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Contra o massacre na Palestina | Que as grandes centrais sindicais organizem a luta pela ruptura das relações entre Brasil e Israel!

Já ultrapassa 7 mil o número de pessoas mortas pelo massacre sangrento promovido pelo genocida Estado israelense na Faixa de Gaza. Pouco mais de duas semanas após o ataque do Hamas contra alvos israelenses, a resposta do apartheid sionista tem sido um “castigo coletivo” contra a população civil de Gaza, recheado de crimes contra a humanidade, que aproveitou o pretexto da “luta contra o Hamas” para avançar em intensidade redobrada sua campanha de extermínio contra o povo palestino. A luta contra a matança israelense e a opressão aos palestinos é e deve ser uma luta de toda a classe trabalhadora! Porém, até agora, as grandes centrais sindicais, como CUT e CTB, que poderiam alcançar e organizar os grandes batalhões de nossa classe, se limitam a assistir passivamente a esse crime histórico, desligando os trabalhadores dos acontecimentos e dando cobertura à atuação do governo Lula, conivente com o massacre. É preciso que nossa classe entre em cena, exigindo que o Governo Lula rompa todas as relações diplomáticas, comerciais e técnico-militares que hoje mantém!

sexta-feira 27 de outubro de 2023 | Edição do dia

A ofensiva genocida empreendida pelo Estado israelense em Gaza desde o último dia 07/10 já acumula atrocidades suficientes para marcar o evento como uma das grandes tragédias imperialistas da história moderna. São mais de 2 milhões de seres humanos enclausurados em um enclave cercado por terra, mar e ar pelas forças de ocupação de um Estado cujos representantes falam desinibidamente em extermínio da população nativa, referindo-se a eles como “animais” e saudando a destruição de escolas e hospitais. O bloqueio quase completo à entrada de ajuda humanitária se soma ao corte de eletricidade, água potável, alimentos e combustível para soletrar uma tragédia, que se espalha enquanto bombardeios mortíferos destroem torres residenciais, shoppings, mesquitas, igrejas (inclusive, a terceiria igreja mais antiga do mundo, a igreja cristã de São Porfírio, datada de 425 na nossa era), e, há uma semana, o Hospital al-Ahli Arab, em um crime de guerra que tirou as vidas de 471 pessoas, incluindo vários feridos de outros bombardeios e famílias que buscavam refúgio. Às bombas de fabricação americana se somam munições de fósforo branco, uma arma química banida internacionalmente desde 1980. O agente incendiário, similar ao napalm usado pelo imperialismo americano na Guerra do Vietnam, é conhecido por grudar na pele, podendo queimar uma pessoa viva até o osso. Com as noites mais letais desde o início do ataque, essa semana tem visto um incremento no número de mortes que fez ultrapassar rapidamente as 7 mil vítimas, dos quais quase metade são crianças. Entre terça e quarta, segundo o ministério da Saúde palestino, mais de 700 palestinos foram assassinados.

Esses crimes não são de hoje. A atual campanha israelense é uma continuação do que foram os últimos 75 anos de opressão do povo palestino pelo colonialismo israelense, amparado e armado pelas potências imperialistas mais poderosas do planeta, que a cada atrocidade cometida pelas forças armadas sionistas, fazem questão de reafirmar seu apoio incondicional ao “direito de Israel de existir e se defender”, um eufemismo para a limpeza étnica que conduz na Palestina.

Enquanto tudo isso se desenrola, e a tragédia humanitária se multiplica estratosfericamente dia após dia, os governos burgueses mundo afora seguem absolutamente complacentes. Lula fala em “corredor humanitário” e chama por um cessar fogo “dos dois lados”, sem atribuir ao Estado de Israel a responsabilidade direta pelos crimes de lesa-humanidade, que já mataram mais de 2500 crianças. . Não só isso, enquanto o Brasil faz cena de se compadecer com as mortes em Gaza, segue comprando armas do Estado israelense e mantendo parcerias militares com o apartheid. Os caveirões que matam crianças de uniforme escolar nas favelas brasileiras são produto israelense e as polícias brasileiras, racistas e bolsonaristas, ostentam orgulhosas as armas israelenses que usam para matar trabalhadores negros, as mesmas que a Tsahal usa para fuzilar fazendeiros palestinos quando abre espaço para o roubo de terras por colonos extremistas na Cisjordânia. Tudo isso, claro, redunda em dinheiro brasileiro mandado pelo governo para os cofres israelenses, usado para financiar seu genocídio.

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Contra esse cenário absurdo, o caminho a seguir é claro: devemos lutar pela imediata ruptura de todas as relações diplomáticas, comerciais e sobretudo técnico-militares do governo brasileiro com o Estado israelense! Isso, é claro, não virá nunca por qualquer súbito surto de solidariedade internacional do governo Lula. Pelo contrário, no Brasil e em todo o mundo, deve ser uma tarefa da classe trabalhadora lutar em defesa do povo palestino, começando por atacar o apoio que seus próprios países dão ao regime! A classe trabalhadora organizada pode e deve cruzar seus braços em solidariedade com a Palestina e cerrar fronteiras em defesa desse povo oprimido e seu direito de autodeterminação, como fizeram dezenas de milhares de pessoas em aros massivos em Nova York, Londres, Paris, Madri e em todo o mundo árabe.

Na última semana, sindicatos, centrais sindicais e movimentos sociais palestinos lançaram um apelo aos trabalhadores de todo o mundo para que se unissem à luta para romper a cumplicidade de seus governos e parassem o armamento ao Estado israelense. É um chamado potente, que aponta na direção de como apenas a classe trabalahdora, em sua solidariedade internacional, pode derrotar essa tragédia anunciada apoiada pelo imperialismo. E já começa a ser atendido! Na Itália, trabalhadores da logistica, organizados na Intersindical SiCobas, responderam ao chamado internacionalista e afirmam que: “Apoiamos seu apelo para boicotar a entrega de armas a Israel, que seriam usadas contra o povo palestino”. Em outro continente, o Conselho Central de Sindicatos de toda Índia, com mais de 600 mil filiados também atendeu ao chamado, declarando em nota que “extendemos nosso total apoio ao chamado de sindicatos palestinos a todos os trabalhadores do mundo e seus sindicatos e se unirem e boicotarem a fabricação ou envio de armas e equipamento militar destinado a Israel e sua guerra brutal”. São centenas de milhares de trabajadores que, em meio à grotesca campanha do governo de seu país de ataque aos palestinos e defesa do banho de sangue israelense, ocupam as ruas em fortes mobilizações contra o massacre e por uma Palestina Livre, fazendo tremer o governo reacionário de Narendra Modi, aliado de Israel e do imperialismo norteamericano e europeu. Na mesma India, a Maryan Apparel Pvt Limited, em Kerala, fábrica que produz uniformes para o exercito israelense anunciou que não aceitará mais pedidos até que cesse o massacre. No Canadá, a Canadian Union of Public Employees, o maior sindicado do Canadá, com 75 mil membros, aprovou uma resolução em solidariedade com a Palestina e exigindo que seu governo “acabe com sua venda de armas para Israel.

E no coração do imperialismo norte-americano, igualmente a classe trabalhadora toma partido pelos oprimidos. Nos EUA, o sindicato dos trabalhadores do Starbucks, recém formado na contracorrente de uma enorme campanha antissindical conduzida pela multinacional bilionária, que segue se negando a negociar com os representantes dos trabalhadores, manifestou sua completa solidariedade ao povo palestino e seu direito à autodeterminação, e inclusive sofre perseguição patronal por isso. Também, a United Electric, que representa 35 mil trabalhadores do setor elétrico americano se posicionou, aprovando uma resolução pelo fim de toda ajuda militar americana a Israel.

O que faz uma falta gritante, em meio a tudo isso, são as grandes centrais sindicais brasileiras. A CUT, dirigida pelo PT e a CTB, dirigida pelo PCdoB, ambas publicaram notas, essencialmente protocolares, diante da tragédia humanitária em curso. Ambos, ainda, terminam suas notas apelando à rotundamente fracassada “solução dos dois Estados”, jogando confiança nas ilusões semeadas pela ONU, de abafar o sofrimento do povo palestino, esmagado por um Estado artificial jogado sobre suas cabeças, com uma diplomacia tão utópica quanto condescendente. Em seu texto, a CUT chega a afirmar que “desde a sua fundação há 40 anos, sempre foi solidária à luta do povo palestino”. Essa suposta “solidariedade”, no entanto, é traída pela prática.

A luta em defesa do povo palestino, pelo fim imediato à agressão do colonialismo sionista e por uma Palestina livre pode e deve ser uma luta da classe trabalhadora de todo o mundo, inclusive brasileira. Frente aos acordos de cooperação entre Brasil e Israel, que o governo Lula, para toda sua “consternação” com as notícias dos crimes de lesa humanidade cometidos por seus parceiros comerciais, não tem nenhuma intensão de revisar, deve ser tarefa dos trabalhadores organizados tomar as ruas pela ruptura imediata de todas as relações entre o Brasil e o Estado israelense. Frente à campanha grotesca da mídia burguesa e da extrema direita, de ódio racista e desumanização do povo palestino e apologia à limpeza etnica israelense, cabe às organizações operárias ajudarem os trabalhadores a romperem com as falsificações pró-sionistas, que servem sobretudo aos interesses do imperialismo, e embarcarem na solidariedade internacionalista efetiva com a causa palestina! Essa grande tarefa deveria ser organizada pelas grandes centrais sindicais, chegando às grandes camadas da classe trabalhadora, e alcançando locais de trabalho de norte a sul do país.

Às direções dessas centrais, as burocracias do PT e PCdoB, isso claramente não interessa. Estão mais que contentes em cobrir a política do governo brasileiro de “paz” em meio ao banho de sangue, enquanto seguem a rotina sindical, separando os trabalhadores desses debates fundamentais.

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Não haverá solução para os crimes israelenses contra o povo palestino, em Gaza e no conjunto dos territórios ocupados, que não passe pela luta internacional dos trabalhadores. Não será pelas notas conciliatórias da ONU, pelos malabarismos diplomáticos de Lula, ou mesmo por golpes de efeito de governos burgueses como o de Petro, na Colômbia, que será posto um fim à matança. É urgente que as organizações dos trabalhadores tomem para si, de forma consequente, o chamado dos trabalhadores palestinos a boicotar o apartheid israelense desde cada linhas de produção que o abastece mundo afora! Será, igualmente, a luta dos trabalhadores o que poderá verdadeiramente tornar uma realidade consignas como a da ruptura das relações com Israel. É urgente que as grandes centrais sindicais tomem esse curso!

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