terça-feira 30 de março de 2021 | Edição do dia
“Aqui onde eu trabalho as pessoas que estão sentindo sintomas são afastadas silenciosamente, sem informar ninguém. Quando o exame diz que não ta com vírus, mesmo assim a gente ganha 14 dias de atestado, mas a enfermeira recebe ordem dos chefes e imediatamente ela liga no momento assim que você recebe o resultado do exame e você tem que voltar pra trabalhar no mesmo dia mesmo se tiver tossindo doente, com sintomas e passando mal”.
Essa é a realidade de muitos trabalhadores do Porto de Suape em Pernambuco. São forçados a trabalharem doentes, mesmo com atestado. Independente de qual seja a origem da doença, estando doente e tendo o atestado fornecido por profissionais da saúde, é direito do trabalhador o repouso. Este direito básico está sendo negado. A prática absurda orientada pela chefia de coagir o trabalhador a retornar ao trabalho configura assédio moral.
O relato contínua:
“Eu já presenciei colegas que ainda estavam se sentindo mal, com sintomas, e a empresa mandou mesmo ele vim trabalhar no mesmo dia, pra eles o importante é a economia não parar, tem que voltar ao trabalho, mesmo estando de atestado, não cumprem o atestado de 14 dias, não cumpre, tem que voltar no mesmo dia. O pai de um colega do outro turno faleceu semana passada de covid e esse colega da gente tá internado na entubação”.
É amplamente sabido que todos os testes disponíveis têm chances consideráveis de falharem e dar falso negativo. Por isso os médicos corretamente prescrevem as quarentenas de 14 dias, garantindo preventivamente o isolamento de quem possui os sintomas. Sem falar que estando doente, com o corpo e a imunidade debilitada, aumenta gravemente a chance de contrair a covid-19 de outras pessoas.
Sobre o sindicato ele afirma:
“E aqui o sindicato não deu as caras durante a pandemia, o sindicato é só fachada. A gente sabe que é um sindicato vendido. Não fazem nada. A gente tá entregue a sorte. A gente tenta conscientizar o pessoal, mas muitos ai com o medo de perder o emprego vivem matando e morrendo pelo patrão. Infelizmente. A situação está muito complicada”.
Como em muitos lugares o sindicato desses portuários está de costas para os trabalhadores, mesmo nessa situação calamitosa, estão em trégua e do lado da patronal. Paulo Câmara aplica a quarentena restritiva, mas embaixo do tapete deixa que as massas de trabalhadores sigam se contaminando, pois para esses políticos e os capitalistas a vida deles não importa, tudo que importa é o lucro.
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