santo André que constrói pela base uma exigência a que a direção da Apeoesp se some a essa luta.

Foi levantado pelos delegados sobre a importância do Esquerda Diário como uma voz dos oprimidos e explorados, que deu voz a setores em luta, como na greve dos rodoviários de Porto Alegre, com relatos impactantes de um delegado oriundo desta categoria, assim como na luta da enfermagem no último período. Foi destacado também o papel do Esquerda Diário e suas redes como uma ferramenta para denunciar a violência policial do Estado burguês que se expressou nos últimos meses com as chacinas nos estados de governadores bolsonaristas, mas que também tiveram apoio do governo federal com a aliança entre Flávio Dino e Cláudio Castro. Sobre esse tema, deve destaque o ato realizado no Rio de Janeiro junto aos movimentos de mães e familiares dos assassinados pela violência estatal em luta por justiça. Além disso, o jornal foi reivindicado como uma poderosa ferramenta política que busca lançar na realidade uma perspectiva independência de classe e de combate ao governo de conciliação de classes, que abre espaço para a extrema direita, assim como a todas as instituições do Estado e na luta pela construção de um partido revolucionário que faça diferença na luta de classes.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias