×

Segundo dia do I Seminário de Negros e Negras da USP

segunda-feira 22 de junho de 2015 | 01:00

O segundo dia do I Seminário de Negros e Negras da USP teve início com a mesa de conjuntura nacional e internacional, composta por Maria José (Núcleo de consciência negra da USP), Tati Ribeiro (Juntos Negros e Negras), Wilson Honório (Quilombo Raça e Classe), Laura Daltro (Quilombo Raça e Classe), Diogo (Juntos Negros Negras), Marcelo Pablito (Sintusp) e Ricardo (USIH –União social dos imigrantes haitianos).

A mesa expressou a conjuntura nacional frente aos ataques que a juventude negra vem sofrendo. Na USP a questão toma um simbolismo ainda maior, pois de um lado do portão principal que dá acesso à universidade está a Fuvest e de outro está a academia de polícia.

Na questão internacional, Marcello "Pablito" lembrou da luta dos trabalhadores negros de Detroit, Dodge Revolutionary Union Movement (DRUM), e da luta que segue em Baltimore contra os assassinatos de negros pela polícia. Ricardo Bonete, lembrou dos 11 anos da presença de tropas brasileiras e da ONU, a MINUSTAH, no Haiti e a luta do povo haitiano contra o imperialismo norte americano e brasileiro.

Nos painéis destacaram-se a discussão sobre a condição da mulher negra, invisibilisadas socialmente, tendo que lidar com a solidão e com a hipersexualização dos seus corpos.

Odete Cristina, do grupo de mulheres Pão e Rosas colocou: “Vivemos um momento de intenso levante negro, nos EUA e no Brasil, contra a violência policial e do Estado. São as mulheres negras as que mais morrem devido a criminalização do aborto, as que mais sofrem com os ajustes e ataques de Dilma, com a falta de permanência nas universidades e os cortes do Prouni, Fies e Pronatec. A terceirização tem rosto de mulher negra. Nosso direito a maternidade e a vida são negadas cotidianamente. A redução da maioridade penal é um meio do Estado legalizar a negação dos nossos direitos. Com base nisso discutimos o espírito guerreiro da mulher negra, que cotidianamente luta pelo seu direito a vida e como é fundamental que esse seminário sirva para armar a luta das mulheres negras, que cada pessoa aqui possa sair para organizar mais e mais mulheres contra esse sistema fundado sobre as bases do racismo e do machismo. Com a força das nossas grandes guerreiras: Dandara vive, Dandara viverá. Mulheres negras não parem de lutar."

No painel sobre Religiões Afro foi lembrado o caso da menina apedrejada no Rio de Janeiro e como as religiões de matrizes africanas são sistematicamente perseguidas pelo Estado, pela polícia e também por outras religiões.

O Painel sobre a violência policial, discutiu como a polícia, nas periferias, aborda os moradores negros e decorrente dessas abordagens resultam as mortes de muitos, pois é uma abordagem preparada para o extermínio, e a atuação das UPPs nas comunidades cariocas. Jenifer Tristan, da Juventude às Ruas, colocou que é preciso defender o fim da polícia, pois defender somente sua desmilitarização não dá conta do fim da política de encarceiramento da juventude negra."O Estado não fornece educação, moradia, transporte, mas quer fornecer mais prisões. Somente os trabalhadores organizados podem responder às opressões que sofrem negros e negras, as mulheres, os LGBTs."

Finalizando o dia, a mesa sobre Educação Pública e População Negra contou com a presença com Maurício Costa (Rede Emancipa), Janaina Oliveira (Anel), Douglas Belchior (Uneafro), Andreza Delgado (Ocupação Preta) e Paula (diretora de escola).

Jaciara Santos, trabalhadora terceirizada, lembrou a importância de, num espaço com o do seminário, buscar unidade com a classe trabalhadora, pois são os trabalhadores terceirizados a grande maioria dos negros na USP. E só através da unidade com a classe trabalhadora é que será possível impor à reitoria a demanda por cotas raciais.

Jenifer Tristan ressaltou a importância das cotas raciais proporcionais para expor a contradição existente na sociedade em relação ao número de negros que existe na sociedade em comparação ao que existe na universidade, rumo ao fim do vestibular e a estatização das universidades privadas. Lembrou também da necessidade de lutar para que se ensine e estude a literatura e história do povo negro nas universidades e nas escolas.

Por fim, um grande chamado foi feito a juventude e aos coletivos que compuseram o seminário: a construção de um grande ato, no dia 25 de junho, contra a redução da maioridade penal.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias